Conversamos com o Dom Sergio de Deus Borges – Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu, que nos contou todo o significado e a importância da quaresma para os cristãos. Confira a entrevista completa.
100fronteiras – O que é a Quaresma?
Dom Sergio de Deus Borges – “O itinerário quaresmal de quarenta dias, que nos conduzirá ao Tríduo Pascal, memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor, cerne do mistério da nossa salvação. Este é um tempo favorável, em que a Igreja convida os cristãos a tomar consciência mais viva da obra redentora de Cristo e a viver com maior profundidade o próprio Batismo” (Bento XVI).
100f. – Qual a duração da Quaresma?
Dom Sergio de Deus Borges – O tempo da Quaresma vai da quarta-feira de cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, na quinta-feira da Semana Santa.
100f. – Qual seu significado?
Dom Sergio de Deus Borges – O período quaresmal quer convidar-nos sobretudo a reviver com Jesus os quarenta dias por Ele transcorridos no deserto, rezando e jejuando, antes de empreender a sua missão pública.
O Papa Francisco, na mensagem aos brasileiros por ocasião do início da Quaresma, destacou o significado deste Tempo em período de Pandemia: “O Senhor Jesus, nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola” (Papa Francisco).
100f. – Qual a importância para os católicos e o que pode ou não fazer?
Dom Sergio de Deus Borges – Todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina, têm obrigação de fazer penitência todas as sextas-feiras e no tempo da Quaresma (cân. 1250).
A penitência, que pode ser na sexta-feira ou em todo o período da Quaresma, é um exercício de reflexão e de intensa oração, em que nos deixemos orientar pela Palavra de Deus, e pode ser realizado em qualquer hora do dia ou da noite, conforme a possibilidade do fiel.
Também na Quaresma o fiel é convidado ao jejum (alimentos ou outros atos como menos tempo de internet ou televisão). É um exercício rico de vigilância sobre nós mesmos, persuadidos de que a luta contra o pecado nunca termina, porque a tentação é realidade de todos os dias e a fragilidade e a ilusão são experiências de todas as pessoas.
Na quarta-feira de cinzas, os fiéis são convidados ao jejum e a abstinência. Também deverão fazer jejum e abstinência na Sexta-feira Santa, durante o Tríduo Pascal.
100f. – Qual o tema da Campanha da Fraternidade deste ano?
Dom Sergio de Deus Borges – Na caminhada quaresmal em vista da Páscoa, memória da crucificação e ressurreição de Jesus, a CFE 2021, como seu objetivo geral, convida as comunidades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade (CFE. 2021. Texto Base, 3).
Para alcançar este objetivo geral, somos chamados a trabalhar sobre possíveis caminhos para o diálogo e a construção de pontes de amor e paz em lugar dos muros de ódio, queremos explicitar os sinais da “nova humanidade nascida em Cristo” que está presente entre nós.
A Diocese de Foz do Iguaçu está engajada na CFE e motivada ao diálogo, à oração e reflexão comum. Produzimos o subsídio próprio para reflexão das famílias e vivência mais profunda da experiência da Quaresma como tempo de conversão. Disponibilizamos às famílias o material de apoio para oração e reflexão através do subsídio para os Grupos de Família.
Convidar ao diálogo, à reflexão, criar espaço para o diálogo será muito rico e alentador num tempo de tanta violência verbal e incompreensão.