No coração de Foz do Iguaçu, encontra-se um tesouro cultural e arquitetônico: a Mesquita Omar Ibn Al-Khattab. Ali os visitantes têm a oportunidade única de conhecer a rica tradição islâmica e observar os costumes religiosos em uma atmosfera acolhedora e respeitosa.
Eu e a jornalista Thaynara Pagno fomos até a mesquita para conhecer pela primeira vez, foi uma imersão no universo do Islã, experiência que valeu a pena ser vivida.
A experiência
Inaugurada em 1983, a Mesquita Omar Ibn Al-Khatab promove hospitalidade e cultura islâmica, atraindo turistas. Com 600m² e templo de 400m² voltado para Meca, destaca-se pelos arabescos e arte oval com torres brancas.Ao entrar na Mesquita, as visitantes mulheres são gentilmente convidadas a vestir um véu padronizado, o que proporciona uma experiência mais imersiva. A higienização dos véus ao fim de cada manhã assegura um ambiente limpo e seguro para todos.
Ao longo da visita, um audiovisual apresenta informações sobre a história do Islã, desde os tempos do profeta Adão até a vida e a missão do profeta Maomé. O vídeo destaca também a importância dos cinco pilares do Islã: a proclamação de fé, a prática das orações, a caridade, o jejum durante o mês do Ramadã e a peregrinação a Meca.
Ao final, somos incentivados a ler o Alcorão, começando pelo capítulo de Maria, mãe de Jesus, que é considerada a mulher mais pura e virtuosa no Islã. Folhear suas páginas e ler seus versículos é uma experiência enriquecedora, mesmo que você não deseje se converter.
A riqueza e a harmonia dos detalhes arquitetônicos são de tirar o fôlego, oferecendo uma experiência sensorial única. É possível observar os fiéis em seus momentos de devoção, ajoelhando-se em humildade perante Deus.
A visita à Mesquita também aborda a importância das orações e sermões em grupo, especialmente na sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos. A união dos fiéis durante as orações é um testemunho da força e coesão da comunidade islâmica.
A mesquita
Além da beleza arquitetônica da Mesquita, os visitantes podem conhecer mais sobre a presença do Islã no Brasil. Atualmente, estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas pratiquem a religião no país. A Mesquita de Foz do Iguaçu é um exemplo de como a comunidade islâmica tem crescido e prosperado, com mesquitas espalhadas por diversas cidades brasileiras.
Atualmente, a Mesquita passa por reformas para melhorar o estacionamento, construir uma escola e reformar a quadra esportiva. Essas melhorias visam aprimorar a experiência dos visitantes e contribuir para o fortalecimento da comunidade islâmica local.
“O complexo turístico da mesquita começou em 2010 quando nós levamos a ideia para Itaipu, PTI, prefeitura, com essa vontade de trazer algo que beneficiasse a cidade no setor de turismo religioso, que criasse esse primeiro movimento do turismo religioso em Foz do Iguaçu, e isso foi aceito” conta Dr. Faisal Ismail, diretor da beneficência da Mesquita. “Nós começamos então um processo de pesquisa na região, na cidade, com apoio de entidades educacionais, apoio do PTI, Itaipu e prefeitura, nós desenvolvemos um estudo durante alguns anos onde nós construímos o projeto em 2017. Esse projeto foi desenvolvido para receber o turista com a melhor qualidade que existe.”
O complexo começou a ser construído em 2020 e levou dois anos para ficar pronto. A mesquita foi inteiramente revitalizada para que pudesse acolher a todos e hoje tem uma bela estrutura para nos atender. Tudo foi desenvolvido pensando no turista, desde o estacionamento, sala de audiovisual e uma loja de souvenirs e comidas culturais.
Curiosidades
Fizemos a visita no fim do mês sagrado do Ramadã, os muçulmanos praticam o jejum, um dos cinco pilares do Islã. Algumas pessoas não conseguem jejuar por motivos de saúde, gravidez, amamentação ou menstruação. Estas pessoas que não podem jejuar, compensam os dias perdidos ou fazem doações equivalentes a uma refeição para cada dia não jejuado.
Mulheres islâmicas não são obrigadas a usar o hijab (véu), é uma escolha delas. Conversando com Hola El Kadri, ela comentou que não usa o véu regularmente, mas pretende usar quando estiver pronta para isso. Também deu o exemplo de sua mãe, que só começou a usar o hijab quando a filha tinha 6 anos.
“É uma meta, eu quero usar o véu, mas eu preciso ainda me entender, me compreender como uma mulher muçulmana verdadeiramente falando. Eu preciso estar 100% dentro disso e passar a usar o véu” contou Hola. “Esse é o fantástico, é o livre arbítrio de você poder ser quem você é com ou sem o véu e isso não me faz mais ou menos muçulmana, isso não diz se eu tenho mais fé ou menos fé e tá tudo certo.”
Na mesquita, as pregações são realizadas em português, garantindo a compreensão dos fiéis brasileiros. Já as orações, seguindo a tradição islâmica, são feitas em árabe. Outra característica marcante é a leitura do Alcorão, o livro sagrado do Islã, que deve ser realizada de maneira cantada, seguindo os ensinamentos dos líderes religiosos.
Na tradição islâmica, o jejum durante o mês sagrado do Ramadã é uma prática importante, sendo um dos cinco pilares da fé. As crianças podem ser incentivadas a participar dessa prática desde cedo, permitindo que se familiarizem com as crenças e costumes. No entanto, a obrigatoriedade do jejum inicia apenas após a puberdade, quando se tornam adultos perante a religião. Dessa forma, os jovens muçulmanos são encorajados a desenvolver disciplina e compreender o significado do jejum, fortalecendo sua identidade religiosa e estabelecendo um vínculo com a comunidade islâmica.
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