Sair do país, deixar de lado nossos afetos, nunca é tarefa fácil. Requer coragem, muita sabedoria para traçar os caminhos. Quando chegamos a outro lugar e não sabemos o idioma esse caminho pode se tornar mais difícil. Sai de casa há muitos anos, 20 anos, e levo na mala muitas histórias de línguas e de vida.
Quando cheguei ao Brasil, só sabia um pouquinho de português e foi muito difícil aprender! A adaptação também não foi fácil. Nesta cidade fronteiriça, ficamos próximos de Puerto Iguaçu e de Cidade del Este, do espanhol e do guarani, mas as vezes conhecemos pouquinho dessas cidades. Alguns dizem que pelas aduanas, outros pelos trâmites, e outros porque não tem tempo. É tão bom conhecer países, culturas, idiomas, isso nos permite nos conhecer e por sua vez, conhecer nosso próprio pais, nossa língua, nossa identidade.
A cidade de Foz do Iguaçu é multicultural e diversa, acolhe a diversos povos com suas línguas e suas culturas, aqui falamos o portunhol, o guaranhol, e até arriscamos misturar mais línguas. E isso é muito bom. É na pluralidade de idiomas, de ideias, de culturas, que a gente se encontra, se conhece e aprende. Nós aprendemos também com a cultura e os afetos dos outros.
As línguas nos atingem, de alguma forma, nos mobilizam e também nos sensibilizam, é por isso que falamos que o primeiro acolhimento quando chegamos a um pais se realiza ou se torna possível pelo acolhimento linguístico e cultural. Pensemos juntos: quando vamos a um pais onde se fala uma outra língua, sempre queremos encontrar a alguém que fale nossa língua, não é verdade? É tão bom quando encontramos a alguém que nos acolhe.
É que sair de nosso mundo e também uma forma de explorar nosso próprio mundo. É muitas possibilidades de trocas, de aprendizado. Até quando aprendemos uma outra língua, nossos pensamentos e modo de ver o mundo mudam. Pensemos nas línguas como um calidoscópio, esse constante movimento que sempre nos presenta diversos matizes e quanto mais diversos é mais plural.


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