O transtorno afetivo bipolar é um distúrbio psiquiátrico complexo. Sua característica mais marcante é a alternância, às vezes súbita, de episódios de depressão com os de euforia (mania e hipomania) e de períodos assintomáticos entre eles. As crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração.
As flutuações de humor têm reflexos negativos sobre o comportamento e atitudes das pessoas, e a reação que provocam é sempre desproporcional aos fatos que serviram de gatilho ou, até mesmo, independem deles. Em geral, essa perturbação do humor se manifesta tanto nos homens quanto nas mulheres, entre os 15 e os 25 anos, mas pode afetar também as crianças e pessoas mais velhas.
No transtorno bipolar tipo I, os períodos de mania duram, no mínimo, sete dias, e as fases de humor deprimido se estendem de duas semanas a vários meses. Os sintomas são intensos e provocam profundas mudanças comportamentais que podem comprometer os relacionamentos familiares, afetivos e sociais, bem como o desempenho escolar e profissional, a posição econômica e a segurança do paciente e das pessoas que com ele convivem. Já no Tipo II há uma alternância entre os episódios de depressão e os de hipomania (estado mais leve de euforia, excitação, otimismo e, às vezes, de agressividade), sem prejuízo maior para o comportamento e as atividades da pessoa.
Existe o tipo não especificado ou misto, em que os sintomas são insuficientes para classificar a doença em um dos dois tipos anteriores, mas fazem pensar no transtorno afetivo bipolar. Por fim, há o tipo ciclotímico, que é um transtorno bipolar mais leve. Ele apresenta oscilações de humor que podem ocorrer até no mesmo dia. É característico de um tipo de temperamento instável e irresponsável.
As causas não são bem conhecidas, mas o fator genético, certas alterações do cérebro e alterações nos níveis de neurotransmissores estão envolvidos. O diagnóstico é feito pela história e pelos relatos do próprio paciente. Pode ser muito difícil e até demorado, pois seus sinais se confundem com os da esquizofrenia, da depressão, da síndrome do pânico e da própria ansiedade, e às vezes há uma mistura de tudo isso.
O tratamento controla e melhora a qualidade de vida, mas não cura a doença. Inclui medicamentos, psicoterapia, mudança de estilo de vida (abandono do uso de cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo) e o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono, com redução dos níveis de estresse. O tratamento é a melhor forma de prevenir a instabilidade emocional e a recorrência das crises, o que assegura a possibilidade de levar uma vida praticamente normal.