É fim de semana, você gosta de passear com sua família. Tem uma praça perto de casa, você leva uma toalha para sentar na grama debaixo de uma das muitas árvores que existem ali. Neste momento, percebo a importância vital desses espaços em nossas cidades, um sentimento que Dantas Duarte, um experiente geógrafo e ativista ambiental, compartilha profundamente.

Na última semana, tivemos o prazer de conversar com Dantas para falar sobre a Praça das Aroeiras e levantar questões críticas relacionadas à preservação ambiental e ao planejamento urbano.

Se você está atento às polêmicas da cidade, sabe que a Praça das Aroeiras vem dando o que falar. Localizada na Vila Yolanda, por anos serviu como um refúgio para os moradores, e agora deverá dar lugar a construção da Escola Municipal Professora Lúcia Marlene Pena Nieradka.

O problema é que esse debate gira em torno de um paradoxo: a necessidade de preservar um dos últimos espaços verdes públicos e acessíveis para o deleite da população na região sul da cidade versus a necessidade de realocar uma escola municipal que atualmente possui uma situação estrutural precária.

A realocação da Escola Municipal Professora Lúcia Marlene Pena Nieradka é uma petição legítima da sociedade, principalmente dos próprios professores e alunos que fazem uso do espaço escolar. Por outro lado, existe a Praça das Aroeiras. A Prefeitura tem dito que a área é uma reserva técnica, mas existe uma documentação que comprova que a escritura caracteriza esse espaço como praça. A Praça já tem árvores frondosas como Pau Brasil, Araucárias e as próprias Aroeiras, além de muitas outras plantas e biodiversidade, como pássaros e insetos.

Foz do Iguaçu e o futuro sustentável: reflexões e desafios
Praça das Aroeiras. Foto: Dantas Duarte.

Duarte nos lembra que “cada árvore desempenha um papel significativo no equilíbrio do meio ambiente”, uma lição particularmente importante quando pensamos em desmatamento urbano. Devido à segurança ou ao desenvolvimento, às vezes pode ser necessário remover árvores. No entanto, Duarte insiste na aplicação de um “princípio de compensação” essencial. “A compensação através do plantio de novas árvores é essencial”, diz ele, “para minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente”. Isso destaca a urgência de equilibrar a necessidade de desenvolvimento urbano com a preservação do meio ambiente.

Contudo, o desafio de proteger esses espaços não pode ser enfrentado apenas por ativistas e defensores do meio ambiente; necessita de uma forte intervenção política.

Um Plano Diretor robusto e abrangente, que inclua medidas de proteção ambiental, é essencial para o desenvolvimento urbano sustentável

E para garantir a implementação eficaz desses planos, a participação da comunidade é necessária. O envolvimento da comunidade na gestão ambiental pode ser facilitado por conselhos municipais de meio ambiente, uma importante estratégia de engajamento.

Praça das Aroeiras em Foz

A proteção do meio ambiente é um esforço multifacetado que vai além de políticas e planos. Duarte enfatiza que deve ser um esforço coletivo, pois a prefeitura e a comunidade são fundamentais para promover a consciência ambiental.

A educação desempenha um papel central. A educação ambiental, seja nas escolas ou na comunidade, deve ser prática e participativa, estimulando a consciência e o respeito pela natureza

No final das contas, a chave para uma cidade verde e sustentável reside no planejamento urbano eficiente. “As cidades que planejam para o futuro são as que priorizam a preservação de suas áreas verdes e reconhecem a importância da natureza em meio ao concreto”, conclui Duarte.

Por que isso importa? Porque vivemos em um momento crucial da história humana, onde cada decisão tomada pode impactar significativamente o futuro do nosso planeta. Estamos num ponto de inflexão onde a escolha entre preservar o verde e incentivar a urbanização precisa ser feita com prudência e consideração pelo impacto ambiental.