Muitas pessoas sentiram na pele os efeitos da Segunda Guerra Mundial e quem não vivenciou esse momento histórico ao menos leu livros, viu filmes ou estudou sobre a Segunda Guerra na escola.

No entanto, apesar da guerra parecer uma realidade distante para os moradores da Tríplice Fronteira, já que ela foi centralizada principalmente na Europa, aqui na nossa região, ela também teve impacto.

É sobre isso que o professor de História das Relações Internacionais e pesquisador na UNILA, Micael Alvino da Silva, fala em seu mais recente livro: A Segunda Guerra Mundial e a Tríplice Fronteira – A vigilância aos “súditos do eixo” alemães e italianos.

“A escolha por pesquisar o tema nazista é porque nossos alunos são adolescentes e tem muitas vezes interesses muito distintos dos nossos. Eu me interessei por estudar nazismo no Brasil desde a graduação e isso tem a ver com uma preocupação pessoal de entender como que uma guerra que aconteceu na Europa, que aparentemente é distante da nossa realidade, teve impacto em nossas vidas”, destaca o autor.

Sobre o livro

O livro A Segunda Guerra Mundial e a Tríplice Fronteira – A vigilância aos “súditos do eixo” alemães e italianos apresenta uma resposta baseada em uma pesquisa histórica que perpassa toda a experiência acadêmica do autor.

De acordo com Micael, quando o Brasil declarou guerra ao Eixo, em janeiro de 1942, intensificou-se o movimento de vigilância aos “súditos do Eixo”, como eram chamados os alemães, italianos e descendentes. Micael então buscou contextualizar esse movimento como algo que ocorreu na Europa, nos Estados Unidos e nas grandes cidades do Brasil, sem perder de vista a dimensão local. A onipresença do nazismo chegou até mesmo a lugares como a então decadente região da Tríplice Fronteira, na qual famílias tiveram que abandonar a região por representarem potencialmente uma ameaça à segurança nacional e continental.

“É um livro de história conectada, porque analisa em que medida um evento global, como a Segunda Guerra, afeta a vida de pessoas comuns. E é muito interessante pensar nessa conexão, porque muitas dessas famílias não tinham acesso à informação naquele momento e não compreendiam o porque de serem obrigadas, por precaução, a saírem da zona de fronteira. Teve alguns dos meus entrevistados que relataram que o pai, o avô, morreu desgostoso pois nunca compreendeu bem esse processo e achou que aquilo que foi feito com ele foi injusto. Na época, em torno de 80 famílias tiveram que sair da fronteira e irem para a região de Guarapuava, que era um lugar ‘mais seguro'”, relata Micael.

Livro A Segunda Guerra Mundial e a Tríplice Fronteira
Capa do livro que está disponível para download gratuito.

Além de apresentar o contexto histórico global, americano e brasileiro, no livro são descritas duas frentes de vigilância aos alemães e italianos locais: a identificação de possíveis subversivos e o afastamento de pessoas da fronteira internacional do Estado do Paraná. No enfrentamento aos subversivos, destacam-se as prisões de Emil Mohrhoff e do padre Manoel Koenner.

O autor destaca que este é um livro sobre eventos internacionais e decisões políticas que impactaram a vida de algumas dezenas de famílias. Nesse sentido, é uma “história conectada” que articula as dimensões local e global. É também uma história de uma região internacional, sobre um período muito diferente do que se tornaria a partir dos anos 1970. É também uma história da Tríplice Fronteira na década de 1940.

“Resumidamente, a resposta para a pergunta central do meu livro é que houve um processo de vigilância e retirada de cidadãos alemães e italianos baseados nos protocolos da época considerando a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial”.

Ficha técnica do livro:

  • Ano de publicação: 2021
  • Autor:  Micael Alvino da Silva
  • Idiomas: Português 
  • Número da edição: 1ª
  • Número de páginas: 140
  • ISBN: 978-65-86342-12-3

Sobre o autor

Micael Alvino da Silva é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa sobre a Tríplice Fronteira (CNPq). Também é colunista na 100fronteiras e mensalmente traz, em conjunto com o Grupo de Pesquisa sobre a Tríplice Fronteira, temas pertinentes à realidade da Tríplice Fronteira, sempre com uma pesquisa refinada e objetiva do assunto.

Ele possui experiência de pesquisa no National Archives (Washington, Estados Unidos), no Arquivo Histórico do Itamaraty (Rio de Janeiro) e no Arquivo Público do Paraná (Curitiba).

Além disso, seus principais temas de pesquisa são os seguintes: História das Relações Internacionais Americanas (1933-1954) e História da Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai).

Micael Alvino - professor e pesquisador da Unila
Micael é colunista da Revista 100fronteiras.

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Formada em Jornalismo na UDC e pós-graduada em Relações Internacionais Contemporâneas na Unila, atualmente é jornalista da 100fronteiras e recentemente conquistou pela 100fronteiras o primeiro lugar no 1º Prêmio Faciap de Jornalismo.

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