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Foz do Iguaçu tem muitas curiosidades e uma delas é a passagem de Leonel Brizola pela cidade em 1979. No entanto, o motivo de sua vinda não foi uma simples visita à Terra das Cataratas, isso porque ele retornava do exílio político após 15 anos. Quando chegou à cidade, desembarcou no Aeroporto Internacional, vindo de Assunção, no Paraguai. O motivo do exílio foi o Golpe Militar de 1964, quando Brizola se mudou para o Uruguai.
Na cidade, o líder trabalhista desembarcou ao lado de sua esposa, dona Neuza, e foi recebido por lideranças e militantes opositores ao regime militar.
Chegada de Leonel Brizola em Foz do Iguaçu.
Um dos personagens que teve a oportunidade de receber o político de volta ao Brasil, foi o Presidente do PDT em Foz do Iguaçu, Nelton Friedrich.
“Tenho profunda admiração por Leonel Brizola. O político brasileiro que mais tempo ficou exilado, e é por essa razão que precisamos compreender a trajetória de uma liderança até hoje viva na memória de milhões e milhões de brasileiros. Brizola lutava por justiça, principalmente pelos mais necessitados. Mais que um líder, Brizola incorporava esse sentimento de nação, de mudança e inspirava a tantos por essa coerência e coragem. Era uma figura ímpar e por isso ainda está vivo”.
nelton
Friedrich lembra que a escolha de Brizola para retornar ao Brasil por Foz do Iguaçu foi para ser algo o mais pacífico possível. “Foi um marco para Foz do Iguaçu, de uma das lideranças mais importantes que tivemos, não só no Brasil, mas na América Latina. Conheci e convivi com Brizola no período que morei no Rio de Janeiro. Os anos passam e ele segue vivo Brizola, é uma figura rara. Esse retorno dele pôr Foz a história jamais vai apagar e eu tive a oportunidade de recepcionar ele em seu retorno pela cidade”.
A página oficial do PDT relembrou a passagem de Brizola em 2017 e publicou uma matéria destacando a emoção dele ao retornar ao Brasil por Foz do Iguaçu. “Venho para tratar do ressurgimento da nossa causa. Me sinto muito feliz por estar no Brasil por Foz do Iguaçu. Me sinto profundamente feliz por essa oportunidade”, declarou.
“O Brizola sempre insistia que nós temos que inundar esse país de consciências esclarecidas. Evidente que com isso ele queria dizer que quanto mais nós pudéssemos ter um povo mais conscientes, compreendendo as causas e os problemas que afligem a sociedade, mais nós lutaríamos e estaríamos construindo uma libertação, uma pátria livre, soberana, justa e que fosse a morada de todos, com dignidade”, reforça Friedrich.
Entrevista na qual ele comenta sobre a volta ao país.
Quem foi Leonel Brizola
Segundo o site Memórias da Ditadura, Leonel Brizola teve importante papel no meio político do Brasil, sendo governador do Rio Grande do Sul, onde iniciou sua trajetória política, e posteriormente do Rio de Janeiro, onde estabeleceu residência na década de 1960.
Com sua afinidade pelo presidente Getúlio Vargas, Brizola ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em agosto de 1945, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido. Sua jornada política incluiu a eleição como deputado estadual, onde desempenhou um papel na formulação da Constituição do Rio Grande do Sul. Em 1950, uniu-se em matrimônio com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart.
No ano de 1958, conquistou a posição de governador do Rio Grande do Sul com mais de 55% dos votos válidos. Em 1962, foi eleito deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara. Nessa posição, fez discursos enérgicos a favor da implementação da reforma agrária e da distribuição equitativa de renda no Brasil. Entretanto, a deposição do presidente João Goulart pelos militares em 1964 forçou Leonel Brizola a se exilar no Uruguai.
Após seu retorno ao Brasil em 1979, graças à Lei da Anistia, Brizola apoiou ativamente a campanha pelas Diretas Já em 1984.
Foi o fundador do PDT, defensor do legado do Trabalhismo, em novembro de 1985, em texto assinado publicado na imprensa, que chamava de “Tijolaço”, definiu o que o Partido era para ele: “Nossas raízes e fontes de inspiração se nutrem na História e formação de nosso povo, particularmente de suas lutas sociais e libertárias”.
Em 1990, Brizola foi eleito governador do Rio de Janeiro pela segunda vez. Demonstrando posições firmes em prol dos interesses dos produtores nacionais e advogando por restrições ao capital estrangeiro no país, Brizola se lançou novamente como candidato à presidência em 1994. Contudo, sua participação não obteve êxito. Mais tarde, Brizola concorreu à vice-presidência na chapa encabeçada por Lula em 1998, mas enfrentou outra derrota.
Ele faleceu aos 82 anos, em junho de 2004, devido a um infarto relacionado a complicações infecciosas, no Rio de Janeiro.