Embora as baixas temperaturas recentes possam ter lançado dúvidas sobre a presença de dengue em Foz do Iguaçu, a questão chave é: o frio ajuda a conter a disseminação o, estimula a proliferação dos mosquitos?

Para trazer esclarecimentos sobre o tema, estabelecemos contato com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da cidade.

100f: como o frio influencia na proliferação da dengue?

A atividade reprodutiva do mosquito Aedes aegypti reduz quando exposto a temperaturas mais baixas, isso porque a temperatura favorável para o desenvolvimento do mosquito encontra-se entre 21°C e 29°C, mas os ovos são extremamente resistentes, eles suportam o frio e podem durar mais de um ano. O mosquito é doméstico, vive dentro de casa e perto dos seres humanos, com hábitos diurnos e se alimenta basicamente de sangue humano. Por isso, toda a sociedade deve estar trabalhando junto pela prevenção e eliminação dos focos do mosquito Aedes.

100f: com o frio, existe chance de diminuir os casos?

Sim, devido ao frio influenciar na diminuição na taxa de infestação do mosquito Aedes aegyti existe também a diminuição da circulação do vírus da Dengue na população. Entretanto é quando caem as temperaturas que as medidas de controle podem ser mais eficazes, já que o ciclo reprodutivo do mosquito fica mais lento e, dessa forma, as ações voltadas para o combate terão um impacto maior, este é um período em que há menos mosquitos em circulação e, com isso, é muito mais fácil combater os focos neste momento. É preciso aproveitar a fase em que o Aedes está mais “fraco”.

100f: tem alguma diferença de pegar dengue no calor x frio?

Não, o vírus da Dengue age da mesma forma no corpo humano independente das condições climáticas. É muito importante a pessoa estar atenta aos sintomas da doença que são: febre alta, entre 39°C e 40°C, com duração de dois a sete dias, dor atrás dos olhos, dor de cabeça, no corpo e nas articulações, mal-estar geral, náusea, vômito, diarreia, manchas vermelhas na pele com ou sem coceira.  A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 

100f: onde ficam os principais focos de dengue em Foz?

Os resultados obtidos no Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) do mês de maio de 2023, que é uma metodologia que permite o conhecimento de forma rápida, por amostragem, da quantidade de imóveis com a presença de recipientes com larvas de Aedes aegypti, demonstraram que a predominância de criadouros para o mosquito são recipientes de plástico, latas, sucatas, entulho e lixos. Cerca de mais de 70% dos focos de larvas do vetor são encontrados nas residências da população do município, evidenciado a falta de cuidado da das pessoas referente aos depósitos de água em seus imóveis.

100f: qual a situação atual da dengue na cidade?

Atualmente o município apresenta 54.170 casos de Dengue notificados, com 9.441 casos confirmados e 18 óbitos por Dengue confirmados. Conforme o decreto municipal de Foz do Iguaçu n° 31.240 de 15 de março de 2023, a cidade continua em situação de epidemia de Dengue e de emergência no que tange ao risco de epidemias de doenças transmitidas por vetores.

100f: nos últimos anos, Foz teve epidemia de dengue. Teve algum ano que se passou e não foi considerado uma epidemia?

Devido a Foz do Iguaçu usar os dados referentes as notificações de casos suspeitos de Dengue como parâmetros de incidência dessa doença, desde 2018 enfrentamos epidemias constantes dessa enfermidade.

100f: como está sendo o combate contra a dengue por parte do CCZ?

A Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu através do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realiza medidas de controle e prevenção contra a dengue com trabalho de vistoria ambiental realizado por agentes de combate a endemias (ACE) em imóveis presentes nos bairros com maior número de notificações de casos suspeitos da doença.

Também é feito o trabalho de visita e fiscalização de ferros velhos, borracharias e locais que demandam uma equipe específica de monitoramento com periodicidade de 15 dias. Além da atividade de controle o CCZ realiza o monitoramento dos índices de larvas e mosquitos Aedes aegypti através da verificação de armadilhas espalhadas pela cidade.

A instituição atua também na prevenção com uma equipe de Educação, Mobilização e Comunicação que realiza palestras em escolas, unidades básicas de saúde (UBS) e empresas. Por fim o CCZ e prefeitura Municipal buscam novas tecnologias para o combate ao vetor em parcerias com instituições como a Fio Cruz, UNILA e Itaipu entre outras. 

100f: que dicas tem para passar à comunidade quanto ao alerta a esse momento de chuvas diárias, onde muitas vezes as pessoas não se atentam à água parada no quintal de casa?

É sempre imprescindível os cuidados como:

  • Limpar com escovação semanal o recipiente de água dos animais domésticos;
  • Recolher o lixo do pátio;
  • Colocar o lixo ensacado para ser recolhido pela coleta seletiva ou de materiais inservíveis em geral;
  • Recolher pneus inservíveis e armazená-los em locais secos e protegidos da chuva, ou encaminhá-los ao depósito municipal de pneus;
  • Tampar as caixas da água;
  • Tampar tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água, ou usar telas milimétricas para evitar que o mosquito tenha acesso a esses locais;
  • Limpar as calhas;
  • Semanalmente, realizar tratamento com cloro das piscinas, lavar e escovar piscinas plásticas, trocando água;
  • Eliminar os pratinhos das plantas.