Nascido no Rio Grande do Sul, sempre ouvia falar, desde criança, em “pila pra cá pila pra lá” correspondendo a dinheiro. Sabia que era originário do nome de Raul Pilla (1892-1973), um médico e político rio-grandense, líder do antigo Partido Libertador, do parlamentarismo, que foi secretário da Agricultura do RS, em 1936, quando de sua criação, porém nada mais conhecia sobre a motivação do uso dessa palavra.
Agora, verificando que em muitos outros estados brasileiros, especialmente onde os gaúchos emigraram, é usada essa expressão e, com ajuda do Doutor Google, vou contar a verdadeira história do “pila”.
É fato histórico que Raul Pilla, tendo sido partidário de Getúlio Vargas, na década de 1930, ao romper com o governo getulista, foi exilado no Uruguai, tendo viajado sem recursos. Então, seus correligionários se cotizaram para ajudar o conterrâneo criando um bônus, tipo letra do tesouro, para a sobrevivência do político gaúcho no exterior.
Dizia assim a cédula: “O portador (que comprava o mesmo), contribuiu com o valor de CR$ para o Partido Libertador, em prol da Democracia”. E até era assinado pelo político num canto do documento. Assim, se recolheram alguns valores em cruzeiros, que foram encaminhados ao Sr. Raul Pilla, pelos seus partidários como auxílio financeiro, nascendo daí a denominação de “pila”, equivalente a dinheiro, bufunfa, mango, cobre prata e conto (mas essa é outra história).
Consta, igualmente, outra lenda popular que essa apólice, documento ou seria moeda em nota de cruzeiro, era cortada ao meio e distribuída aos eleitores, por seus partidários. Quando da votação e se confirmando que o portador votara no dr. Pilla levava a outra parte da nota. Essa é apenas suposição, invenção popularesca do fato ou folclore político.
No entanto, ainda se ouve hoje “pila” pra cá, “pila” pra lá, isso custa tantos “pilas”. E até está fixada em registros em alguns dicionários a expressão consagrada pelo uso comum, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná ou onde houver um gaúcho. E assim se conta a história do “pila” sulrio-grandense, destacando-se que seu valor corresponde sempre a uma unidade de qualquer moeda nacional vigente. É, enfim, um regionalismo sendo incorporado à língua nacional. Você conhece mais alguma curiosidade digna de registro?