“Hoje, se você me perguntar o que me deixa feliz, é ver uma paisagem bonita tomando um mate. Eu sou feliz com isso, um bom mate e uma boa prosa”.
Há quem diga que o sexo feminino é frágil, delicado e aparentemente realmente pode ser, mas por dentro, temos um espírito feminino que nos leva onde quisermos. Foi assim com Raquel Rodriguez, uma grande empresária argentina que enfrentou vários desafios para chegar onde está hoje.
Raquel Rodriguez é natural de Bernardo de Irigoyen, cidade da Argentina que faz fronteira com Barracão, em Santa Catarina. Desde muito nova, Raquel já tinha o sangue empreendedor correndo em suas veias. Aos 14 anos, ela fez um curso de datilografia e recebeu um diploma que permitiu que ela começasse a dar aulas. Assim o fez, e Raquel conta que pegava seus equipamentos e ia de ônibus para cidades vizinhas para trabalhar ensinando outras pessoas.
Quando se formou na escola, ela já não morava com os pais e era independente. Trabalhava em uma quadra de tênis quando recebeu o convite de sua irmã para ir estudar em Mar del Plata, cidade localizada a 1.687 km de sua cidade natal, e ela aceitou o desafio.
O seu sonho era estudar jornalismo, mas as condições não permitiram e, para se manter na cidade nova, ela começou a vender rosas. Mar del Plata é uma cidade turística, o que facilitou nas vendas. Em paralelo, ela começou a vender salada de frutas, mas o seu sonho de fazer uma faculdade precisou ficar de lado.
Raquel já era conhecida, pois sempre ficava em um lugar para vender os produtos, até que um dia o dono de um restaurante ofereceu um emprego de garçonete na temporada de verão e ela não hesitou em aceitar, viu ali uma oportunidade de melhores condições. E foi trabalhando de garçonete em Mar del Plata que Raquel conseguiu juntar dinheiro e foi para Buenos Aires comprar roupas.
As roupas não eram para uso próprio, mas sim para vender em sua cidade natal, Bernardo de Irigoyen. Depois de um tempo, Raquel investiu e abriu uma discoteca que foi bem por anos, até chegar numa crise em que o câmbio não estava favorecendo e a situação começou a ficar difícil novamente, e ela precisou fechar seu negócio. Sabendo da situação, uma tia a convidou para cuidar de um camping próximo de Puerto Iguazú, lá ela ficou por dois anos. Um dia, quando estava em Puerto Wanda, viu a oportunidade de abrir uma padaria e assim o fez. Passaram-se três anos e ela já estava com três padarias na cidade, até que um dia uma pegou fogo, um choque para a empresária.
Após o episódio, Raquel veio para Puerto Iguazú e desde então tornou-se uma iguazuense de coração.
“Vi em Iguazú uma sala comercial vazia e já pensei em abrir um negócio, na época já tinha meu filho e estava com condições melhores. O episódio na padaria me deu muito medo e eu não quis continuar neste ramo, por isso a vendi e fui para Buenos Aires comprar roupas para começar a vender em Puerto Iguazú”, explica Raquel.
Hoje, a empresária conta com 9 lojas no centro da cidade.
“Os desafios vinham, mas eu não deixava isso me abalar. Os desafios e os fracassos não me afetam. Sempre fui uma mulher forte, não abaixava a cabeça. Como não pude estudar, sempre fui motivada a dar um estudo de qualidade para meus filhos. Isso foi meu combustível e minha motivação. Sempre pensei: no dia que ele chegar à faculdade eu quero estar preparada, e eu estava. Aos 22 anos, ele se formou em medicina e agora está fazendo especialização em oftalmologia em Buenos Aires. Também tenho duas filhas que sempre me acompanham e me ajudam em meus empreendimentos, eles são meus tesouros”, conta Raquel com orgulho.
Hoje, em Puerto Iguazú, Raquel tem lojas de roupas, calçados, artigos regionais direcionados para o turismo, loja com marcas de roupas de grife, uma Vinoteca e o Minimarket, um mercado com vários produtos e aberto 24h.
“Me sinto totalmente realizada, Iguazú conquistou meu coração e não pretendo voltar para minha cidade natal. Analisando toda a minha trajetória, tenho um conselho para todas as mulheres: nunca abaixem a cabeça, estudem, se aprimorem e não desistam. Sempre falo para meus colaboradores que todos nós temos a mesma capacidade, se eu consegui, você também pode conseguir. Por isso, em minhas lojas, incentivo todos a aprenderem um pouco em cada setor, pois a prática traz a excelência e todos podem chegar longe.”
Por trás de uma grande empresária, existe uma mulher, mãe e esposa. Raquel não deixa de mencionar a importância que seu marido teve em sua trajetória.
“Conheci meu esposo há 13 anos. Ele é o meu suporte, sempre me ajuda e me apoia nas decisões e hoje está me acompanhando na Alma de Vino. Ter esse alicerce com certeza fez toda a diferença”, finaliza Raquel.