Conta a história que no início da década de 1930, um mágico teria chegado a Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, anunciando que apresentaria um espetáculo inédito, em que o momento principal consistia em cortar a cabeça de um galo para, em seguida, com métodos mágicos e um liquido milagroso, grudar-lhe novamente as partes, fazendo o galo cantar.
A apresentação aconteceu no Cine Theatro Pró-Trento e, embora a entrada tivesse alto custo, a casa estava lotada para o espetáculo. O mágico colocou o galo sobre o cepo e solicitou ao prefeito da cidade e ao delegado de polícia que segurassem o galo. Com um cutelo afiado, o mágico, num golpe fatal, cortou a cabeça do galo, deixando seus dois colaboradores imóveis: o prefeito com a cabeça do galo em suas mãos e o delegado com a outra parte do infeliz galináceo.
Neste instante, o mágico fez vários rituais, gestos e sinais misteriosos para impressionar o público. Após, pediu licença às autoridades para retirar-se do palco por alguns instantes para que pudesse pegar o líquido mágico e grudar novamente as duas partes do galo. Foi neste momento que o mágico, levando consigo o dinheiro dos ingressos, saiu pela porta dos fundos do teatro e partindo a cavalo, deixou os espectadores na espera até darem-se conta de que foram enganados pelo misterioso cidadão. Para amenizar o desconforto da situação, um senhor cozinhou o galo para fazer um bom “brodo” (caldo), para compartilhar com os presentes.
O mito do galo e a reação bem-humorada dos habitantes, apesar de todo o” imbróglio” tornou-se para Flores da Cunha um símbolo, usado como marketing cultural, artístico e econômico da cidade serrana gaúcha.