100fronteiras – Por que você se interessa pela tecnologia aplicada na medicina?
Dr. Nario – Eu me interesso muito pela inovação e tecnologia médica. Porque através delas que conseguimos avançar e minimizar o sofrimento humano.
Veja por exemplo a urologia: há 30 anos operávamos poucos pacientes com câncer de próstata, porque a maioria destes chegavam em fase avançada.
Foi por uma inovação, o PSA (antígeno prostático específico), que começamos a diagnosticar os pacientes em fase precoce. O PSA é um exame que fazemos com o sangue dos pacientes.
Hoje fazemos o diagnóstico antes que a doença se manifeste. Assim as cirurgias foram diminuindo, e as sequelas, também. Sem contar que hoje o câncer da próstata é curável na maioria dos pacientes.
100f. – Em sua área, quais foram as grandes inovações dos últimos 20 anos?
Dr. Nario – Foram inúmeras as mudanças na medicina. Na oncologia podemos citar o avanço nas drogas quimioterápicas. Antes da década de 90 havia poucas opções de quimioterapia. Doenças como o câncer de testículo, tinham uma sobrevida baixa.
Hoje esses pacientes têm uma taxa de sobrevida global em cinco anos de cerca de 98%. Mesmo quando a doença já está disseminada, para outros órgãos. Na urologia a minimização dos procedimentos cirúrgicos é realidade e mudou profundamente os procedimentos.
Dois bons exemplos são a cirurgia robótica e a cirurgia a laser. O laser pode ser usado tanto para a cirurgia da próstata como para cálculos (pedras).
100f. – O que é cirurgia robótica?
Dr. Nario – Cirurgia robótica é aquela que utiliza um robô para fazer a operação. O robô em cirurgia é, na verdade, uma plataforma tecnológica que envolve um sistema de visualização, de operação e comunicação. Todos integrados por um software, e permite que o cirurgião opere o doente.
As pinças do robô fazem as vezes das mãos do cirurgião, com a vantagem deste controlar a própria visão.
100f. – Quais são suas vantagens?
Dr. Nario – As principais vantagens são: a eliminação de eventuais tremores das mãos, a padronização e sistematização dos movimentos, melhor visão do campo cirúrgico, magnificação da imagem em até dez vezes. Isso traz menor processo inflamatório, menor taxa de transfusão, recuperação física e volta ao trabalho mais precoce. Além da taxa de recuperação da continência urinária mais precoce após prostatectomia radical.
Hoje os pacientes submetidos à prostatectomia radical por câncer de próstata quase que podem ir de alta no mesmo dia da cirurgia. Tamanha a segurança que trouxe a cirurgia.
100f. – E o que é cirurgia da próstata a laser?
Dr. Nario – Laser é uma forma de energia e serve para fazer cirurgias. Por exemplo, serve para quebrar as pedras nos rins e também cortar tecidos como a próstata. Especificamente para a próstata temos uma cirurgia que se chama HoLEP.
É a e nucleação da próstata com o laser de Holmium. Você retira todo o adenoma prostático pelo canal do xixi (uretra).
Suas grandes vantagens são tratar próstatas grandes sem cortes, baixa taxa de transfusão sanguínea, menor taxa de reoperações – cirurgia definitiva. Menor tempo de internação e também menor tempo de sondagem vesical.
100fronteiras: Para quais pacientes está indicado o HoLEP?
Dr. Nario – O HoLEP serve para tratar todos os pacientes com o aumento prostático benigno (HPB). Está especialmente indicado para pacientes com próstatas grandes. A próstata aumenta com a idade dos homens, que ao chegarem aos 60 anos praticamente a metade deles, já sofre alguma consequência deste aumento.
Os principais sintomas são diminuição do jato urinário, jato interrompido, sensação de sobrar de urina na bexiga, urinar muitas vezes à noite e sensação de urgência para urinar.
Quando os pacientes são muitos sintomáticos, ou as medicações não fazem efeito, ou o paciente tem uma bexiga espessada e com sinais de degeneração funcional. Esses pacientes devem ser submetidos ao tratamento cirúrgico da obstrução prostática.
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