A infidelidade é um acontecimento que abala profundamente os relacionamentos, deixando cicatrizes emocionais difíceis de curar. A dor causada pela traição pode ser avassaladora e origina uma série de emoções intensas, como raiva, tristeza, decepção, vergonha e uma sensação de profunda perda, semelhante (para alguns) a própria morte.

A quebra de contrato em um relacionamento, especialmente por meio da infidelidade conjugal (sexual ou não) pode ser uma experiência profundamente dolorosa – deixando o parceiro (a) traído (a) em um estado de choque e confusão. A sensação de morte emocional surge do rompimento da conexão íntima e da percepção de que o parceiro traidor escolheu outra pessoa em vez de manter o compromisso no relacionamento. O sentimento de traição abala a imagem: desperta insegurança profunda sobre o próprio valor e atratividade.

Essa ruptura atinge a estrutura básica do relacionamento, abala a confiança e a segurança que foram protegidas ao longo do tempo. Destrói o que era idealizado sobre o relacionamento – de acordo com a bagagem emocional adquirida ao longo da vida.

No livro “A Arte de Perdoar” de Moisés Groisman, encontramos reflexões valiosas sobre o processo de superação da infidelidade. Groisman ressalta que a infidelidade é um chamado para uma investigação profunda das dinâmicas conjugais, levando em consideração a história pessoal de cada parceiro e suas experiências. Nesse sentido a dor da infidelidade é intensa durante o processo de superação e ‘luto’ porque destrói a narrativa que cada um construiu sobre o que sonhava para o relacionamento.

Superar não é aceitar e esquecer

Enfrentar a infidelidade requer um processo de luto. É essencial permitir-se vivenciar todas as emoções e reconhecer a perda significativa que ocorreu. O luto envolve enfrentar a realidade da traição e expressar as emoções de forma saudável.

Perdoamos a pessoa, e não o fato em si. Existe um processo para perdoar e se tornar perdoável, que exige autoconhecimento, empatia e disposição de ambos para reconstruir a autoconfiança e tomar decisões assertivas.

O perdão é um aspecto complexo no processo de cura. Perdoar não significa esquecer ou justificar a traição, mas sim liberar a carga emocional negativa que a acompanha.

O perdão pode ser um caminho para a reconstrução do relacionamento, se ambas as partes estiverem dispostas a se comprometer em resgatar a confiança e o respeito mútuo – percebendo que é necessário reformular, repactuar e recontratar continuamente valores e expectativas no processo evolutivo do ciclo de vida.

É importante lembrar que cada pessoa e relacionamento são únicos, e nem todos optam pela reconciliação após a infidelidade. Algumas pessoas podem optar por seguir caminhos separados, e isso também pode ser uma escolha válida de cura e crescimento pessoal.

Independente do caminho escolhido, é fundamental buscar apoio emocional quando há necessidade. O processo de cura requer autocompaixão e um compromisso consigo mesmo de reconstruir uma vida significativa, apesar dos desafios encontrados.

Neiva Balestreri – Psicóloga CRP: 8/23234

Terapeuta Sexual – Membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH)

Terapia de Casal e Família

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