“Quando estava chegando, minha tia disse: Estamos em cima de Foz do Iguaçu! Eu olhei para baixo e fiquei procurando, mas, não vi nada, pelo menos, nada mais que mato”.

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Essa foi à primeira impressão de Francisco Ferreira Mota sobre Foz do Iguaçu, quanto à primeira vontade, foi: voltar para sua cidade de origem, Igreja Nova em Alagoas. No dia 3 de novembro de 1948 ainda não imaginava o percurso que sua vida tomaria.

“Aqui não existia um cm de asfalto, era tudo terra, muita terra, não estava acostumado com isso”.

Fundador do sindicato dos taxistas e precursor da doutrina espírita da região
Mota no Exército de Foz do Iguaçu, na década de 50/ Arquivo 100fronteiras.

No decorrer de sua jornada no município, ocupou inúmeros cargos desde sua chegada. A principio, veio por uma oferta de trabalho, na confecção de Idalino Favassa, e em 1949 ingressou no serviço militar, no 1° Batalhão de Fronteira.

“Eu fui muito bem acolhido, pelas pessoas que vivem e viviam aqui, todos me abraçaram, me mostraram a importância da minha voz, da atitude, e quando vi que era aqui que queria ficar, trouxe a minha família, minha mãe”.

Fundador do sindicato dos taxistas e precursor da doutrina espírita da região
Francisco participou do Coral Iguaçu na década de 60/ Arquivo 100fronteiras.

A voz de Mota levou emoção a inúmeras autoridades. Trabalhou como orador do Flamengo Esporte Clube, por mais de 20 anos. Foi seresteiro e participou do Coral Iguaçu, na década de 60, como tenor.

“Todas as oportunidades que tive, fui orador, pessoas me acolhiam e me abraçaram, após declamar algum poema. Hoje o sangue que corre em minhas veias é de um poeta, que jamais deixará de existir”.

Francisco foi fundador do Grêmio Olavo Bilac, hoje, Gresfi e também, antes de virar taxista chegou a puxar areia para a construção da Ponte da Amizade. Em 1958 começou a trabalhar com táxi.

Fundou com alguns companheiros a Associação Beneficente dos Motoristas Profissionais de Foz do Iguaçu, quando havia apenas 15 táxis no município. Já em 1976 foi criada a Associação de Condutores Autônomos de Foz do Iguaçu, transformada em sindicato em 1978.

Como sindicalista Mota atuou na defesa de motoristas de caminhões e táxis e por 28 anos este à frente da categoria.

Entre as conquistas de Mota, está à isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

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“Quando solicitei a isenção fui atendido pelo então presidente, João Batista Figueiredo, o presidente também havia determinado aos governadores a dispensa do ICMS, e determinou à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil que os juros para financiamentos dos novos veículos fossem de 1% ao mês”.

explicou Francisco, sentindo orgulho desta conquista.
Fundador do sindicato dos taxistas e precursor da doutrina espírita da região
Francisco recebendo do presidente João Figueiredo a Carta Sindical, para o Sindicato dos Taxistas na década de 70/ Arquivo 100fronteiras.

Mota defendeu a categoria dos taxistas en todos os momentos principalmente nos difíceis.

“Após assaltos, muitos profissionais eram assassinados, quando o corpo não era encontrado, eu trabalhava incansavelmente, até encontrarmos, para que a família tivesse a oportunidade de conceder um funeral digno aos meus colegas. Quando o carro era roubado, também trabalhava na recuperação dos automóveis”.

Integrando o Comité de Fronteira, Mota atuou na Delegação Brasileira, procurando solucionar problemas não só de caminhoneiros e taxistas, mas também de qualquer brasileiro que tivesse alguma pendência e que precisasse auxilio junto às autoridades paraguaias.

Se tratando do espiritismo, Mota encontrou muitas dificuldades em sua vida religiosa.

“O espiritismo era proibido, muitas pessoas julgavam antes de conhecer”.

Mesmo com dificuldades, acompanhado do tio, José Vicente Ferreira, lutaram pelo reconhecimento da religião.

“Nós fundamos a primeira escola espírita, a escola Coronel Jorge Shimmelpeng. O método de ensino era de acordo com o que o governo exigia, ou seja, o mesmo de outras escolas”.

Os inúmeros feitos pelo município foram considerados de suma importância. Desta forma, a Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu prestou a homenagem a Francisco Mota, através do Titulo de Cidadão Honorário, no dia 16 de abril de 2010.

Matéria publicada originalmente na edição de julho de 2011 da Revista 100fronteiras. 
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