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Conversamos com uma grande personalidade do turismo, o empresário Guilherme Paulus, que trabalha com o segmento há 52 anos. Paulus compartilhou conosco suas perspectivas sobre o presente e o futuro do turismo na Tríplice Fronteira, confira!
Como você vê o papel do turismo na Tríplice Fronteira na economia brasileira, paraguaia e argentina?
O turismo é um forte gerador de empregos e renda, fato já comprovado. Foz do Iguaçu é um exemplo claro disso, com atrações majestosas como as Cataratas do Iguaçu, a Itaipu Binacional, e uma variedade de atrações turísticas em constante modernização. Hoje, é uma das principais atrações turísticas do Brasil.
O Rio de Janeiro lidera a lista como um dos principais pontos de entrada, enquanto São Paulo também se destaca por ser a décima cidade em maior desenvolvimento. Em seguida, temos as Cataratas do Iguaçu, consideradas uma das Sete Maravilhas do Mundo. Precisamos valorizar este patrimônio, especialmente nós, paranaenses, já que uma grande parcela da população do Paraná ainda não conhece as Cataratas do Iguaçu. É essencial promover essa maravilha em vista do desenvolvimento local, o qual já está sendo impulsionado pela duplicação da Rodovia das Cataratas, facilitando o acesso dos turistas. Atualmente, o Parque Nacional está bem equipado para receber visitantes.
A cidade também conta com uma rede hoteleira preparada, com destaque para grandes hotéis, como o Belmond, uma grande vitrine do Brasil no exterior. Para complementar a infraestrutura da cidade, é crucial ter um aeroporto bem estruturado, um aspecto em que Foz também se destaca.
Quais são os principais desafios e oportunidades que você vê para o turismo na Tríplice Fronteira?
Atualmente, há um debate em andamento sobre a necessidade de os principais atores do turismo e a prefeitura unirem forças para promover o desenvolvimento do setor. A importância de um plano diretor não pode ser subestimada, principalmente agora que teremos a nova Rodovia das Cataratas. Este plano deve orientar o que pode ou não ser feito na área – se podem existir hotéis verticais ou horizontais, por exemplo. Também precisa especificar como se organizará o comércio. É essencial ter um plano diretor que encante quem vive e visita a cidade, pois ninguém gosta de desorganização.
Vejamos o exemplo de Portugal, um país pequeno, mas extremamente bem organizado em termos de turismo. Lá, bares, restaurantes, hotéis e atrações turísticas estão claramente definidos e organizados, criando uma experiência agradável para os turistas.
Acredito que precisamos ampliar a oferta de atrações turísticas. Hoje temos o Rafain, com seus espetáculos incríveis, mas precisamos de mais casas de shows, especialmente no centro de Foz do Iguaçu. É importante criar atrações para os turistas que ficam no centro da cidade, para que eles não tenham apenas a opção de ir a um bar e depois dormir. Os hotéis precisam estar mais preparados para isso e devem existir mais casas de espetáculos, intensificando o apelo turístico da cidade.
O Visit Iguassu tem desempenhado um papel crucial no apoio aos empresários da região. Tive a oportunidade de observar o trabalho realizado por Felipe González e posso afirmar que é de grande importância.
Guilherme Paulus. Foto: Divulgação.
Com sua vasta experiência na indústria do turismo, que tipo de tendências você espera para o turismo na Tríplice Fronteira nos próximos anos?
Nós, que atuamos no setor de turismo, devemos dominar a arte de receber bem as pessoas. Todos gostam de ser bem recebidos. Imagine quando você recebe uma visita em casa ou convida alguém para ir ao seu lar: você organiza tudo, perfuma a casa, talvez coloque uma flor na mesa. Se prepara para que seu convidado se sinta bem e à vontade. É esse o papel de quem trabalha com turismo.
Desde a camareira até o funcionário que leva a bagagem para o apartamento, todos têm um papel vital. Se atenderem com sorriso no rosto e simpatia, certamente receberão uma gratificação. Essa atenção aos detalhes e esse cuidado no tratamento são muito importantes no setor de turismo.
Qual é a sua relação com a Tríplice Fronteira?
A minha primeira visita a Foz do Iguaçu foi há 48 anos – há muito tempo! Naquela época, a Rodovia das Cataratas ainda não estava asfaltada e a entrada do Parque Nacional das Cataratas era bem modesta. Desde então, o lugar se transformou completamente.
Comecei a trabalhar com turismo, organizando grupos de viagens. Naquela época, Foz do Iguaçu era um ponto de turismo. Assim, a minha história com Foz do Iguaçu já se estende por quase 50 anos. Toda a minha família é do Paraná e, embora eu tenha nascido em São Paulo, me considero paranaense. Tenho um grande orgulho disso.
O senhor acha que Foz do Iguaçu está bem posicionado nacionalmente?
Sem dúvida, a grande atração turística em Foz do Iguaçu são as Cataratas do Iguaçu, mas a cidade também se beneficia de sua localização na fronteira, oferecendo a facilidade de visitar tanto a Argentina quanto o Paraguai. Essa conveniência atrai muitos visitantes. Um dado interessante para se comparar é que, no último feriado, as Cataratas do lado brasileiro receberam mais visitantes do que o lado argentino, evidenciando a força do turismo no Brasil.
Agora pode me falar um pouco mais sobre o senhor? Quem é Guilherme Paulus? Você poderia compartilhar algumas histórias de sucesso ou lições aprendidas com suas experiências?
Guilherme Paulus é um empresário brasileiro que teve o prazer de fundar a CVC Turismo aos 23 anos, em parceria com um deputado estadual do ABC em São Paulo. Iniciamos um trabalho voltado para o turismo de massa, direcionado aos trabalhadores
Na época, o turismo não era muito divulgado, então fomos pioneiros em oferecer viagens rodoviárias acessíveis, permitindo que mais pessoas viajassem. Este foi um trabalho que realizamos intensamente durante as décadas de 80 e 90.
Mais tarde, vendi minha participação na CVC, mas também tive outras empreitadas no setor, como a companhia aérea WebJet e uma rede de hotéis. Acabamos vendendo esses negócios, mas recentemente a família Paulus retornou ao setor – meu filho começou a investir na CVC, e agora somos acionistas da empresa. Tenho muito orgulho disso e, de fato, a CVC continua sendo uma das maiores empresas de turismo do país e atende também clientes internacionais. Atualmente, a CVC está entre as 10 maiores empresas de turismo do mundo. Também possuímos um hotel de luxo em Gramado, o Saint Andrews, que cresceu muito e ganhou força no Brasil.
Captura de tela da entrevista com Guilherme Paulus.
Com que frequência o senhor vem para a Tríplice Fronteira? O que mais gosta de fazer quando vem para cá?
Certamente, visitar o Paraguai e a Argentina, jogar um pouco de golfe e contemplar as Cataratas são experiências únicas e revigorantes. Elas proporcionam um verdadeiro momento de paz. Eu acho maravilhoso. Embora não visite as Cataratas todas as vezes que vou a Foz, tento fazer essa visita pelo menos três vezes ao ano. Faz muito bem para a alma e para o coração.
No entanto, nunca deixo de aproveitar a culinária excepcional da Argentina e de fazer compras no Paraguai, que sempre traz novidades. Toda vez que visito a região, é prazeroso comprar algo, seja um perfume, uma camisa, um presente para a esposa ou algo para o filho. Sempre há algo interessante para levar para as netas. Tudo isso torna a experiência agradável.
Longa vida para G Paulus.