Foz do Iguaçu não nasceu do improviso. Foi germinada entre rios caudalosos e matas cerradas, no encontro da força natural com o espírito desbravador. Sua história começou a ser escrita com coragem e suor, por homens e mulheres que não se intimidaram diante do desconhecido. Mas também teve a assinatura de um gênio. Em 1916, Santos Dumont, o mesmo que venceu o ar com o 14-Bis, foi à luta em terra firme para garantir que as Cataratas do Iguaçu, uma das maiores belezas naturais do planeta, pertencessem ao povo brasileiro. E assim foi feito. A partir dali, Foz ganhou destino.
O tempo passou e a cidade cresceu em meio a desafios e encontros. Dos recantos pioneiros à monumentalidade de Itaipu, Foz passou a conjugar natureza e engenharia, silêncio e potência. A usina transformou o perfil da cidade e do país, trazendo energia, desenvolvimento e, sobretudo, a certeza de que o ser humano também pode construir em harmonia com a paisagem.
Na Tríplice Fronteira, onde o Brasil se curva para apertar a mão do Paraguai e da Argentina, Foz tornou-se o símbolo vivo da convivência pacífica e produtiva entre os povos. Já foi vítima de estereótipos, é verdade. Muitos a resumiram a um entreposto de ilegalidades, sem perceber a riqueza humana que aqui se formava. Mas com o tempo, Foz mostrou sua verdade: uma cidade plural, vibrante, resiliente. Um território onde as diferenças não se chocam, se somam.
Cheguei há pouco, é verdade. Ainda observo mais do que afirmo. Mas basta algum tempo para entender: há algo único em Foz. Uma pulsação que vem da terra e das águas, mas também da sua gente. E mesmo para quem não nasceu aqui, é impossível não se sentir parte de algo maior.
O Parque Nacional é mais que atração turística. É aula de consciência, é patrimônio do mundo. Itaipu é mais que obra monumental. É símbolo de integração. E Foz é mais que destino turístico. É cidade viva, em movimento, que inspira e trabalha.
Hoje, Foz do Iguaçu amanhece diferente. A cidade que antes se urbanizou de costas para seus rios começa, enfim, a se reconectar com eles. Não se trata de promessa, mas de presente que se realiza. As águas continuam a correr, e parecem conduzir também ideias novas, soluções práticas, avanços discretos. A tecnologia passa a habitar o cotidiano, não como espetáculo, mas como ferramenta de cidadania. A inteligência urbana se junta à sensibilidade social.
As vias se iluminam, os serviços ganham ritmo, e a confiança ressurge como alicerce. Há muito por fazer, sempre haverá, mas há um novo jeito de caminhar. Um jeito que não busca aplauso, mas resultado. Que não proclama milagres, mas constrói com paciência e rigor.
Foz é procurada por turistas do mundo inteiro, mas também tem sido escolhida por milhares como morada definitiva. Gente de todos os cantos finca raízes por aqui, misturando sotaques, histórias e sonhos. E talvez seja dessa mistura que venha a força silenciosa dessa cidade. Uma força que não grita, mas se impõe pela grandeza do que oferece e pela beleza do que preserva.
Aos 111 anos, Foz do Iguaçu vive um tempo bonito. Um tempo que emociona não só os que nasceram aqui, mas também os que chegaram há pouco e já se sentem tocados por essa terra. Porque há cidades que apenas acolhem, e há outras que despertam. E quando uma cidade desperta, nada pode deter seu passo.
*João Zisman é Secretário de Comunicação e Relações Institucionais da Prefeitura de Foz do Iguaçu.


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