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A vida adulta começou muito cedo para Reem Kamel, que nasceu na Palestina e só tinha 15 anos quando casou. Mas ela, que desde sempre não aceitou seu destino, quis criar o próprio caminho e conquistar seu lugar na sociedade. No entanto, conforme ela destaca, isso não era possível em seu país, então veio com o esposo, que era brasileiro, morar em Foz do Iguaçu, há 33 anos. E foi aqui que ela se encontrou. “Eu amo aqui, é meu novo lar. Aqui eu me sinto acolhida e posso viver em liberdade.” O casamento acabou, mas dessa união nasceram dois filhos: Iris e Ibrahim.

E como Reem sempre foi muito determinada em busca de seus sonhos, ela se reergueu e foi à luta. “Quebrei padrões para poder conquistar meu espaço, estudei, trabalhei e nunca desisti de lutar pelos meus direitos, pelos direitos da mulher.” E foi no esporte que ela encontrou tudo o que precisava para seguir em frente. Tanto que já participou de várias competições nacionais e internacionais. “Conheci o Brasil todo através das corridas. As mais especiais pra mim são as da Meia Maratona das Cataratas, fiz as 11 edições, e também a Corrida de São Silvestre, que fiz sete.”

Em uma das corridas emblemáticas da São Silvestre, ela correu com a bandeira da Palestina na qual estava escrito paz, para simbolizar o desejo de ver o fim da guerra na Faixa de Gaza entre Palestina e Israel, atitude que rendeu matéria em nível nacional no Esporte Espetacular. Também foi a primeira mulher árabe palestina que conduziu a tocha olímpica em Foz, que ela atualmente guarda com carinho como relíquia e deseja levar ao presidente da Palestina para que seja colocada em um museu. Um sonho que ela pretende realizar em breve. Outro grande objetivo de Reem é poder levar os filhos para conhecer seu país de origem e rever a família.

Hoje, aos 53 anos, ela trabalha como secretária e pratica várias atividades físicas que incluem corrida, ciclismo e crossfit. Além disso, tem uma alimentação regrada, algo que para ela é símbolo de saúde. Já nos momentos de lazer gosta de sair com as amigas tomar um café ou então ficar em casa com os filhos, genro e nora, cozinhando para eles. Mas também gosta de pedalar com as amigas, explorando outras cidades e os pontos turísticos de Foz.

No entanto, mesmo longe de sua terra natal, Reem não se desfez das culturas e tradições e sempre participa da comunidade árabe aqui em Foz. E hoje, após tanta luta, ela aprendeu que ninguém faz nada por você, você precisa lutar pelo que quer e se orgulhar da sua história.

 “Me orgulho da minha história, de sair jovem do meu país e chegar em um mundo totalmente novo, lutar por meus direitos e meu espaço na sociedade. Me considero uma vencedora.”

Fotos: Hidalgo Gomes

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