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Fachada do Hospital Municipal Padre Germano Lauck. — Foto: Divulgação
O cenário de saúde nas cidades fronteiriças do Brasil é preocupante, segundo levantamento recente do Conselho Federal de Medicina (CFM). Em Foz do Iguaçu, particularmente, o Hospital Municipal Padre Germano Lauck enfrenta desafios de sustentabilidade.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, analisados pelo CFM e destacados na revista Carta Capital, 45% (268) das 588 cidades fronteiriças nas regiões sul, centro-oeste e norte do país não contam com um hospital geral. Este é o cenário em Foz do Iguaçu. Além disso, nos últimos dez anos, 38 centros hospitalares encerraram suas atividades.
Estas cidades, distribuídas em 11 estados brasileiros, prestam atendimento a 12 milhões de habitantes. Muitos são moradores de países vizinhos, como Paraguai e Argentina, que atravessam a fronteira em busca de atendimento médico, ampliando ainda mais a demanda em Foz do Iguaçu.
Apesar dessa realidade, o Hospital Municipal de Foz, o único que atende integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na área, absorve um impacto de cerca de um milhão de pessoas, incluindo moradores de nove cidades da região extremo-oeste e do departamento de Alto Paraná, no Paraguai. Esse atendimento custa à prefeitura aproximadamente R$ 84 milhões anualmente, despesa que poderia ser destinada a outras necessidades do município, incluindo a própria saúde pública.
Enquanto cidades vizinhas como Cascavel e Toledo contam com hospitais regionais custeados por recursos estaduais e transferências federais, Foz do Iguaçu carrega sozinha o fardo financeiro de seu hospital municipal.
Diante desse quadro, propostas para a sustentabilidade do hospital foram apresentadas.
Entre elas estão a federalização do hospital como instituição de ensino para o curso de medicina da Unila, a regionalização sob administração da Secretaria Estadual de Saúde, a gestão pela Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e a criação de uma fundação com recursos estaduais e federais.
O levantamento do CFM também evidencia outros gargalos na saúde das cidades fronteiriças. Quatro em cada dez municípios não têm leitos para internação de adultos ou crianças. Além disso, 92% não possuem leitos de UTI, apesar de um aumento de 47% na última década. A atenção básica de saúde também foi afetada, com 72% das cidades reduzindo as consultas, prejudicando 80% da população que depende exclusivamente do SUS.
A região sul do Brasil destaca-se com o maior número de municípios fronteiriços. Em especial, no Paraná, das 139 cidades que fazem fronteira com Paraguai e Argentina, 75 não têm um hospital geral e apenas 13 contam com UTI.
Esses dados reforçam a necessidade urgente de políticas públicas eficazes que atendam às demandas específicas das cidades de fronteira, garantindo o acesso à saúde de qualidade para todos os cidadãos.