A técnica de obras Larissa Redondo Neves, da Divisão de Obras Civis da Diretoria Técnica de Itaipu, trabalha em áreas restritas da usina, lugares que poucos homens conhecem.

Desde agosto de 2011, ela já atuou em diferentes atividades na área, como elaboração de especificações técnicas, projetos, fiscalização de obras, mapeamento de fissuras e, atualmente, inspeção visual da barragem.

A inspeção é voltada para o monitoramento das barragens de concreto, terra e enrocamento. Larissa detalha:

“A atividade de inspeção visual engloba fazer o levantamento e o cadastro do que chamamos de ‘eventos’, que são alguns tipos de anomalia na estrutura (fissuras, eflorescências, percolações, armadura exposta, ruptura de concreto, entre outros) e verificar se há necessidade de intervenções/reparos no local”.

Mensalmente, 34 roteiros são realizados abrangendo quase todos os blocos e galerias da barragem. Há também 22 roteiros semestrais em locais mais específicos e de difícil acesso. Entre estes, estão inspeções embarcadas, as quais, segundo Larissa, são suas preferidas.

Elas requerem um procedimento específico e poucos funcionários têm acesso a esses locais.

Usina de Itaipu
Inspeções embarcadas são uma das atividades preferidas da técnica, Larissa. Foto: Arquivo pessoal.

No universo da Divisão de Obras Civis, as mulheres ainda são minoria: dos quase 50 profissionais, apenas sete são mulheres, representando 14% do total. Apesar disso, a busca pela equidade de gênero é uma das prioridades da atual gestão de Itaipu, alinhada com as diretrizes do governo Lula.

Larissa relembra que, no início, sentiu um olhar de desconfiança por parte dos contratados que fiscalizava. Porém, essa percepção mudou rapidamente: “Eles perceberam que seriam cobrados quanto à qualidade e prazo. Sabiam que o pagamento dependia da aprovação do trabalho”, diz.

Ela sempre esteve em ambientes de maioria masculina, mas nunca viu isso como um impedimento.

Quando escolhi a construção civil, estava preparada para os desafios. Tive o apoio dos meus pais, o que me fortaleceu. Desafios fortalecem a carreira. Sou apaixonada pelo que faço e venho trabalhar feliz todos os dias.

Usina de Itaipu
Larissa sentada no vertedouro – um lugar a que muito poucos têm acesso. — Foto: Arquivo pessoal.

Formação

Larissa Neves é formada em técnica em Edificações, em 1999, pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Federal do Paraná (Cefet-PR). Já em 2004, concluiu o curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Fez especialização em Gerenciamento de Obras, em 2011, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pouco antes de se mudar para Foz. Também concluiu especialização em Marketing (UFPR), em 2007.

Ela não se lembra, ao certo, quando decidiu optar pela área da construção civil, mas se recorda de uma situação da época da infância, quando tinha uns 10 anos de idade, que pode dar algumas pistas sobre a escolha.

“Eu pulava o muro para ver a obra da construção da casa da vizinha. Ver a casa tomando forma, e como tudo era feito, me encantava. Nunca pensei em qualquer outra área de atuação.”

Neves costuma ser bastante didática para explicar a profissão para o filho Noah, de 4 anos de idade.

Eu ensino para ele que a mamãe é ‘construtora’, usa uniforme, botas de segurança e capacete. Quero que seja natural para ele entender que uma mulher pode trabalhar em qualquer área que quiser. Eu já o trouxe aqui na Itaipu para conhecer onde trabalho.

Natural de Curitiba, mudou-se para Foz do Iguaçu em 2011, para trabalhar na Itaipu. Antes de ingressar na usina, tinha atuado na elaboração de um plano diretor numa empresa particular. Foi também controladora de obras na Sanepar e trabalhou com estudo de viabilidade de usinas hidrelétricas da Copel.

Espaço Publicitário