A onça-pintada melânica chamada Cacau, nascida no Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu, embarcou em uma jornada de 30 horas até Corumbá de Goiás, nos arredores do Distrito Federal. A missão de Cacau é tentar um acasalamento com Oxóssi, um macho que vive no abrigo mantido pelo Instituto NEX.

A viagem de mais de 1.500 quilômetros foi realizada de caminhonete, com uma caixa especialmente preparada para acomodar Cacau, que não precisou ser sedada devido ao seu condicionamento prévio.

Essa iniciativa faz parte do Programa Nacional de Manejo Ex Situ da Onça-Pintada, coordenado pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

A viagem de Cacau do Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu, até o criadouro conservacionista durou mais de 30 horas. A saída ocorreu às 4h de terça-feira (11) e a chegada ao destino foi às 10h da quarta-feira (12). Durante a jornada, foi realizada uma pausa para descanso, garantindo a segurança e comodidade de Cacau.

Antes da viagem, foram feitos preparativos para acostumar Cacau ao processo. Durante um mês, a onça passou por um condicionamento para entrar e sair da caixa de transporte. Esse condicionamento foi realizado pela bióloga terceirizada Júlia Castro Lima Dias e foi um sucesso. Surpreendentemente, Cacau aprendeu a se adaptar ao processo apenas ouvindo o seu nome.

A jornada foi acompanhada pelo médico-veterinário Pedro Henrique Ferreira Telles e pelo biólogo Marcos José de Oliveira, ambos da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu. Durante a viagem, eles se revezaram na condução do veículo e cuidaram dos cuidados básicos de Cacau, realizando paradas a cada duas horas e uma pausa noturna para descanso.

Segundo relatos de Pedro Henrique, a viagem foi cansativa para os motoristas, porém tranquila para Cacau. Eles ajustaram a ventilação da caixa conforme as condições climáticas, garantindo o conforto da onça-pintada ao longo do trajeto.

Cacau não precisou ser submetida a nenhum tipo de sedativo ou tranquilizante e ficou 100% consciente e calma durante todo o trajeto, que fez em grande parte acordada.

pedro henrique
Desembarque da onça Cacau em Goiás. Foto: Marcos de Oliveira/Itaipu Binacional

Cacau está prestes a completar 7 anos e está no período reprodutivo. Antes de ser apresentada a Oxóssi, ela passará por um período de ambientação. Esse tempo permite que ela se familiarize com o novo local e se adapte ao seu entorno.

Se o encontro entre Cacau e Oxóssi for bem-sucedido, há a possibilidade de uma gestação que dura cerca de cem dias. O casal poderá ter de um a quatro filhotes, contribuindo assim para a preservação da espécie.

Essas medidas são de extrema importância, uma vez que a troca genética entre onças-pintadas da Mata Atlântica e do Cerrado desempenha um papel fundamental na conservação desses felinos.

É bom lembrar que a Cacau carrega a genética da Mata Atlântica. Como não tem uma onça semelhante para a reprodução, a mais indicada é a do Cerrado, que tem uma genética mais parecida com a dela. A mãe da Cacau também é do Cerrado.

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Essa iniciativa de acasalamento controlado faz parte de um programa nacional coordenado pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Se bem-sucedido, esse processo contribuirá para aumentar a diversidade genética da espécie, garantindo sua sobrevivência a longo prazo.