Quem nunca se deparou com essa frase ou foi provocado (a) alguma vez para pronunciar essa expressão ao tempo de criança, sem errar? Quem nunca foi desafiado (a) a torcer a língua com uma expressão difícil?

Pois saiba que isso se chama trava-língua, que é uma espécie de jogo verbal que consiste em dizer, com clareza e rapidez, versos ou frases com grande concentração de sílabas difíceis de pronunciar, ou de sílabas formadas com os mesmos sons, mas em ordem diferente, como: gato escondido com rabo de fora tá mais escondido que rabo escondido com gato de fora. Ou se a liga me ligasse, eu ligava a liga, mas como a liga não me liga eu não ligo a liga.

E ainda mais: olha o sapo dentro do saco. O saco com o sapo dentro; o sapo batendo papo e o papo soltando o vento. Ou esta:  O que é que Cacá quer? Cacá quer caqui. Qual caqui que Cacá quer? Cacá quer qualquer caqui.

Já a aliteração é um apoio rítmico de repetição de fonemas em palavras opostas simetricamente, em sons de consoantes semelhantes, segundo o livro de Roseanah França, “Práticas da boa escrita”, Scriptoria, 2020, p. 73.

Exemplos clássicos: o rato roeu a roupa do rei de Roma; três pratos de trigo para três tigres; belos beiços bebendo em beijos breves. E o doce perguntou pro doce… Sabia que o sabiá…Pinga a pia, pia o pinto etc.

Mais ou menos se comparam essas duas figuras de linguagem, ou melhor dizendo, ambas são recursos para ampliar o significado de um texto literário ou de uma frase, oferecendo maior expressividade, sonoridade e musicalidade. E, na melhor das hipóteses, servem para melhorar a pronunciação das palavras, num treino vocabular simpático, agradável, divertido.

No entanto, a mais complexa e complicada expressão desse gênero é a do “mafagafos”(no sentido de abrigo de malandros ou animal), exposta acima¸ em toda sua extensão e particularidades, que muito travou muito a língua de nossa infância. Bom divertimento.