A recente visita do presidente argentino, Alberto Fernández, ao Brasil, a convite do presidente Lula, foi marcada por conversas sérias sobre a situação econômica precária que a Argentina enfrenta, com inflação que ultrapassa os 100% e a moeda do país, o peso, em constante desvalorização.

A situação preocupante pede medidas inovadoras e é exatamente isso que Lula propôs durante essa reunião. No que parece ser uma mudança paradigmática na economia regional, o presidente brasileiro mencionou a possibilidade de adoção de uma “moeda de referência”, um instrumento de câmbio que poderia facilitar o comércio entre as duas nações sem eliminar as respectivas moedas nacionais.

Lula não só reconheceu a importância econômica da Argentina, que figura como o terceiro maior comprador de produtos brasileiros, mas também sugeriu a criação de uma linha de financiamento específica para as exportações brasileiras para o país.

A Argentina é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. Em 2022, as exportações brasileiras para a Argentina alcançaram US$ 15,3 bilhões. As importações de produtos argentinos, por sua vez, chegaram a US$ 13 bilhões.

Embora a Argentina seja o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, a crise econômica do país, aliada à perda de poder de compra e inflação elevada, ameaça a relação comercial bilateral. Além disso, uma seca histórica afeta as safras de grãos da Argentina, agravando ainda mais a crise e colocando em risco os acordos de pagamento de dívidas do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Diante desta situação, as ações de Lula visam garantir que as exportações brasileiras para a Argentina não sofram um impacto negativo, ao mesmo tempo em que oferecem apoio ao país vizinho neste momento crítico.

Lula afirmou que Brasil e Argentina adotaram quase 100 medidas para concretizar o projeto de desenvolvimento conjunto entre os dois países. Ele descreveu a reunião com Fernández como uma oportunidade para lançar um “ambicioso plano de ação” para a renovação da aliança estratégica entre os dois países.

Comemorando 200 anos de relações diplomáticas entre as duas nações, essa reunião ressaltou a importância da cooperação e interdependência na região. As palavras de Lula ecoaram esse sentimento:

Nossa integração econômica significa interdependência

O presidente brasileiro destacou a reciprocidade de investimentos entre os dois países, que são responsáveis por quase cem mil empregos. Ele afirmou: “Construímos uma relação baseada na troca de bens de alto valor agregado e na integração produtiva de nossas economias”.