Mais Consciência, Menos Ansiedade

Estamos em 2020,e os estímulos são infinitos. Deixamos nossa mente ligada praticamente 24 horas por dia. Mesmo quando dormirmos, o nível de ansiedade pode ser alto, o sono deixa de ser reparador, e a mente grita pedindo por distração. A verdade é que somos intoxicados digitalmente todos os dias, condicionados por uma sociedade urgente e de consumo. Não temos tempo para cuidar de nós,e mais da metade da energia que gastamos não imprime bem-estar e outros tantos propósitos elevados.

Esgotamos nossa energia física, mental e emocional por descuido, mas a boa notícia é que existe solução! O que precisamos é treinar o músculo da vontade, pois se temos disciplina para sustentar uma rotina de exercícios físicos, de nutrição, estudo e trabalho, porque nos falta a mesma disciplina para a manutenção da saúde mental e emocional que é a base dos relacionamentos como um todo?

Não estamos apostando corrida com ninguém, nem com nós mesmos. A ansiedade priva os maiores prazeres da vida. E qual o objetivo disso? Quais são os argumentos que sustentam o estado ansioso? Em profunda reflexão perceberá que são ilusórios, não há nada para se alcançar com tanta pressa que justifique perder o momento presente. Todas as ocasiões são pedagógicas e essenciais para nossa jornada evolutiva, e é preciso atenção para desfrutar em sua totalidade.

A ansiedade é um sentimento natural, precisamos dela para movimentar nossas ações e alcançar o que buscamos. Entretanto, pensar é bom, pensar com consciência crítica é melhor ainda, mas pensar demais sem gerenciamento é uma bomba para nossa saúde. A ansiedade se torna um problema quando resulta em pensamentos e emoções angustiantes e intensas que fogem da realidade. Se deixamos esse quadro tomar conta de nós, ele se fortalece e potencializa suas consequências. A ansiedade não é nem deve ser um estado de constância.

Existem algumas nuances, contudo sua forte característica é o excesso de pensamentos, gerando estresse e preocupação excessiva; a constância causa uma programação mental negativa podendo agravar o quadro para um estado crônico. Os sintomas físicos são reais: coração acelerado, palpitações, suor, sensação de sufoco, desordem, medo, inquietude, fala acelerada…

Nosso sistema nervoso simpático, conhecido como sistema nervoso autônomo, é responsável por disparar as reações diante de uma ameaça; tudo em nós se prepara para uma possível situação de perigo, trazemos em nosso DNA esse estado de alerta, pois vivíamos reais situações ameaçadoras no passado, mas o que acontece atualmente é que confundimos situações amenas, como uma prova, uma entrevista de emprego, um encontro amoroso ou qualquer evento que fuja da nossa zona de conforto, com situações de perigo iminente, podendo gerar transtornos como síndrome do pânico, do pensamento acelerado e outras ramificações de uma mesma raiz:ansiedade.

Temos mecanismos que são antagônicos ao sistema autônomo, que é o sistema parassimpático, despertado para assumir as rédeas e regular os efeitos por meio do equilíbrio de nosso ritmo interno. O sucesso é questão de treino, os resultados não são da noite para o dia, pois a mente humana necessita de repetição e constância para reprogramar os padrões em nível profundo.

Formas de combate à ansiedade

• Tome consciência do ritmo interno: quando estamos em descontrole, perdemos totalmente a conexão com o corpo e a força vital que atua dentro de nós. Para que a situação seja de fato controlada, são necessários alguns minutos de concentração. Pare o que estiver fazendo! Respire de maneira consciente por pelo menos cinco minutos, com cadência e atenção plena no ato de inspirar e exalar. Enquanto fizer isso, busque a higiene mental por meio da concentração no fluxo respiratório, contemple o estado de silêncio interior que começa a surgir.

• Confiança e entrega: deseje conectar-se com uma força elevada. A dica é a própria oração. A confiança em si mesmo e na vontade divina é fundamental para suavizar o estado ansioso, aceitando que não podemos controlar tudo ao nosso redor e compreendendo que muitas situações podem estar fora da capacidade de entendimento no momento.

• Foco e gerenciamento dos diálogos mentais: quando estamos diante de um quadro ameaçador, é natural que tenhamos pensamentos desgovernados e negativos, como “não dou conta”, “não vai funcionar”, “eu vou morrer”…Para quebrar esse ciclo destrutivo é preciso enfraquecer esse padrão de pensamento, tomar as rédeas da mente e concentrar-se na positividade e na confiança, mesmo que no início seja algo forçado! Lembre: é treino! Questione seus pensamentos negativos; muitas vezes vamos longe demais na imaginação.

• Autoinvestigação: identificar as situações específicas que lhe causam ansiedade e se existe uma relação entre elas. Por meio do autoconhecimento assumimos maior responsabilidade do que podemos. Amor-próprio e autocuidado são sobre não se permitir saturar. Infelizmente nossa cultura fortaleceu um senso de que, quanto mais, melhor, fazendo-nos acreditar que realizar milhares de coisas ao mesmo tempo é o ideal, mas na verdade essa atitude gera autosabotagem e falta de foco. Nada fica tão bom quanto poderia ser, e ficamos na ilusão de que precisamos de mais tempo. O que precisamos é de organização e honestidade com nós mesmos.

• Ajuste de energia: além de promover bom humor, interação social e melhora da autoestima, a atividade física é essencial. O corpo humano foi projetado para o movimento, nossos processos metabólicos e neurais são despertados pelo exercício físico. Neurotransmissores são estimulados, desempenhando um papel fundamental no combate aos sintomas da ansiedade e aos estados depressivos que podem ser ocasionados.

Uma das práticas mais completas para a redução da ansiedade é a prática de ioga, que confere meditação e exercício físico como fortes aliados no processo de redução e cura.

Mariana Vidal Farias

Professora de Hatha Vinyasa e Power Yoga

Pós-graduanda em ioga e meditação

Inspire Studio

@yogacommari

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