Natália Trindade, uma voz ativa na pesquisa e na defesa dos direitos das mulheres no Brasil, destaca a necessidade urgente de expandir e investir mais em programas de pós-graduação no país, principalmente em regiões com baixa produtividade.

Durante uma visita à redação da 100fronteiras, Trindade, que é Diretora da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e Secretária Geral da Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (APGU RJ), falou sobre o atual estado da ciência no Brasil e a visão da ANPG sobre o assunto.

Trindade, 32, natural de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, é também vice do Conselho dos Direitos da Mulher da Cidade do Rio, além de ser uma respeitada pesquisadora em Estudos de Gênero, advogada e doutoranda em Direito pela UFRP. Ela tem passado por várias cidades para divulgar eventos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

De acordo com Trindade, a maioria dos programas de pós-graduação de alta produtividade estão localizados no sudeste, enquanto programas de menor produtividade são encontrados principalmente no norte e nordeste do Brasil.

“Isso significa que precisamos investir mais. A maioria desses programas são novos e precisam de mais investimentos para se desenvolverem, pois mais de 90% das pesquisas em nosso país são feitas dentro das universidades públicas e dependem diretamente do orçamento das universidades”, explica.

Foto: Markson Silva

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Trindade lamenta a redução constante no orçamento das universidades desde 2016, criando uma relação desigual, favorecendo as universidades do sudeste com maiores recursos. Ela argumenta que a questão regional é crucial na produção de conhecimento científico e defende a criação de uma “Universidade Amazônica”, que traria uma nova perspectiva ao sistema educacional do Brasil.

“Precisamos desenvolver não apenas o Brasil, mas todo o Mercosul, a América Latina. Isso é fundamental para a construção de uma pesquisa que se afaste da perspectiva eurocentrada”, defende Trindade.

A diretora da ANPG acredita que as universidades construídas no final do segundo governo de Lula, como a Unilab, são essenciais para trazer essa nova perspectiva à educação brasileira.