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O canabidiol (CBD) recentemente tem sido objeto de crescente atenção e curiosidade, tanto de profissionais de saúde como do público em geral. No Brasil ainda há um grande conservadorismo contra a maconha medicinal. Desmistificar o assunto é uma forma de garantir que as pessoas que precisam deste medicamento consigam acesso.
O óleo de canabidiol é um produto derivado da planta cannabis, mas, ao contrário de outros compostos canabinóides, como o THC, o CBD não tem propriedades psicoativas. Isto significa que não provoca a sensação de euforia comumente associada à marijuana. Em vez disso, oferece uma série de benefícios terapêuticos sem causar alterações de consciência.
Na verdade, o CBD é conhecido por ter potencial anti-inflamatório, analgésico, neuroprotetor, entre outros. Além disso, também tem propriedades que podem ajudar a melhorar a qualidade do sono, aliviar os sintomas de condições de saúde crônicas, e até mesmo auxiliar na recuperação de vícios.
Antes de continuar, é importante lembrar que, embora o canabidiol tenha mostrado muitas promessas em estudos pré-clínicos e clínicos, ainda há muito a ser aprendido sobre o seu uso, eficácia e segurança. Além disso, as regulamentações relativas ao CBD variam em diferentes partes do mundo. Portanto, se você está considerando usar o CBD, é sempre recomendado consultar um profissional de saúde.
Com isso em mente, vamos embarcar nesta viagem de descoberta, e explorar o que a ciência tem a dizer sobre o CBD e seus benefícios.
Analgésico e anti-inflamatório
O primeiro benefício do óleo de CBD que exploraremos é o seu potencial anti-inflamatório.
Graças às suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, o CBD é um alívio natural para várias dores, inclusive náuseas e enxaquecas. Segundo o estudo “Medicinal Cannabis For Treatment Of Chronic Pain“, o CBD atua no sistema nervoso bloqueando receptores de dor.
O CBD é um verdadeiro aliado para atletas de alto desempenho e aqueles com doenças reumáticas, pois combate dores e cãibras, auxiliando na recuperação pós-exercício. Além disso, seu uso, seja tópico ou oral, promove conforto muscular.
O canabidiol é uma excelente alternativa para dor crônica, sem a toxicidade ou dependência de medicamentos prescritos. Além disso, o CBD é um tratamento complementar interessante para condições de dor crônica, através de bálsamos e óleos.
No reumatismo, onde o risco de inflamação varia, o óleo de CBD pode ser usado como um complemento terapêutico. Ao ser massageado nas áreas afetadas, pode aliviar a inflamação local.
No caso de inflamação do pâncreas, o CBD tem demonstrado potencial para auxiliar na regeneração eficaz do tecido pancreático. Segundo o estudo “Potential Use of Cannabinoids for the Treatment of Pancreatic Cancer“, o CBD pode ser um complemento a outros tratamentos, atuando para amenizar a inflamação e reduzir os sintomas em pacientes com câncer de pâncreas.
Para dermatite alérgica, que causa vermelhidão e inchaço doloroso, a aplicação tópica de CBD na forma de óleo ou creme pode proporcionar alívio, acalmando as áreas afetadas.
Em contraturas musculares, o CBD pode auxiliar na redução da inflamação, sendo potencialmente útil mesmo em condições severas como a esclerose múltipla. O CBD demonstra ser uma opção terapêutica potencial para variadas condições inflamatórias.
Efeito neuroprotetor e propriedades anticonvulsivas
A pesquisa sugere que o óleo de canabidiol (CBD) pode ter efeitos neuroprotetores, graças à interação com o sistema endocanabinoide, composto principalmente pelos receptores CB1 e CB2. CB1 está mais presente nos neurônios, enquanto CB2 está nos órgãos do sistema imunológico, incluindo o cérebro.
Segundo o estudo “Neuroprotective antioxidants from marijuana“, o CBD demonstrou proteger os neurônios de ataques tóxicos, como a excitotoxicidade, um processo de morte celular neuronal. Esta proteção é baseada em vários mecanismos, como a inibição da neurotransmissão glutamatérgica, a modulação da função das células gliais e a capacidade antioxidante.
Além disso, o CBD mostrou-se promissor no tratamento da epilepsia. Estudos em ratos epilépticos mostraram uma redução significativa de espasmos e convulsões após receberem CBD. O estudo “Cannabidiol in epilepsy: The indications and beyond” relata que o CBD pode reduzir as convulsões pela metade em cerca de 50% dos pacientes, uma eficácia comparável à de medicamentos convencionais, mas com menos efeitos colaterais.
Estabiliza o humor e ajuda curar vícios
Distúrbios do humor geralmente estão ligados a irregularidades neuroquímicas no cérebro, especialmente no sistema límbico, que regula nossas emoções. O estudo “Cannabis and Mood Disorders” (2019) demonstrou que o sistema endocanabinoide, com seus receptores CB1 e CB2 presentes nessa região cerebral, é crucial para a saúde mental.
Em caso de deficiência nesse sistema, podemos ter desequilíbrios corporais e neurológicos. O CBD pode ajudar, estimulando esse sistema e promovendo relaxamento ao reduzir estresse, ansiedade e depressão, de acordo com relatos no Portal Cannabis & Saúde.
Outra área em que o CBD tem mostrado promessa é no combate a vícios, conforme aponta o estudo “Cannabidiol as an Intervention for Addictive Behaviors“. O álcool, por exemplo, desequilibra nossa neuroquímica e reduz os receptores CB1.
O CBD, por outro lado, protege células dos danos causados pelo álcool, promove a regeneração celular e pode aliviar sintomas de abstinência. Além disso, o canabidiol também tem se mostrado útil na redução do desejo por nicotina entre fumantes.
Melhora a saúde cardiovascular
A arritmia cardíaca é uma condição que torna o ritmo cardíaco irregular, podendo levar a um batimento acelerado, com mais de 100 pulsações por minuto, ou lento, com menos de 60 pulsações por minuto. Se não for tratada, pode ser perigosa.
Um estudo de 2011 explorou os benefícios do canabidiol para o coração, demonstrando que este pode ter um efeito positivo sobre a arritmia cardíaca. Segundo o estudo, a combinação de CBD e AM251 ajudou a melhorar a arritmia e regularizou o ritmo cardíaco através dos receptores CB1.
Outras pesquisas reforçam que o CBD pode melhorar a saúde cardiovascular, ajudando a diminuir a pressão arterial, reduzir o ritmo cardíaco irregular e combater a inflamação.
Além disso, o CBD, graças às suas propriedades vasodilatadoras, pode potencialmente aumentar o fluxo sanguíneo para o miocárdio após um ataque cardíaco. Portanto, o CBD pode ser uma alternativa útil para melhorar a saúde cardiovascular e combater a arritmia.
Controla os Sintomas do HIV
Apesar de ainda não haver cura definitiva para o HIV, a condição pode ser controlada efetivamente com o tratamento correto para as doenças oportunistas associadas ao vírus. O canabidiol (CBD) desempenha um papel valioso nesse contexto, oferecendo alívio para alguns sintomas comuns, incluindo perda de apetite, náuseas e vômitos.
Um estudo intitulado “Cannabis and Inflammation in HIV: A Review of Human and Animal Studies“, conduzido por pesquisadores norte-americanos, apresenta conclusões otimistas. Os achados indicam que o óleo de CBD pode contribuir para a diminuição da dor e fornecer alívio para outros sintomas em pessoas vivendo com HIV.
O CBD, assim, surge como uma opção terapêutica complementar, ampliando as possibilidades de tratamento e aumentando a qualidade de vida para aqueles que convivem com o HIV. Ainda que o caminho para a cura seja incerto, ferramentas como o CBD tornam a jornada mais suportável.