Já pensou em utilizar uma pílula contraceptiva com menos hormônio, a mesma eficácia na prevenção da gravidez e ainda diminuir o risco de tromboembolismo venoso?

Um grupo de pesquisadores dedicados acaba de tornar isso possível, criando uma alternativa mais saudável e amigável ao corpo feminino.

Sobre o contraceptivo

A Anvisa acaba de aprovar o Nextela, um anticoncepcional oral inovador que promete reduzir o risco de tromboembolismo venoso, uma complicação grave que ocorre quando um coágulo de sangue se forma e prejudica o fluxo sanguíneo nas veias do corpo.

O Nextela se destaca por combinar estetrol (E4), uma substância idêntica à produzida pelo fígado do feto humano durante a gestação, e a drospirenona, um hormônio sintético com propriedades antiandrogênicas. Segundo o médico ginecologista e diretor científico da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), César Eduardo Fernandes, essa combinação faz com que o novo contraceptivo oral combinado (COC) atue de forma diferente das pílulas anticoncepcionais tradicionais.

“O estetrol substitui os estrogênios classicamente empregados nos COC até o momento atual”, explica Fernandes. Essa mudança na composição tem o potencial de oferecer uma alternativa mais segura e eficaz para mulheres que buscam métodos contraceptivos com menos riscos associados.

A aprovação do Nextela pela Anvisa é uma conquista significativa na área da saúde feminina, abrindo caminho para novas possibilidades na contracepção. A chegada desse medicamento ao mercado brasileiro representa um avanço no cuidado e na autonomia das mulheres, que agora contam com uma opção mais amigável ao organismo e com menor risco de tromboembolismo venoso.

A inovação por trás do Nextela reforça a importância das pesquisas e do desenvolvimento de alternativas mais seguras e eficientes em contracepção. Com a aprovação desse novo medicamento, espera-se que a qualidade de vida e a saúde de muitas mulheres sejam beneficiadas, além de incentivar ainda mais investimentos e descobertas no campo da saúde feminina.

O perfil de paciente para o Nextela são todas as mulheres saudáveis, em idade fértil e que não tenham restrição ao uso de anticoncepcionais hormonais combinados. Aprovado também no Canadá pela Health Canada, nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration (FDA), nos países da Europa pela European Medicines Agency (EMA), na Austrália e em Israel e já comercializado em vários países, deve chegar ao Brasil em 2024.

O que é tromboembolismo?

O tromboembolismo venoso (TEV) é uma condição médica grave que envolve a formação de coágulos sanguíneos (trombos) no sistema venoso, geralmente nas veias profundas das pernas, coxas ou pelve. Esses coágulos podem se soltar e viajar através do sistema circulatório, bloqueando o fluxo sanguíneo em outros órgãos, como os pulmões.

Os fatores de risco para o tromboembolismo venoso incluem imobilidade prolongada (por exemplo, após cirurgia ou durante voos longos), uso de contraceptivos hormonais, gravidez, obesidade, idade avançada, histórico familiar de TEV, tabagismo e algumas condições médicas, como câncer e doenças autoimunes. O tratamento do TEV geralmente envolve anticoagulantes (medicamentos que afinam o sangue) para prevenir a formação de novos coágulos e, em alguns casos, a dissolução de coágulos já existentes.

Como anticoncepcionais normais podem aumentar o risco?

Os anticoncepcionais hormonais, especialmente os contraceptivos orais combinados (COCs) que contêm estrogênio e progestina, podem aumentar o risco de tromboembolismo venoso (TEV) em comparação com mulheres que não usam esses contraceptivos. Isso ocorre porque os hormônios presentes nesses medicamentos podem afetar a coagulação do sangue, tornando-o mais propenso à formação de coágulos.

O estrogênio, em particular, é conhecido por aumentar a produção de proteínas coagulantes e diminuir a produção de substâncias anticoagulantes no sangue. Essa alteração no equilíbrio entre coagulação e anticoagulação pode levar a um maior risco de formação de coágulos sanguíneos e, consequentemente, de tromboembolismo venoso.

Vale ressaltar que, embora o risco de TEV seja maior em usuárias de anticoncepcionais hormonais em comparação com não usuárias, esse risco ainda é considerado baixo na população em geral. No entanto, algumas mulheres podem ter fatores de risco adicionais que aumentam ainda mais a probabilidade de desenvolver TEV, como histórico familiar de coágulos sanguíneos, obesidade, tabagismo, idade avançada ou cirurgias recentes.

Para mulheres com maior risco de TEV ou preocupações relacionadas, existem alternativas aos contraceptivos orais combinados, como a minipílula (progestina apenas) ou métodos não hormonais de contracepção. É importante conversar com um profissional de saúde para discutir as opções disponíveis e escolher o método contraceptivo mais adequado e seguro para cada indivíduo.