Com certeza você já ouviu a frase: temos dois ouvidos e uma boca, por isso precisamos ouvir mais e falar menos. Esse ditado popular sugere que devemos ouvir mais. Porém, não basta apenas “ouvir”,  é preciso que saibamos escutar com atenção se quisermos ter uma comunicação interpessoal respeitosa, verdadeira e de qualidade.  

Você já ouviu falar em escuta ativa na comunicação assertiva? Veja um exemplo muito simples nos relacionamentos: 

Provavelmente você já esteve em situações nas quais está falando com alguém e essa pessoa está, ao mesmo tempo, olhando para o celular e fazendo “hãhã” para você. 

Qual é a sua sensação? Com certeza você pode ter pensado: “ela não está prestando atenção em mim!” Aquela sensação de descaso tão conhecida entre casais.

O que identificamos ao estudarmos melhor essa questão de forma terapêutica – é que – quando estamos ouvindo, nos distraímos: por falta de interesse real, falta de paciência, preocupação em responder, foco apenas em nosso pensamento e opinião, ansiedade, falta de afeto, ruídos anteriores que minam sua empatia, brigas anteriores, comunicação com falha, e até mesmo preguiça por comodismo, por entender que o outro já está ali ao seu lado…

ENTÃO, COMO ESCUTAR COM O INTERESSE?

Para se interessar por outra pessoa devemos suspender nossos próprios interesses. E aqui abrimos um espaço inteiro para falar de amor, de relacionamento saudável e de comunicação assertiva.

Ouvir não é apenas um processo ativo, às vezes é preciso esforço consciente para deixar de lado nossos interesses e reações. Ouvir não requer necessariamente opinião ou conselho imediato.

A comunicação errada, no momento errado, fecha um diálogo que poderia ser produtivo.

Perceba então, que perguntas que demonstram uma atenção consciente aos interessados e preocupações com o outro podem ajudar pessoas reticentes a se abrirem. E este é o papel empático em uma relação de amor. Estamos aqui para falar da – suspensão do EU – que deve ser treinada.

SOLUÇÕES PARA UMA BOA CONVERSA

Ter um dia ruim e levar desabafo para o relacionamento é muito comum. Mas nem sempre quem o faz espera conselhos ou soluções para os problemas relatados. 

Esqueça o “EU TAMBÉM”. Seja ouvinte empático para não tornar as conversas uma competição de momentos trágicos. Saiba o momento de expor suas vivências.

Para ouvir de verdade é preciso estar conectado ao outro, reconhecer as aflições e anseios do falante, não de forma efusiva – infantil – mas de forma adulta, sincera, presente e amorosa. 

Entre em uma conversa ‘desarmado’ – não converse na defensiva.

Ao ser ouvinte ativo não confunda empatia (compreensão para com o outro) com simpatia (pena do sofrimento do outro)

AUTOCONHECIMENTO PODE AJUDAR?

Perceba sua forma de comunicação. Reconhecer sentimentos é a melhor forma de estar em uma conversa adulta. Analise como você é como falante e como age como ouvinte.

Reconhecer o desejo do outro dentro do diálogo é fundamental para que saibamos se devemos ou não dar encorajamento. 

Lembre-se de que quando as pessoas falam sobre seus sentimentos, o que as entusiasma, o que as preocupa, elas querem ser ouvidas, não interrompidas com um conselho, a não ser que solicitem. Ouvir verdadeiramente é treino e amor.

COMO ESTÃO SUAS HABILIDADES DE ESCUTA?

Perceba se você responde com conselhos, se imediatamente opina e critica, se encerra logo a conversa com um comentário simpático, porém frio, se começa a relatar suas dores e experiências similares ou se fala sobre você mesmo. Saiba que existe um padrão para respostas que normalmente damos em uma conversa. 

Te encorajo a iniciar 2023 com uma comunicação fluida, com relacionamentos saudáveis, diálogos adultos e assertivos!

Fonte: The Lost Art Of Listening, Michael P. Nichols, phD.

Neiva Balestreri

Dra. Neiva Balestreri é psicóloga, terapeuta de casais e famílias e também trabalha com sexualidade humana com habilitação em terapia sexual. Neiva faz parte da SBRASH – Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Desenvolve seu trabalho na clínica Balestra, especializada na saúde integral dos pacientes.

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