O 100fronteiras.com é um portal dedicado ao jornalismo local na Tríplice Fronteira. Com mais de 18 anos de experiência, promovemos conexão e informação relevante para a comunidade das regiões do Argentina, Brasil e Paraguai.
O coronavírus trouxe à tona uma série de mudanças no dia a dia das pessoas e intensificou o sentimento de luto referente a estas perdas.
Seja devido ao número elevado de mortes por covid-19, seja pela mudança na rotina, crise financeira e confinamento. Será que estamos preparados para lidar com estas perdas? Que sensação é essa que adoece e como enfrentamos os nossos lutos?
O luto é um conjunto de reações pelo fim dos vínculos de apego. Se dá diante da perda de alguém ou algo de importância significativa para a pessoa, casal ou família.
É mais comum associá-lo à morte de alguém querido (luto total), mas pode acontecer por rompimentos, doenças, divórcio, demissão, saída de um filho da casa dos pais, perda do emprego ou a chegada da aposentadoria (luto parcial).
O impacto da pandemia do coronavírus
O afastamento abrupto e precoce de um familiar ou pessoa querida em casos de internação causam um impacto emocional nos que ficam à mercê das incertezas e, a consequente perda definitiva, que não passa pelos rituais de despedida, não favorecem o processo de elaboração do luto.
Muitos passam por dificuldades com a aceitação e reorganização e vão precisar de amparo psicológico.
Para alguns os estágios do luto podem durar dias, meses ou até mesmo anos. Tudo depende da estrutura emocional. É comum que cada um leve o tempo que precisar, mas quando ele passa do “limite do aceitável” e começa a afetar negativamente a rotina e até mesmo a saúde, talvez seja hora de procurar ajuda e se desprender da ideia de que têm a obrigação de passar por tudo sozinhos.
Transtornos de ansiedade, depressão, problemas cognitivos e psicossomáticos, como alterações no metabolismo, sono e apetite e dificuldades nos relacionamentos devem ser observados. Mas como saber se é um luto normal ou patológico?
Em algumas situações, por mecanismos de sobrevivência das famílias, esta carga emocional é deslocada e pode afetar algum membro em até três ou quatro gerações futuras, por isso, às vezes, se torna difícil associar um luto não elaborado com um sintoma manifesto.
A terapia do luto com um profissional capacitado pode auxiliá-lo na aceitação e reorganização de questões internas e externas. Por mais dolorosa que seja a perda de algo ou de um ente querido, exige, para os que ficam, a reorganização e aceitação como condição para seguir adiante.
Dra. Neiva Balestreri é psicóloga, terapeuta de casais e famílias e também trabalha com sexualidade humana com habilitação em terapia sexual. Neiva faz parte da SBRASH – Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Desenvolve seu trabalho na clínica Balestra, especializada na saúde integral dos pacientes.