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Ser pai ou mãe apresenta desafios intrínsecos, incluindo a busca constante pelo bem-estar dos filhos. Há momentos em que os adultos se sentem incertos sobre como agir, o que é natural. Afinal, a parentalidade não vem com um manual, e as crianças não seguem o script enem sempre reagem da forma que se espera. No entanto, cabe aos pais cuidar não apenas cuidar da saúde física dos filhos, mas também da saúde mental.
Segundo dados do CAPSi – Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil, o número de crianças e adolescentes em risco de suicídio subiu de 34 casos em 2017 para 270 em 2021, um aumento de mais de 800%.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, vivemos numa sociedade infestada por neuronais. Em todo o mundo, estima-se que 10% a 20% dos adolescentes vivenciam problemas de saúde mental, mas permanecem diagnosticados e tratados de forma inadequada.
Em todo o mundo, a depressão é a 9ª causa de doença e incapacidade entre todos os adolescentes, a ansiedade é a 8ª principal causa. Além desses transtornos de humor, é necessário se preocupar com fatores que podem ter comorbidade. Muitas pessoas que experienciam transtornos de humor podem ser associadas a transtornos globais de desenvolvimento como o transtorno de déficit de atenção (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA) e também transtornos alimentares.
Apesar disso, a educação emocional ainda é negligenciada. O resultado, segundo a psicanalista e autora Elisama Santos, é uma sociedade composta por indivíduos emocionalmente analfabetos, no qual cria um ciclo cada vez mais insustentável frente a estatísticas alarmantes sobre saúde mental.
Setembro Amarelo em Foz do Iguaçu
Em Foz do Iguaçu, a campanha “Setembro Amarelo – É Preciso Falar” atua para combater estigmas e apoiar o bem-estar mental de crianças e adolescentes. Originada de uma simples roda de conversa em uma escola local, a iniciativa ganhou impulso quando nove dos 42 alunos participantes admitiram ter pensamentos de autoextermínio.
Conforme estabelecido pela Lei 10.216/2001, o foco em saúde mental tem sido o fortalecimento das redes de atenção psicossocial nos municípios. Embora por vezes influenciada por agendas políticas temporárias, a estratégia central consiste em ações preventivas e comunitárias que transcendem as paredes das instituições. Essa é a missão da Diretoria de Saúde Mental de Foz do Iguaçu.
O diretor da Saúde Mental e coordenador da Câmara Técnica da Rede de Atenção Psicossocial em Foz, Antônio Batista Santana Júnior, destaca o estigma e os preconceitos associados à saúde mental. Esses fatores frequentemente impedem as pessoas em sofrimento, incluindo crianças e adolescentes, de buscar ajuda. Ouvir comentários insensíveis podem intensificar a dor da pessoa, levando-o a se culpar por seus sentimentos e a evitar procurar auxílio.
Para crianças e adolescentes, o desafio é agravado por fatores contemporâneos. A sobrecarga de estímulos e informações prejudica a atenção, enquanto o constante engajamento com a tecnologia substitui vínculos afetivos significativos.
Adolescentes enfrentam pressões adicionais em plataformas de mídia social, onde imagens idealizadas podem gerar sentimentos de inadequação e inferioridade. Essas pressões se somam às mudanças hormonais típicas da idade e às exigências sociais, como a escolha de uma carreira. Muitos se sentem pressionados a encontrar uma ocupação que não só os agrade, mas também seja financeiramente viável e atenda às expectativas dos pais. A falta de habilidades emocionais para lidar com esses fatores pode resultar em comportamentos autodestrutivos.
Santana Júnior alerta para sintomas que podem indicar problemas de saúde mental, como alterações bruscas de humor, episódios de choro intenso, irritabilidade, embotamento afetivo, e outros sinais como alterações no sono e autoagressão. Ele enfatiza que, diante desses sintomas, é crucial buscar ajuda profissional.
Para os que necessitam de ajuda, existem várias opções. Pode-se começar por uma unidade de atenção primária à saúde, onde o risco à saúde mental será avaliado. Dependendo da necessidade, o paciente pode ser encaminhado para um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), um ambulatório de Saúde Mental, ou o CER-IV. Casos que envolvam uso abusivo de drogas ou risco de suicídio requerem atenção imediata e devem ser direcionados ao CAPSi para adolescentes, ou ao CAPS ad ou CAPS II para adultos.
Precisa de ajuda? Ligue 188
Em situações de crise aguda, como pensamentos de morte ou sintomas intensos de tristeza, pode-se ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188.
Para emergências, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pode ser acionado pelo telefone 192 e o caso será encaminhado para o Hospital Municipal Padre Germano Lauck.