A Receita Federal registrou arrecadação recorde de R$ 7,9 bilhões em 2025 proveniente das plataformas de apostas de quota fixa e jogos online. O valor representa crescimento de mais de 16.000% em comparação ao ano anterior, segundo dados divulgados pelo órgão. O desempenho ocorreu mesmo sem aumento da alíquota: a mudança proposta na MP 1303, derrubada pelo Congresso, não chegou a entrar em vigor.
O Ministério da Fazenda atribui o avanço à formalização do mercado e à expansão das operações legalizadas, que passaram a contribuir de maneira mais efetiva para os cofres públicos. Apenas em outubro, o total arrecadado superou R$ 1 bilhão — mesmo com queda em relação ao mês anterior, em que a Receita registrou R$ 1,2 bilhão com as apostas.
O crescimento da arrecadação está diretamente relacionado à popularidade do cassino online no país. Em relatório divulgado pela casa de apostas KTO, a predominância entre os mais de 3.400 jogos disponíveis na plataforma foi dos títulos de slot: concentraram 93,9% das rodadas realizadas pelos usuários.
Entre os mais jogados estão KTO Big Bass Splash (popularidade de 45,57%), Fortune Tiger (34,82%) e Fortune Rabbit (30,15%). Os chamados crash games, como Aviator e JetX, representam 4,2% das rodadas, enquanto roletas e jogos ao vivo somam menos de 1%.
Nos cassinos ao vivo, a Roleta Relâmpago Brasileira e o Crazy Time figuram entre os preferidos, com popularidade superior a 40% entre os participantes. O relatório ainda aponta PG Soft e Pragmatic Play como os provedores mais utilizados, responsáveis por mais de 70% das jogadas na plataforma.
Governo discute aumento de alíquota sobre bets e fintechs
Com o aumento expressivo na arrecadação, o governo federal articula uma nova rodada de ajustes tributários para o setor. O Projeto de Lei 5.473/2025, em tramitação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, propõe elevar a tributação das apostas de 12% para 24% sobre a receita bruta de jogos e casas de apostas.
A proposta também inclui o aumento da CSLL cobrada de fintechs de 9% para 15%, com o objetivo de ampliar a base arrecadatória e financiar programas sociais. O texto, relatado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), foi apresentado pelo presidente da CAE, Renan Calheiros (MDB-AL), e ainda está em fase de análise.
Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, a mudança pode gerar impacto superior a R$ 5 bilhões em 2026. O projeto tem caráter terminativo, podendo seguir diretamente à Câmara dos Deputados caso seja aprovado na comissão.
Legalização dos cassinos segue indefinida
Enquanto o debate sobre as apostas online avança, o tema dos cassinos terrestres continua sem definição. O Projeto de Lei 2.234/2022, que trata da regulamentação de cassinos, bingos e jogo do bicho, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em 2024, mas ainda não foi apreciado em plenário.
De acordo com o relator, senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), a proposta poderia gerar até R$ 20 bilhões em arrecadação anual e criar 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos. O texto prevê a instalação de ao menos um resort cassino por estado, com possibilidade de ampliação em unidades federativas mais populosas.
Apesar do potencial econômico, o projeto segue em compasso de espera por divergências entre parlamentares sobre o modelo de concessão e a fiscalização das operações. Mais de um ano após sua aprovação na CCJ, a pauta ainda depende de acordo político para avançar no Senado.


