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Pode parecer estranho um militar da reserva comandar um hotel, mas esse cargo é bastante comum no Brasil. Em Foz do Iguaçu não é diferente. O coronel do Exército Ronaldo Santos Costa norteou toda a sua vida na carreira militar e quando estava prestes a se aposentar recebeu um convite, de um dos gestores da rede hoteleira, para comandar o Hotel Golden Park Internacional Foz & Convenções.
“Ao longo da minha jornada, eu trabalhei em vários locais: Campinas (SP), Resende (RJ), Santa Maria (RS), Rio de Janeiro, Cascavel (PR), Goiânia (GO), Brasília, Campo Grande (MS), Corumbá (MS) e por último Foz do Iguaçu (PR), onde fui subcomandante do 34º BIMec. Aqui na cidade encerrei a minha carreira militar e fui convidado para assumir a gerência do Golden, um grande desafio para mim, pois tenho experiência administrativa e experiência com relacionamento de pessoas. Mas de hotelaria, quando cheguei há cinco anos, só sabia o que era ser hóspede. Foi a primeira e única experiência na área até agora.”
(Foto: Assessoria)
Maiores desafios frente ao Golden Park
Ronaldo destaca que quando chegou ao Golden um dos maiores desafios foi conhecer o funcionamento do hotel e o grupo de colaboradores. “Eu precisei usar todo o meu conhecimento do Exército e transformar para a gestão do hotel, não só da parte administrativa e operacional, como também a gestão de pessoas. Li bastante sobre a hotelaria, fiz cursos e fui aprendendo na prática. Eu procurei ser justo na hora de demitir e admitir, justo em elogiar e em criticar”, explica.
No entanto, o maior desafio da carreira foi em 2020, com a chegada da pandemia, que atingiu em cheio o setor de hospedagem. Para isso, Ronaldo e sua equipe precisaram reinventar-se e trabalhar ainda mais. O gerente conta que em alguns momentos foi tido como pessimista, pois sabia que a onda do coronavírus duraria mais do que o esperado. Por isso, ele usou o tempo em que o hotel ficou fechado para preparar sua equipe, rever alguns cargos, que acabaram extintos, e terminar a reforma de quatro andares do hotel, os quais passaram por uma modernização.
(Foto: Assessoria)
“Foi bem triste ver o hotel fechado, mas serviu como aprendizado para todos nós, que passamos a valorizar mais o trabalho. Na minha vida pessoal consegui reestruturar alguns aspectos com a minha família, valorizar cada momento juntos e curtir as pequenas coisas, como cozinhar e apreciar um bom vinho. Isso foi muito importante para lidar com esse cenário adverso.”
Recomeço
O gerente acredita que a chegada da vacina pode fazer as coisas voltarem à normalidade no segundo semestre deste ano. No entanto tem consciência de que o comportamento das pessoas mudou e seguirá assim daqui em diante. “Hoje as pessoas estão mais antenadas, e com o aumento do uso da internet as reuniões on-line agora são uma realidade, o que irá diminuir os eventos presenciais. Sem contar que as pessoas estão mais criteriosas quanto à hospedagem, principalmente sobre o que outras pessoas falam do hotel, fotografias, tarifas. Hoje as pessoas buscam por preços baixos e qualidade no serviço, então sinto que voltar aos preços normais das tarifas será um grande desafio.”
(Foto: 100fronteiras)
Mas de modo geral, Ronaldo considera que hoje os hóspedes estão curtindo mais as áreas sociais do hotel, como a piscina. Por isso, o principal objetivo neste ano é trabalhar na retomada dos hóspedes e das tarifas do Golden e proporcionar a melhor experiência possível para as pessoas.
“Hoje eu posso dizer que já sei um pouquinho de hotelaria. Tenho experiência na área, algo que não tinha quando cheguei há cinco anos. Consigo tranquilamente direcionar os hóspedes e colaboradores, planejar e me antecipar às mudanças no cenário, em vez de esperar as situações chegarem até mim. A minha principal função não é dizer como a pessoa deve trabalhar, mas impulsioná-la a fazer o melhor trabalho possível. Sou muito justo e muito franco com as pessoas. Procuro dar o exemplo nas condutas a serem tomadas e escuto as opiniões de cada um. Esses reflexos são inerentes à personalidade militar”.