É evidente que a cidade que temos hoje não é, nem de longe, a cidade que tínhamos há 10 ou 20 anos

Para além do turismo, sem dúvidas a nossa maior força, somos agora também um polo educacional, que forma gente em todas as áreas, algo inimaginável – ou apenas imaginável a alguns poucos visionários – há pouco mais de uma década.

Agora, também é evidente que também podemos utilizar esse plus para transformar a cidade, também, em uma referência na geração de empregos e na evolução da renda da massa trabalhadora, alinhados à ampliação da cidadania.

E qual o caminho?

Arrisco dizer que é a inovar, criar a roda, literalmente, pois somos uma lugar singular, que merece soluções únicas.

Uma cidade que tem a inovação, investimentos públicos e valorização das pessoas e do capital criativo, com olhos na vida real e prática da população, pode avançar muito em questões de cidadania e pertencimento, gerar bons empregos e garantir, inclusive, que parte significativa das pessoas formadas na região se fixem em definitivo, trabalhando e gerando riquezas e mais empregos, seja empreendendo, seja trabalhando em setores econômicos indutores.

Precisamos de soluções de curto, médio e longo prazos.

No curto, imediato, precisamos resolver problemas crônicos, com a questão da segurança alimentar, que afeta parte significativa da população, o que poderia ser amenizado com a construção de restaurantes populares, sistemas de produção de alimentos e ampliação das compras públicas e distribuição de alimentos.

Ainda, no curto prazo, devemos apontar caminhos para o desenvolvimento e a inovação – social e tecnológica -, o que estancaria a perda de cérebros e jovens para outras cidades médias, como Cascavel e Joinville, por exemplo, lugares atraentes para nossos recém formados. Apenas um projeto de futuro, com oferecimento de vagas de estágio e indicativo de empregabilidade traria uma sensação de pertencimento e permanência na cidade e na região.

Ao médio prazo, com a consolidação de empresas e projetos, a cidade precisa melhorar urbanisticamente, não se contentar com pouco e oferecer serviços públicos melhores, transporte coletivo adequado e formar um mercado consumidor para os setores cultural e de educação superior e/ou pós-graduação, bem como ter uma gestão mais sensível às questões sociais, inclusive que combate fortemente o abismo de renda entre modelos de empregos oferecidos a cidade.

Ao longo prazo, sem dúvida, utilizar o crescimento e o desenvolvimento econômico como catalisadores, para não somente uma mudança, mas a diversificação da matriz econômica de Foz do Iguaçu e da própria região oeste do Paraná e trinacional.

No entanto, para que isso tudo não passe de uma utopia, é preciso um pacto pela cidade, de verdade, fomentado pelos atores públicos e debatidos com a população, por mecanismos democráticos e amplos, como orçamentos participativos e plenárias descentralizadas, ouvindo e considerando as demandas de quem hoje é mais vulnerável na cidade.

E precisamos lembrar que tudo é um processo e que uma cidade boa não se constrói sem muito trabalho, planejamento e espírito público.

Começando no básico, do dia a dia, da realidade, da sabedoria e do popular, e construindo um futuro sólido, que o totem mostra, mas não se sustenta sem uma fundação abaixo da terra. Foz tem muito, tem os insumos para um desenvolvimento maior, basta fazermos.