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Oil pumps and derricks over sunset background. Vector illustration.
A discussão em torno da viabilidade do fracking, ou fraturamento hidráulico, no Brasil tem ganhado destaque nos últimos anos, levantando preocupações sobre seus impactos ambientais e sociais. Essa técnica controversa envolve a injeção de água, areia e produtos químicos em rochas profundas para extrair gás natural, e sua implementação levanta uma série de questões ambientais.
O fracking é apontado como uma técnica capaz de acessar reservas de gás natural que não seriam alcançadas por métodos convencionais de extração. No entanto, os danos ambientais associados a essa prática são significativos
Esta técnica é banida em países europeus, como Espanha, França e Reino Unido, e os estados de Paraná e Santa Catarina, onde fica uma das maiores bacias potenciais de gás de xisto do Brasil, têm leis proibindo a prática. Já Estados Unidos e Argentina liberam o uso da técnica.
Dessa forma, o contexto brasileiro debate o fracking de forma polarizada, com diferentes estados adotando posições divergentes.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu publicamente a necessidade de discutir a exploração do gás por meio do fracking no Brasil. Ele argumentou que essa técnica poderia aumentar a oferta de energia no país, desde que acompanhada de medidas de compensação ambiental.
Além disso, o debate sobre fracking no Brasil ocorre em um momento de crescente preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de transição para fontes de energia mais limpas e renováveis. A adoção do fracking poderia comprometer esses esforços e agravar os impactos ambientais já existentes.
No entanto, a posição do ministro tem gerado preocupações entre ambientalistas e grupos preocupados com os impactos do fracking. Eles apontam que os riscos ambientais e sociais associados à técnica podem ser graves e duradouros, defendendo a realização de estudos abrangentes e consultas públicas transparentes antes de qualquer decisão sobre sua implementação.
Dentre os riscos dessa técnica estão:
Risco de tremores de terra: Estudos indicam que a injeção de água residual no subsolo pode aumentar a atividade sísmica, levando a tremores de terra em áreas próximas a locais de fracking.
Contaminação da água: A injeção de grandes quantidades de água misturada a produtos químicos e areia pode contaminar o solo, as águas subterrâneas e o lençol freático, trazendo riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
Mortandade animal: Vazamentos de fluidos poluídos podem prejudicar a vida aquática, causando lesões em peixes e afetando a qualidade da água, o que pode resultar em mortes de espécies aquáticas.
Emissão fugitiva de metano: A extração de gás de xisto pode resultar em vazamentos de metano, um poderoso gás de efeito estufa, durante o processo de produção e distribuição, contribuindo para o aquecimento global.
A Argentina e o Xisto:
O gasoduto de Vaca Muerta, localizado na Argentina, é uma das infraestruturas energética que transporta gás natural extraído da formação de xisto de Vaca Muerta, considerada a segunda maior reserva de gás não convencional do mundo. Este gasoduto desempenha um papel crucial na distribuição do gás produzido na região de Neuquén, onde se encontra a formação de Vaca Muerta, para outras partes da Argentina.
O desenvolvimento do gasoduto de Vaca Muerta foi impulsionado pelo aumento da produção de gás natural na região. O gasoduto permite que o gás natural produzido em Vaca Muerta seja transportado de maneira eficiente para centros urbanos e industriais em todo o país, contribuindo para a segurança energética da Argentina e impulsionando o desenvolvimento econômico da região.
Embora essa técnica tenha contribuído para aumentar a produção de gás no país, assim como nos demais territórioss, gerou preocupações ambientais devido aos riscos de contaminação da água, emissões de gases de efeito estufa e tremores de terras e enquanto alguns veem benefícios econômicos, outros estão preocupados com os impactos negativos na saúde pública e no meio ambiente.
O debate sobre essa produção no Brasil continua. O país enfrenta o desafio de encontrar um equilíbrio entre suas necessidades energéticas e a proteção do meio ambiente, uma tarefa complexa que exigirá uma análise cuidadosa de todos os riscos e benefícios envolvidos.