Nesta semana, a Polícia Federal apreendeu garrafas de azeite de oliva adulterado. Por meio da Operação Lampante, as investigações apontaram para um casal residente em Foz do Iguaçu, que importava o óleo irregularmente da Argentina vender na Internet para diversas regiões do Brasil.

“Laudos periciais realizados anteriormente apontaram que o produto em questão é uma mescla de óleos de soja e girassol e apresentou acidez de 5,2%. De acordo com as normas brasileiras, o azeite se torna impróprio para consumo humano quando a acidez é superior a 2%” explica a Polícia Federal.

Lampante é um óleo produzido a partir de azeitonas fermentadas, com acidez superior a 2% e, portanto, impróprio para consumo humano. Antigamente, o lampante era utilizado como combustível para lamparinas.

Para entender os riscos que o azeite de oliva adulterado pode causar a saúde, entramos em contato com o Dr. Humberto, médico na Tríplice Fronteira que esclareceu algumas dúvidas em relação ao produto.

Azeite de Oliva apreendido
Foto: Polícia Federal.

Qual a importância da acidez do azeite para a saúde humana?

A principal importância da acidez está relacionada à qualidade do azeite. Quanto menor a acidez, melhor será a qualidade do azeite. A acidez elevada pode ser indicativa de azeite deteriorado ou de baixa qualidade, normalmente devido a fatores como a má qualidade das azeitonas ou o armazenamento inadequado.

No entanto, do ponto de vista da saúde humana, outros fatores são mais relevantes. O azeite é considerado um alimento saudável devido à sua composição rica em ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido oleico. Esses ácidos graxos são benéficos para o sistema cardiovascular, pois podem ajudar a reduzir o colesterol ruim (LDL) e aumentar o colesterol bom (HDL).

Quais são os potenciais efeitos para a saúde ao consumir azeite de oliva com acidez superior a 2%?

A acidez do azeite é um fator importante a ser considerado em relação à sua qualidade, mas não está diretamente relacionada à saúde humana. A acidez do azeite é determinada pela quantidade de ácidos graxos livres presentes no óleo. É expressa como uma porcentagem de ácido oleico, o principal ácido graxo encontrado no azeite.

A principal importância da acidez está relacionada à qualidade do azeite. Quanto menor a acidez, melhor será a qualidade do azeite.

Por que a norma brasileira estabelece o limite de acidez em 2% para o azeite de oliva?

A norma brasileira estabelece um limite máximo de acidez de 2% para o azeite de oliva com base em critérios internacionais e considerações de qualidade do produto. Esse limite está de acordo com os padrões estabelecidos pelo Conselho Oleícola Internacional (COI), uma organização internacional que define os padrões para azeite de oliva e produtos relacionados.

Limitar a acidez em 2% ajuda a assegurar que o azeite vendido no Brasil atenda a padrões mínimos de qualidade.

A longo prazo, quais poderiam ser as consequências para a saúde de quem consumiu esse azeite adulterado?

O azeite é uma fonte de antioxidantes, como os polifenóis, que possuem propriedades anti-inflamatórias e podem ajudar a proteger o corpo contra danos oxidativos. Esses compostos bioativos do azeite estão associados a uma série de benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de doenças cardiovasculares, câncer, doenças neurodegenerativas e inflamatórias. Portanto consumir azeite adulterado, poderá acarretar a longo prazo aumento significativo nos riscos de desenvolvimento de todas as doenças citadas acima.

O consumo de azeite de oliva adulterado pode representar riscos para qualquer pessoa, independentemente da idade ou de condições específicas de saúde. No entanto, é importante ressaltar que os riscos variam dependendo do tipo de adulterante presente no azeite e da quantidade consumida.

Existem alguns sinais que podem indicar a possibilidade de um azeite estar adulterado ou ter uma alta acidez?

É importante ressaltar que esses sinais não são definitivos, mas podem ser indicativos de problemas na qualidade do produto. Aqui estão alguns pontos a serem observados:

  1. Rótulo e informações: verifique se o rótulo do azeite contém informações claras, como origem, data de envase, tipo de azeite (virgem, extra virgem, refinado), e se está de acordo com as regulamentações locais. A falta de informações precisas ou rótulos confusos pode ser um sinal de alerta.
  2. Acidez elevada: a acidez do azeite é medida em porcentagem de ácidos graxos livres. Um azeite com uma acidez superior a 2% (conforme mencionado na norma brasileira) pode indicar que o produto não atende aos padrões de qualidade.
  3. Sabor e aroma: o azeite de oliva de qualidade tem um aroma e sabor característicos, que podem variar dependendo do tipo e da origem do azeite. Se o azeite tiver um sabor ou aroma rançoso, metálico, ou se apresentar notas desagradáveis, pode indicar um produto de baixa qualidade.
  4. Clareza e transparência: um azeite autêntico tende a ser límpido e transparente. Se o azeite estiver turvo, com sedimentos visíveis ou partículas em suspensão, pode ser um sinal de qualidade inferior.
  5. Preço suspeito: o preço muito baixo em comparação com outros azeites de qualidade similar pode ser um indicador de adulteração. A produção de azeite de oliva de qualidade requer cuidados e processos específicos, o que pode resultar em um preço relativamente alto.
  6. Procedência duvidosa: se houver dúvidas sobre a origem do azeite, especialmente se não for possível rastrear sua procedência até uma fonte confiável, é recomendável ter cautela.

É importante ressaltar que esses sinais não são conclusivos, e a melhor maneira de garantir a autenticidade e a qualidade do azeite é adquiri-lo de fornecedores confiáveis e respeitáveis, que sigam as regulamentações e padrões de qualidade estabelecidos.

O consumo de azeite de oliva adulterado pode interagir com a eficácia de algum medicamento ou tratamento médico?

O consumo de azeite de oliva adulterado não está diretamente associado a interações com medicamentos ou tratamentos médicos específicos. No entanto, é importante destacar que o consumo de produtos adulterados, em geral, pode apresentar riscos desconhecidos devido à presença de substâncias não declaradas ou de qualidade inferior.

Em casos extremos, se um azeite adulterado contiver substâncias potencialmente prejudiciais, pode haver possíveis interações ou efeitos adversos com medicamentos ou tratamentos médicos. Por exemplo, se o azeite adulterado contiver óleos vegetais de baixa qualidade ou contaminantes, pode haver efeitos indesejados quando combinados com medicamentos específicos.

Existe algum tratamento ou medidas preventivas que as pessoas que consumiram esse azeite deveriam tomar?

Se uma pessoa consumiu azeite de oliva adulterado, não há tratamento ou medidas específicas para reverter os efeitos desse consumo. No entanto, é importante lembrar que os riscos associados ao consumo de azeite adulterado são geralmente baixos, especialmente se o consumo tiver sido esporádico e em pequenas quantidades.

Como os consumidores podem garantir que estão comprando um azeite de qualidade e seguro para o consumo?

  1. Escolha marcas confiáveis: opte por marcas estabelecidas e confiáveis, com boa reputação na produção de azeite de oliva. Procure por marcas que tenham certificações de qualidade reconhecidas ou que sigam padrões rigorosos de produção.
  2. Verifique a rotulagem: leia cuidadosamente o rótulo do azeite de oliva. Verifique se ele contém informações precisas, como origem, tipo de azeite (virgem, extra virgem, refinado), data de envase e certificações de qualidade. Rótulos claros e bem detalhados são um indicativo de um produto confiável.
  3. Pesquise a procedência: faça uma pesquisa sobre a procedência do azeite de oliva e a reputação do produtor. Procure informações sobre a região de origem, métodos de produção, fazendas produtoras e histórico da empresa. Produtos com origem conhecida e produção transparente têm maior probabilidade de serem autênticos e de alta qualidade.
  4. Verifique a acidez: a acidez é um indicador da qualidade do azeite de oliva. Verifique se a acidez está dentro dos limites estabelecidos pelas normas e regulamentações locais. No Brasil, o limite máximo de acidez para o azeite é de 2%. A informação da acidez pode estar presente no rótulo ou pode ser obtida junto ao fabricante.
  5. Procure certificações de qualidade: algumas certificações de qualidade, como o selo de Indicação Geográfica Protegida (IGP) ou Denominação de Origem Protegida (DOP), podem indicar que o azeite é autêntico e produzido sob rigorosos critérios de qualidade. Procure por essas certificações no rótulo do azeite.
  6. Avalie a embalagem: observe a qualidade da embalagem do azeite. Opte por produtos que estejam armazenados em recipientes de vidro escuro ou em latas opacas. Esses tipos de embalagem protegem o azeite da luz e do oxigênio, preservando sua qualidade por mais tempo.
  7. Compre de fontes confiáveis: adquira o azeite de oliva de estabelecimentos confiáveis, como supermercados, lojas especializadas ou diretamente de produtores renomados. Evite comprar produtos de fontes duvidosas, como vendedores ambulantes ou mercados informais.

Em termos de dieta e nutrição, como o azeite de oliva adulterado se compara a outros tipos de óleos e gorduras?

O azeite de oliva adulterado não pode ser comparado diretamente a outros tipos de óleos e gorduras devido à sua natureza adulterada e potenciais efeitos desconhecidos. No entanto, é útil discutir os benefícios do azeite de oliva de alta qualidade em comparação a outros óleos e gorduras saudáveis.

O azeite de oliva extra virgem, quando autêntico e de qualidade, é considerado uma das opções mais saudáveis de gordura na dieta. Possui uma composição única de ácidos graxos monoinsaturados, principalmente o ácido oleico, que tem sido associado a vários benefícios à saúde.

É importante lembrar que esses benefícios são específicos para o azeite de oliva extra virgem autêntico e de qualidade. O azeite de oliva adulterado pode não oferecer os mesmos benefícios à saúde e pode conter ingredientes indesejáveis que podem prejudicar a qualidade nutricional.

É recomendável optar por azeite de oliva extra virgem autêntico, obtido de fontes confiáveis e que atendam às regulamentações e padrões de qualidade estabelecidos para desfrutar dos benefícios à saúde associados a essa gordura saudável.

Comentários

Deixe a sua opinião