Foz do Iguaçu está em uma posição estratégica na fronteira trinacional. Poucas vezes pensamos a importância da cidade desde uma perspectiva linguística ou glotopolítica. Você já pensou todas as línguas que circulam nesta cidade?
Tentemos enumerar: português, espanhol, árabe, inglês, guarani, entre muitas outras. Essas línguas criam também suas mesclas, e entre suas mesclas formam, às vezes, palavras, frases, muitas das quais escutamos nos diversos espaços da cidade. Porém, poucas vezes pensamos na função importante das línguas para pensar a cidade, o lugar onde estamos, a região.
Políticas linguísticas são decisões sobre a sociedade e as pessoas com as línguas, em todos seus âmbitos: familiar, mundial, estadual, municipal. Por exemplo: a implementação do ensino de uma segunda língua na rede municipal. Esta é uma decisão de política linguística.
É por isso que falamos que a política linguística se relaciona com a integração regional, como o modo de nos integrar. Você não acha que o espanhol deveria ser aprendido nas escolas? Ou o guarani? Pois bem, esta decisão é uma decisão de integração regional desde a perspectiva das línguas.
Sempre escrevo aqui sobre o portunhol (a mescla do espanhol com o português), pois entendo que nos posicionar frente a esta mescla fronteriza também é uma decisão de política linguística e, também, de nos fazer pensar em nosso espaço de fronteira.
Às vezes, criamos muitos estereótipos ao pensar as línguas, preconceitos e interpretações equivocadas. Isto se potencializa em uma região de fronteira, com suas muitas línguas e diversidade cultural. É por isso que conhecer, respeitar e entender sobre as línguas também forma parte de aquilo que pensamos sobre nossa fronteira.
Quando pensamos no portunhol, ainda é muito mais importante, pois essas línguas misturadas formam parte de nossa identidade, não só com o espanhol e português, senão com todas nossas línguas.
Todas as línguas são importantes, pense nisso quando encontrar com alguém que fala outra língua, ou ao identificar um cartaz, ao entrar em uma loja, no supermercado ou ao caminhar por seu bairro. Uma fronteira intercultural é aquela que reconhece que nas muitas línguas e culturas a possibilidade de crescer ainda mais na economia, na educação, na cultura.
Relacionado