Vivemos uma explosão de viroses. Uma mais ameaçadora do que a outra. A nova virose vem de Marburg. É uma das viroses mais mortais do mundo. O vírus de Marburg causa uma síndrome hemorrágica com perda de líquidos pelo trato digestivo, levando à desidratação e problemas renais graves.
A hemorragia leva à perda de sangue pelo vômito, fezes, pele e outras secreções. Culmina com a exaustão do sistema de coagulação e falência de órgãos internos. Tudo o que sai do indivíduo é extremamente infeccioso.
Os sintomas principais são febre, fadiga, vômito e diarreia com sangue. O vírus tem um período de incubação entre 2 e 21 dias, quando começam a surgir os sintomas.
Origem do vírus
O vírus foi documentado pela primeira vez em 1967, após 31 casos surgirem nas cidades alemãs de Marburgo e Frankfurt, a partir de animais infectados. Desde então, já foram registrados 16 surtos, quatro deles fora do continente africano. A mortalidade variou entre 22% e 88% dos infectados.
Recentemente, foi confirmado um surto do vírus Marburg na Guiné Equatorial, país da África central, o que pôs a Organização Mundial da Saúde (OMS) em alerta. O vírus é da mesma família do Ebola, já foi confirmado um óbito, mas existem 16 casos e outros oito óbitos em análise.
É possível se tornar uma pandemia?
É pouco provável que o Marburg se espalhe pelo mundo a ponto de gerar uma pandemia, mas sua letalidade e fácil contágio já vêm preocupando as autoridades sanitárias.
O risco de virar pandemia é pequeno, mas podem surgir surtos fora do continente africano, como foi presenciado no passado. Constata-se que macacos foram infectados nas cavernas e levados para a Europa para experimentação animal. As pessoas em contato com eles pegaram a doença.
O vírus costuma ter alta carga viral e é muito infeccioso. É transmitido pelo contato direto, via secreções como sangue, saliva, suor, urina ou fezes. Ataca os tecidos de órgãos e vasos sanguíneos, causando uma febre hemorrágica agressiva, semelhante à provocada pelo Ebola.
A transmissão também ocorre por morcegos e macacos silvestres para seres humanos. A doença é muito grave e estão ocorrendo surtos localizados. Pessoas que passam por regiões com a doença podem disseminar este vírus tão infeccioso devido à sua alta carga viral.
A probabilidade da doença de Marburg se tornar uma pandemia é pequena, mas a doença tem potencial para causar surtos localizados ao redor do mundo, o que exige vigilância atenta dos países para o caso de viajantes ou mesmo para animais traficados que podem ser portadores do vírus. Torna-se necessária uma vigilância ativa que detecte rapidamente a doença e implemente uma resposta de contenção rápida.
Ainda não há tratamento específico disponível para o Marburg. Os pacientes são tratados apenas com medidas de suporte. A doença ainda se restringe ao continente africano e por isso o investimento em terapias específicas é ainda bastante limitado. Geralmente, os doentes vão para a UTI em face da elevada letalidade. De forma geral, drogas vasoativas e a ventilação mecânica são usadas como suporte de vida das pessoas infectadas.