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O aeroporto e o Gresfi: duas histórias no mesmo lugar
Localizado praticamente no centro de Foz do Iguaçu, o prédio do Grêmio Esportivo e Social de Foz do Iguaçu (Gresfi) é um lugar único. É um dos poucos bem preservados e abertos ao público. No mesmo prédio há dois lugares de memória distintos. A memória do Aeroporto do Parque Nacional do Iguassú e a memória do próprio clube Gresfi
Desde 2020, a história do aeroporto e do clube tem sido contada aos visitantes por meio de um projeto de extensão da Unila, em parceria com o Gresfi. Intitulada Espaço de Memória do Gresfi, a iniciativa tem também a colaboração do Museu Paranaense (Curitiba) e a coordenação do museólogo Pedro Louvain (Unila) e do atual presidente do clube, Claudinei Marcos da Costa.
Memória do Gresfi | Visita gratuita | Sábados, às 14h e às 16h | Agendamento: 99125-3592
Além da visitação, os proponentes do projeto pretendem tombar o prédio como patrimônio histórico. De acordo com Pedro Louvain, “é necessário reconhecer oficialmente o valor histórico e cultural do tradicional Clube do Gresfi e do Aeroporto do Parque Nacional do Iguassú enquanto portadores extraordinários da identidade iguaçuense e paranaense”.
O campo de aviação
Antes de tornar-se aeroporto, o local também serviu como campo de aviação desde 1935. O lugar ficou mais conectado à vida social da pequena cidade de Foz do Iguaçu. Tanto que um ano depois ocorreu a Festa da Asa (asa é uma referência à asa de avião).
O então delegado regional Miguel Blasi sugeriu que fosse realizada uma festa para homenagear os aviadores que ajudaram a conectar Foz do Iguaçu com Curitiba e Rio de Janeiro. E o então prefeito Jorge Sanwais concordou.
No final de outubro de 1936, cerca de dez aeronaves partiram de Curitiba e Rio de Janeiro rumo a Foz do Iguaçu. Os aviadores foram recebidos com festa e comida. Dezenas de voluntários trabalharam na organização daquele que foi, talvez, o maior evento social dos anos 1930.
Otillia Schimmelpfeng, então professora do Grupo Escolar Bartolomeu Mitre, foi uma das madrinhas do evento. Sua missão foi colocar uma medalha em um dos aviadores com os dizeres: “Homenagem aos Aviadores do 5º REG. AV. Heróis anônimos do progresso de Foz do Iguaçu. A sua população agradecida”.
“E aquele Campo tornou-se o cenário de um novo espetáculo, inédito aos olhos de todos, onde figurava uma esquadrilha de aviões em revoada pelo céu sereno de Foz do Iguaçu!” – Otillia Schimmelpfeng, no livro Retrospectos Iguaçuenses
O Aeroporto do Parque Nacional
Em 1939, o então presidente Getúlio Vargas assinou um decreto que criou o Parque Nacional do Iguaçu (PNI). Mais do que preservar uma área de mata em torno das cataratas, o parque surgiu com a proposta de tornar-se, nas palavras de Angelo Murgel, “um centro de turismo internacional”.
Murgel foi o arquiteto encarregado dos projetos dos três primeiros parques nacionais do Brasil. O projeto do Parque Nacional do Iguaçu foi o único que contou com um aeroporto, inaugurado em 1941.
Pouco antes da inauguração, desde 1938, a companhia aérea Panair do Brasil passou a ter um voo regular passando por Foz do Iguaçu. Até 1965, quando encerrou suas atividades, a companhia explorou várias rotas que passavam pela cidade. As principais incluíam Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande e Assunção (Paraguai).
Em aviões comerciais ou oficiais, o Aeroporto do Parque Nacional recebeu diversos presidentes da República. Desembarcaram nele Getúlio Vargas (1944), Café Filho (data incerta, mas entre 1951 e 1954), Juscelino Kubitschek (1956) e Castelo Branco (1965).
Uma das imagens históricas mais simbólicas para a memória do aeroporto e da região registrou o encontro da comitiva brasileira e paraguaia em 1956. A fotografia mostra 11 aeronaves estacionadas no pátio, as comitivas presidenciais e uma banda marcial.
O aeroporto deixou de ser utilizado em 1970 com a inauguração da nova estrutura do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas (ironicamente mais próximo do Parque Nacional). Felizmente que se decidiu construí-lo em outro lugar, pois não implicou a demolição da estrutura de Murgel. Pelo contrário, o aeroporto se transformou no Clube Gresfi.
O Clube Gresfi
Não foi só o aeroporto que mudou nos anos 1970. Praticamente tudo na região mudou. Desde a relação entre os países (a rivalidade Brasil-Argentina cedeu espaço para a cooperação Brasil-Paraguai), o acesso terrestre (antes pela Estrada Velha de Guarapuava e depois pela BR-277) até o uso dos espaços sociais.
O Gresfi foi fundado em 15 de novembro de 1967. O clube reuniu três agremiações históricas: o Guairacá Esporte Clube (fundado em 1945), o Grêmio Olavo Bilac (fundado em 1951) e o Caixa Esportiva e Beneficente dos Graduados do 1º Batalhão de Fronteira (fundado em 1965).
A área havia sido cedida ao governo federal e, com a desativação do aeroporto, voltou ao seu antigo proprietário. Em 1972, o Sr. Antônio Ferreira Damião Netto cedeu o imóvel ao Gresfi. O primeiro evento social do clube foi o carnaval daquele ano.
Naquele contexto de início das obras de Itaipu, o antigo aeroporto se transformou em clube. E não foi uma simples mudança. Como o lugar passou de uma referência do transporte aéreo para uma referência social, precisou de adaptações.
Na área externa, a Avenida JK foi construída, e a “curva do Gresfi” é um contorno ao prédio do clube. Na área interna, foram feitas várias adaptações para criar um palco de shows e aumentar a área do restaurante, e realizadas adaptações em portas e janelas.
80 anos do aeroporto e 50 anos do clube
O prédio que abriga o Clube Gresfi é um lugar de memórias distintas (tanto do aeroporto quanto do clube) e que ajuda a compreender o principal processo de mudança histórica pelo qual passou a cidade e a região.
Em 1940, Foz do Iguaçu era um pequeno povoado do interior que passava por uma grave crise econômica. A partir dos anos 1970, a cidade e toda a região, incluindo o lado paraguaio, viveram uma inédita onda de desenvolvimento. Somente de 1940 a 1970, a população saltou de dois mil para mais de cem mil habitantes.
Foto atual do Clube Gresfi. (Foto: Denys Grellmann)
As numerosas pessoas que chegavam a Foz do Iguaçu demandavam novos espaços sociais. O Clube Gresfi foi um desses ambientes. Passado meio século, continua a ser um espaço social, com um valor histórico difícil de mensurar.
Faltou a história antes de ser aeroporto da família que morava lá tinha uma olaria.e também plamtava erva mate só valorizam o que lhes cabe falta total de respeito com os pioneiros
Faltou a história antes de ser aeroporto da família que morava lá tinha uma olaria.e também plamtava erva mate só valorizam o que lhes cabe falta total de respeito com os pioneiros
Olha que história linda que nosso clube tem e fico muito feliz em fazer parte do clube gresf.