Há cerca de um mês, as instituições de ensino federais UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e IFPR (Instituto Federal do Paraná) estão envolvidas em mobilizações em prol da defesa da educação pública federal e dos direitos dos servidores, bem como pela reivindicação de reajuste de carreira. A possibilidade de uma greve geral a partir de 15 de abril está em discussão entre os representantes sindicais.

Conversamos com Fernanda Pereira, técnica administrativa da UNILA, para entender o contexto e as demandas que motivaram a greve.

Origem da Greve

A greve foi iniciada pelos servidores técnico-administrativos, conhecidos como TAES, devido à falta de reajuste salarial desde 2016, durante o governo Michel Temer. Posteriormente, os docentes também aderiram à greve, reforçando a necessidade de reajustes em suas carreiras.

A carreira dos Técnicos-Administrativos foi criada em 2005, mas ao longo dos anos sua estrutura foi se tornando desatualizada, impossibilitando aumentos salariais devido aos baixos salários iniciais nos concursos públicos federais. Após 19 anos, a categoria sentiu a necessidade de mobilização devido à falta de diálogo e negociações com o governo.

A greve mobilizou cerca de 60 instituições federais desde 11 de março, visa corrigir perdas salariais acumuladas, que chegam a aproximadamente 60% do salário devido aos anos sem reajuste. Além disso, a pandemia agravou a precarização do trabalho e contribuiu para o adoecimento mental dos servidores.

Propostas de Melhoria

Em uma assembleia realizada nesta quinta-feira (25), os servidores técnico-administrativos em educação da UNILA rejeitaram por unanimidade a proposta apresentada pelo Governo Federal no último dia 19. A decisão foi tomada em uma plenária conduzida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais no Paraná (Sinditest), que representa também servidores da UFPR e UTFPR. Com a rejeição, a greve da categoria continua por tempo indeterminado.

A proposta do governo incluía 0% de reajuste para 2024, 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. No entanto, as entidades que representam os TAES calculam que as perdas inflacionárias desde o último reajuste somam 34%.

Fernanda expressou a insatisfação da categoria: “A proposta está muito aquém das perdas salariais dos servidores técnicos nos últimos seis anos. Isso só mostra que a nossa categoria ainda é invisibilizada, desvalorizada e desacreditada, inclusive, pelo Governo Federal”.

A greve dos servidores não é um caso isolado. Em todo o Brasil, servidores de 61 universidades e 520 unidades de institutos federais estão em greve, reivindicando reestruturação de carreira e recomposição salarial. A adesão dos docentes à paralisação, no último dia 15, levou algumas instituições a deliberar pela suspensão do calendário acadêmico.

O Instituto Federal comunicou que irá suspender o calendário em seus 27 campi, incluindo Foz do Iguaçu, a partir de 1° de maio e por tempo indeterminado. Na UFPR, uma reunião do Conselho Universitário está marcada para a próxima terça-feira (30) para deliberar sobre esse tema. Enquanto isso, a UNILA, atualmente em período de recesso acadêmico, iniciará o novo semestre letivo em 14 de maio.

(Com fonte de: Comando de Greve UNILA)