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Com os olhos voltados para a conservação da Mata Atlântica, mãe e filha celebram os 25 anos do Parque das Aves

Se fosse um casamento, seria a comemoração das bodas de prata. Mas a celebração não fica a desejar, afinal toda a história do Parque das Aves partiu de um matrimônio que começou na década 1970, quando a veterinária alemã Anna-Sophie Helene, apaixonada por animais, mudou-se para a Namíbia, na África, onde conheceu o marido, Dennis Croukamp. Mais tarde o casal teve duas filhas, Anna-Luise e Carmel Croukamp.

Ex-professora universitária na Alemanha e veterinária na África, Anna e a família se mudaram para a Ilha de Man, no Reino Unido, na década de 1990. No frio do predominante clima temperado continental europeu, algo empurrava a família para lugares mais quentes.

A oportunidade veio quando um amigo lhes contou sobre um local lindo, berço das maiores quedas d’água do planeta, mas ainda com pouca infraestrutura turística, o Destino Iguaçu. Três países, duas línguas, um lugar. Uma terra cálida de diferentes povos no meio de florestas e rios, uma mistura de etnias e culturas.

A ideia era fazer um parque de crocodilos, porém Dennis e Anna não acharam graça. Não queriam crocodilos, amavam mesmo as aves. A paixão do casal por animais que habitam o céu vinha desde a década de 1980, quando eles ganharam um papagaio-do-congo, Pumuckl, que era parte da família Croukamp, a verdadeira inspiração para o Parque das Aves.

Sempre dedicada, Anna desenhou como seria o Parque das Aves. Em 1993, o casal adquiriu 16 hectares de terra ao lado do Parque Nacional do Iguaçu. E foi aí que tudo começou: a construção do Parque das Aves, as idas e vindas entre o Reino Unido e o Brasil, em que o casal se dividia para que as filhas não ficassem sozinhas; mas o acompanhamento da construção era crucial e, com o empenho das pessoas, o parque ganhou forma.

Iniciaram o parque em 1994, mas logo veio o golpe da perda de Dennis. Viúva, Anna acabou assumindo inteiramente o empreendimento, determinada a fazer com que esse tivesse sucesso, ainda mais porque várias famílias de colaboradores do Parque das Aves, da comunidade iguaçuense, dependiam desse resultado positivo.

A veterinária fez um percurso de batalhas para transformar o atrativo no maior parque de aves da América Latina. Foram diversas dificuldades, porém o apoio da comunidade de Foz do Iguaçu foi fundamental.

“A população iguaçuense é muito empenhada, leal. Ajudaram a manter o parque aberto nos dois primeiros anos, quando ainda não estava estabelecido. Este legado é parte de Foz do Iguaçu”, conta, emocionada, Anna.

Linha do tempo

Década de 1970 Em 1976, a veterinária Anna-Sophie Helene se muda da Alemanha para a Namíbia, na África, onde conhece Dennis Croukamp. Ambos trabalham juntos e têm duas filhas, Anna-Luise e Carmel Croukamp.

 

Década de 1980 – O casal ganha um filhote de papagaio-do-congo, Pumuckl, que se torna um membro da família e seria futuramente uma inspiração para o Parque das Aves.

 

Início dos anos 1990 – A família se muda para a Ilha de Man, no Reino Unido. Um amigo sugere que ela abra um parque de crocodilos em Foz do Iguaçu, no Brasil. Dennis replica: “Eu gosto de aves. Criaremos um parque de aves”.

 

1993 – O casal adquire 16 hectares de terra ao lado do Parque Nacional do Iguaçu e começa a construir o Parque das Aves.

 

1994 – As aves chegam de todos os cantos do Brasil e do exterior, de outros zoológicos e apreendidas pelo Ibama.

 

1994 – A inauguração – Em 7 de outubro de 1994, a família Croukamp inaugura o Parque das Aves.

 

1996 – Dois anos após sua inauguração, a família perde o patriarca Dennis.

 

 

Década de 2000 – Anna assume a direção do atrativo e conta com a ajuda da equipe e comunidade de Foz dedicada a conservar a floresta e as aves.

 

Década de 2010 O parque foca seus esforços na conservação de espécies ameaçadas de extinção.

 

2017 A diretora-geral do parque, Dra. Carmel Croukamp, descobre que a pombinha pararu-espelho (Claravis geoffroyi) desapareceu da região do Iguaçu e foca os esforços na conservação das 120 espécies e subespécies de aves da Mata Atlântica em risco de extinção.

 

2019 Reposicionamento da marca do Parque das Aves e mudanças na trilha e nos viveiros, alavancando a decisão de focar esforços na Mata Atlântica e suas espécies.

 

2020 O Parque das Aves vai sediar o XXVII Congresso Alpza e inaugurar a primeira fase do Viveiro Cecropia.

 

Concretização de um sonho

Aos poucos o parque foi ganhando forma. Ele cresceu, recebeu viveiros maiores e novos espaços. Aos poucos as aves começaram a chegar. Doações de diversos lugares do mundo, empréstimos de zoológicos, além de aves apreendidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que hoje compõem a maior parte das aves que habitam o atrativo (mais de 50% são resgatadas de tráfico ou de maus-tratos).

A construção levou em consideração o bem-estar das aves. Os viveiros foram concebidos para serem amplos e permitirem longos voos, assim como a interação entre várias espécies. Como seria no ambiente natural, com árvores grandes e muita vegetação.

Paralelamente ao contexto brasileiro, nestes 25 anos de história, a matriarca da família, enquanto esteve à frente do parque, passou por momentos difíceis. Superou o auge da recessão dos anos 1990, que secou o turismo interno, e enfrentou as crises cambiais e o ataque terrorista de 11 de setembro nos EUA, que reduziu muito o fluxo de turistas estrangeiros em Foz. Hoje a cidade, que antes era conhecida por destino de muambeiros e tráfico animal, transformou-se no destino preferido para amantes de ecoaventura e natureza.

 

Depois de vencer o tempo, próximo passo é a sucessão

De pais para filha. Carmel Croukamp, filha do casal fundador, é hoje diretora-geral do Parque das Aves, com olhar voltado para a conservação das aves da Mata Atlântica. Ela explica que o atrativo é um legado de sua mãe, que, após o falecimento de seu pai, decidiu seguir com o sonho da família. E ela deseja manter as diretrizes deixadas por Anna.

“É uma questão estratégica para o Parque das Aves estar preparado para ser longevo. Meus pais planejaram que nós seguíssemos nossos rumos, independentes das escolhas que fizeram, mas eu me apaixonei principalmente pelas pessoas que trabalhavam aqui quando visitei o Parque das Aves pela primeira vez e decidi ficar. E hoje temos mais de 250 famílias iguaçuenses que fazem parte da nossa família estendida, dependendo do sucesso do parque”, explica a CEO do atrativo.

A passagem de bastão da primeira para a segunda geração costuma remexer em sentimentos variados e expor dificuldades do dia a dia que estavam abafadas pela rotina. Entretanto isso não foi problema para Carmel. Nasceu já embrenhada na natureza e descobriu no Brasil uma vocação para salvar animais e preservar a Mata Atlântica, hoje 91,5% desmatada.

Os filhos pequenos de Carmel, que nasceram no Brasil, aprenderam desde cedo a importância do meio ambiente com a mãe e a avó. O sotaque inglês indica que ela não veio daqui, mas a intensidade e a paixão na fala são típicas dos que vivem nos trópicos.

“Nasci na Namíbia. Passei a minha infância escalando colinas no deserto, vendo grandes animais selvagens. Cheguei há dez anos no Brasil e desde então tenho centrado meu trabalho em aves, principalmente nas 120 espécies e subespécies da Mata Atlântica ameaçadas de extinção.”

Formada em música e com doutorado em musicologia e sociologia pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, entre os raros momentos de folga, dedica-se ao lazer com os filhos e à música.

No final de 2017, Carmel tomou uma corajosa decisão que impactaria profundamente o atrativo, que já estava posicionado como o mais visitado de Foz do Iguaçu depois das Cataratas: decidiu focar todos os esforços na conservação de espécies da região.

O risco era grande, principalmente porque as aves que seriam enfocadas no trabalho de conservação seriam, em sua maioria, de cores apagadas, como marrom e cinza. Carmel acreditou que era a coisa certa a fazer e transformou o parque no único zoológico do mundo a focar seus esforços em aves da Mata Atlântica, um Centro de Conservação Integrada de Espécies de Mata Atlântica.

A história começou quando foi descoberto que uma pequena rolinha, a pararu-espelho (Claravis geoffroyi), que vivia nas florestas do Iguaçu, tinha se tornado extinta. E com toda sua pesquisa junto à sua equipe, Carmel percebeu que a Claravis não era a única espécie passando por essa situação.

“A Mata Atlântica possui muitas aves que estão desaparecendo devido principalmente ao desmatamento, mas também à caça e ao tráfico, e atualmente 120 espécies e subespécies desse bioma encontram-se ameaçadas”, relata.

Atuando no presente, pensando no futuro

Em 2019 o Parque das Aves passou por reposicionamento de marca, mudanças na trilha e nos viveiros, tudo para ajudar a alavancar a decisão que tomou em 2017 de focar na conservação de espécies da Mata Atlântica. “Tudo foi idealizado e desenvolvido para que nossos visitantes pudessem conhecer e se encantar com a Mata Atlântica e suas espécies, com conteúdo de educação ambiental baseado em pesquisas e comunicação estratégica alinhados para engajar nossos visitantes na conservação integral da Mata Atlântica”, conta Carmel.

Apesar de focar todos os esforços do parque na conservação de espécies, Carmel nunca perdeu de vista a importância do Parque das Aves como atrativo turístico, pois acredita cada dia mais no potencial de ecoturismo do destino. E ela sabe que o trabalho desenvolvido vai ao encontro dos anseios dos turistas.

“Com a atual linha de crescimento, o Parque das Aves espera alcançar a marca de um milhão de visitantes em 2020. Além disso, ele gera 250 empregos diretos, fortalecendo a indústria de turismo de Foz, consolidado como o atrativo mais visitado da cidade depois das Cataratas do Iguaçu. Toda essa característica nos leva a agradecer a comunidade de Foz por nos recepcionar bem, por receber nossos visitantes que vêm de fora nos conhecer”, ressalta Carmel.

Um futuro não muito distante

Um dos objetivos do atrativo é tornar conhecida toda sua experiência no cuidado com as aves, desde o nascimento até a vida adulta, o pioneirismo na reprodução de aves, tanto no Brasil quanto no exterior, mas principalmente seu trabalho na conservação das espécies da Mata Atlântica, que envolve muito mais que a atuação apenas no atrativo. Isso porque o Parque das Aves apoia diversos projetos de conservação em estados de Mata Atlântica, além de ser a sede do Centro de Sobrevivência de Espécies: Brasil, da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN CSE).

O reconhecimento do segundo bioma mais biodiverso do planeta deveria ser algo natural para as pessoas, principalmente para os 72% de brasileiros que vivem na Mata Atlântica, mas essa não é a realidade. Apesar de essa floresta concentrar o maior número de espécies endêmicas, ou seja, que só ocorrem ali, 8% de todas as espécies do planeta vivem nesse bioma, e muitos sequer sabem que fazem parte dessa riqueza de biodiversidade que é a Mata Atlântica.

“Ainda é preocupante nossa situação em relação à Mata Atlântica. Dela provém água, equilíbrio do clima, alimentos, madeira e fibras, plantas e princípios ativos para alguns medicamentos, além da proteção do solo e, por consequência, o sucesso na agricultura”, avalia Carmel.

 

Projetos para 2020

No começo de 2019, o Parque das Aves foi acreditado internacionalmente pela Alpza (Associação Latino-Americana de Parques Zoológicos e Aquários), a primeira instituição zoológica no Brasil a receber o reconhecimento internacional pelo excelente trabalho que realiza com os animais que abriga, mas também com os visitantes, seus colaboradores e o meio ambiente. A associação é a mais importante organização regional de zoológicos, que inclui as instituições de maior prestígio e influência da América Latina.

Anualmente, a Alpza realiza um congresso no qual reúne profissionais dessa área que atuam em instituições latino-americanas. Em 2020, o congresso será realizado em Foz do Iguaçu, no mês de junho. “Seremos palco deste grande evento, o XXVII Congresso Alpza, que para nós é uma honra. Nele vamos levantar discussões e buscar soluções para a conservação de espécies na América Latina com o tema ‘Ações locais para causar um impacto global’. Além disso, mostraremos aos participantes nossa biodiversidade e como trabalhamos para preservá-la”, explica Carmel, que esteve presente na edição do evento no Chile.

E as novidades para 2020 não param por aí. Um novo viveiro, que no final vai chegar a ter 5 mil m², está sendo construído e vai ficar pronto em janeiro. O Viveiro Cecropia vai abrigar periquitos e tucanos resgatados de tráfico e maus-tratos; e, como tudo no Parque das Aves é sustentável, com esse novo ambiente não seria diferente: tudo é feito por mãos humanas, sem máquinas, realizado com o máximo de cuidado para que nenhuma árvore seja danificada, criando uma experiência ecologicamente profunda para aves e visitantes.

Viveiro Cecropia em números

  • Tamanho na primeira fase: 2.140 m²
  • Medidas do viveiro: 66 metros de comprimento, 27m5 + 32 metros (59m5) de largura e 22 metros de altura)
  • Tamanho na segunda fase: 5 mil m²
  • Altura média de 22 metros (fazer uma comparação entre uma pessoa, uma cecropia e o viveiro – a cecropia tem de 4 a 8 metros de altura: https://www.arvores.brasil.nom.br/new/embauba/index.htm)
  • Primeira fase: viveiro de periquitos, viveiro de tucanos, corredor de entrada e corredor de saída
  • Segunda fase: formigueiro de formigas-cortadeiras e restaurante
  • Aves: 500 periquitos e 30 tucanos e araçaris
  • 100 cecropias plantadas
  • 100 rolos de tela usados para a construção do viveiro dos periquitos
  • 2 espécies de formiga: azteca e cortadeira

 

 

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