Quando o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.e.c), ao final de sua vida, já apresentando o corpo enfermo e enfraquecido, mal de saúde, com 62 anos, seus seguidores lhe pediram que ele indicasse o sucessor, que continuasse seu trabalho divulgando seus estudos filosóficos.
Na sua escola peripatética havia muitos seguidores, entre os quais Aristótenes, Dicaerco, Eudemo, Demétrio, Hárpalo, Heféstion, Minason e Teofrasto, mas dois deles se destacavam: Eudemo (372-287 a.e.c.) e Teofrasto (372-288 a.e.c), que pelos seus conhecimentos e intelecto ultrapassavam os demais: o primeiro era de Rodes e o segundo, de Lesbos, a ilha. Então, o grande filósofo, discípulo de Platão e professor de Alexandre o Grande, disse que, quando chegasse a hora, ele faria a escolha.
Mais uns dias e quando estavam reunidos vários estudiosos durante um ágape, resolveu que na refeição fosse escolhido um vinho para degustarem, tinha que ser estrangeiro, com duas opções: ou da ilha de Lesbos ou de Rodes.
Então, trazidos os vinhos, Aristóteles os prova, degusta e toma a decisão: o melhor vinho era o lésbio, firme, agradável, segundo suas palavras: ”ambos são bons mas prefiro o mais doce”, ficando com o de Lesbos.
Nesse ponto, ao mesmo tempo graciosa e discretamente, por aquela decisão, seus seguidores entenderam que ele tinha escolhido e selecionado não um vinho, mas seu sucessor, o nascido em Lesbos, Teofrasto, que significa orador e cujo nome verdadeiro era Tirtamo
Destacado como homem de insigne suavidade, tanto na linguagem como na vida, Teofrasto continuou a obra do estagirita e assim se conta a história do sucessor de Aristóteles, retirada do livro 13, item 5, das Noites Áticas, de Aulo Gélio.
Entenderam a lição?