Oftalmologista explica como funciona o olho, esse órgão tão importante desde sua criação no ventre materno até os 6 anos de idade, e a que se deve ficar atento.

Nos dias atuais, a tecnologia surge para as crianças antes mesmo das primeiras palavras. Por isso elas são estimuladas por meio de sensores de luz e som dos aplicativos desde muito novas, e isso ao longo dos anos pode acarretar alguns problemas como o da visão.

Como as crianças são mais “difíceis” de dizer se estão com desconforto e/ou dor em comparação a um adulto, convidamos o Dr. Marcos Szpak, que é oftalmologista, para esclarecer algumas dúvidas em relação à formação ocular e a possíveis sinais de dificuldades encontradas por elas. Papais atentos, vamos às dicas:

Embrião
Com seis semanas, o embrião toma a forma humana. Seu rosto já se delineia, e seus olhos, assim como o nariz, boca e orelhas, ganham contornos definitivos. No quarto mês de gestação, as pálpebras do feto se abrem e, no sétimo mês, todo o potencial visual de seu futuro bebê está pronto. Nessa fase, sabe-se que ele já reage à luz forte que lhe chega pelo ventre materno e, sendo assim, é provável que possa ter alguma percepção visual das próprias mãos, pés e cordão umbilical, quando sua mãe se expõe ao sol ou a uma luz mais forte.

Nascimento
No nascimento, como bebê só percebe a luz, nada vê além do preto e branco, ou seja, contrastes. Seus olhos podem apresentar movimentos descoordenados, porque a mácula, região responsável pela visão central, não está totalmente desenvolvida. Mas com três a quatro semanas, ele já começa a fixar o rosto de quem o segura e, com seis, não confunde mais o olhar da mamãe com o das outras pessoas. Os pais devem levar os filhos para realizar o teste do olhinho, no qual o oftalmologista irá verificar ser existe alguma má-formação ou doenças genéticas como catarata, tumores, infecções ou até mesmo a cegueira.

Em casa alguns sinais podem despertar nos pais a necessidade de levar o filho ao médico, como:

Visão de cores
Aos três meses, a visão de seu filho é de 100% à distância de um metro. Ele já fixa e segue objetos com o olhar e percebe cores básicas, como o azul e o amarelo, mas só notará nuances de tons a partir dos cinco, seis meses. Nessa fase, ele já coordena a visão dos dois olhos e ela, agora mais nítida, é de 100% à distância de dois metros.

Volume
Aos nove meses, tem início a visão de relevo. Seu bebê já tem noção de distância e de formas e está em franca exploração do ambiente, enxergando 100% à distância de três metros. Ele não compreende tudo o que vê, mas distingue os detalhes necessários para prosseguir em seu caminho.

Detalhes
Com um ano, a visão de seu filho é de 100% a quatro metros de distância. Se for um bom observador e não estiver muito faminto, poderá ver, por exemplo, um fio de cabelo no prato. Aos quatro anos, ele tem 95% da visão a cinco metros de distância, e ela só se completará aos seis anos, quando a criança já é capaz de ler aquelas letras pequenas da tabela que no consultório do oftalmologista é projetada na parede. Isso significa 100% de visão a cinco metros, ou seja, enxerga igual a um adulto.

Boa visão
Para que a criança tenha um desenvolvimento normal da visão, são necessárias boas condições anatômicas e fisiológicas, além de estimulação luminosa. Isso porque a luz, ao chegar à retina, estimula uma camada de células fotorreceptoras, chamadas cones e bastonetes, das quais se originam as ondas elétricas que, por meio do nervo ótico, são levadas até os centros visuais do cérebro. Nesse local, esses estímulos elétricos são transformados em imagens ou sensações visuais.

Sinais iguais
O bom funcionamento desse sistema depende de informações visuais claras e precisas. E isso só é possível se a retina receber sinais iguais dos dois olhos, para que consiga fundi-las em uma única imagem. Qualquer diferença na qualidade dos sinais transmitidos pelos dois olhos resulta em baixa acuidade visual. É que o cérebro não consegue fundir imagens diferentes e acaba desprezando o sinal distorcido e escolhendo o outro, o melhor.

Fique de olho- Obviamente, está fora de questão deixar que seu filho enxergue com apenas um dos olhos. Por isso, em condições normais, ou seja, quando a criança não apresenta qualquer problema de visão, recomenda-se uma avaliação a partir do segundo ano. Após os sete anos, o cérebro não aceita qualquer modificação e nada, tratamento clínico ou cirurgia corretiva, conseguirá estimular o desenvolvimento visual da criança.

Dr. Spack afirma: “No primeiro ano de vida, exames de vista estão previstos no roteiro pediátrico mensal. Mas você mesmo pode observar se há algo de errado com a visão de seu filho e, em caso de dúvida, comunicar ao pediatra ou consultar diretamente o oftalmologista”.

Dr. Marcos Szpak

Problemas frequentes
Todos os defeitos de visão podem beneficiar-se de um tratamento ou reeducação. O estrabismo, ou olho vesgo, pode até ser curado se detectado no primeiro ano de vida, assim como a ambliopia, que é a má utilização de um olho. Os chamados vícios de refração, como a miopia (não se enxerga de longe), a hipermetropia (não se enxerga de perto) e o astigmatismo (falta de foco), não têm cura, apenas correção. Nesses casos, o uso de óculos não diminui o problema, mas faz com que a criança veja com nitidez. A catarata e o glaucoma congênitos são em geral diagnosticados no nascimento e tratados com cirurgia. O bebê prematuro pode ter descolamento de retina, e o diagnóstico e a cirurgia corretiva devem ser feitos até o segundo mês de vida.

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