A Comunidade Quilombola Apepú, localizada na área rural do município de São Miguel do Iguaçu, teve seu reconhecimento como remanescente de quilombo oficializado pela Fundação Cultural Palmares. A certificação, concedida por meio da Portaria n° 29/2006 em 13 de dezembro de 2006, destaca a importância histórica e cultural dessa comunidade, que faz parte das 86 comunidades quilombolas reconhecidas no estado do Paraná.

A constituição formal do Quilombo Apepú está respaldada no artigo 216 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que reconhece como patrimônio cultural brasileiro os bens, tanto materiais quanto imateriais, que remetem à identidade e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Foto: PM SMI

As comunidades quilombolas, segundo o Decreto nº 4.887 de 2003, são consideradas remanescentes de grupos étnico-raciais que, por meio de auto-atribuição, possuem trajetória histórica própria e relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada à resistência à opressão histórica.

No caso específico da Comunidade Quilombola Apepú, a escolha do nome está relacionada a um tipo de laranja abundante na região. Atualmente, a comunidade é composta por cinco famílias, totalizando cerca de 40 pessoas, que mantêm suas tradições culturais, como o cultivo de medicina natural, artesanato, folclore e agricultura familiar.

A comunidade Apepú se destaca por sua resistência histórica, enfrentando desafios como a redução do espaço territorial devido à criação do Parque Nacional do Iguaçu na década de 1970. Apesar das dificuldades, as famílias buscam alternativas para garantir a sustentabilidade econômica e cultural da comunidade.

Foto: AEN

Projetos

Neste ano, a Comunidade Quilombola Apepú recebeu a visita da SUDIS (Secretaria de Desenvolvimento Integrado e Sustentável), que, juntamente com representantes da Prefeitura, conheceu as atividades da comunidade e os projetos em andamento. O líder do Quilombo, Roberto Correa, expressou a expectativa de firmar um convênio com o ICMBio para explorar uma trilha dentro do Parque Nacional do Iguaçu, ampliando as atividades da comunidade.

A associação da comunidade desenvolve projetos coletivos, incluindo a criação da Arca da Letra, implantação de pomar de frutas cítricas, abacates, goiabas e frutas do conde, construção do Centro Cultural, projeto habitacional, horta orgânica, revitalização de nascentes e implementação de sistema de captação e distribuição de água tratada.

A Comunidade Quilombola Apepú busca, assim, preservar suas raízes e contribuir para a geração sustentável de renda, destacando a importância do reconhecimento e apoio do poder público para garantir a efetivação de seus direitos e a promoção de sua cultura. (Com AEN e UNILA)