Foz do Iguaçu é caracterizada por sua beleza natural, com importantes áreas verdes e o principal cartão postal: as Cataratas do Iguaçu. No entanto, está ficando cada vez mais comum compartilhar notícias de que essas tão importantes áreas verdes estão ameaçadas por alguma ação humana.
A 100fronteiras já apresentou reportagens sobre a situação dos rios e cachoeiras do município. Também falou da poluição que esses rios sofrem e o corte de árvores antigas que dão ao cenário urbano um toque de pureza, como é o caso das árvores da Av. Pedro Basso, que precisarão ser substituídas.

Desta vez, a polêmica gira em torno de uma belíssima área, a Praça das Aroeiras, localizada na Vila Yolanda, que por anos serviu como um refúgio para os moradores, e que agora deverá dar lugar a construção de uma escola do município.
Para entender essa situação, a 100fronteiras conversou com a professora e moradora do Jardim Social, Alessandra Garbelloti, que explicou a importância da Praça das Aroeiras para a população e a polêmica que gira em torno dela.
“A Praça das Aroeiras é a única área na região com uma natureza exuberante, muitas árvores dentre elas pau-brasil, araucária, ipês, aroeiras. Dentre as mais de 102 árvores já catalogadas pela Prefeitura em 2020, há muitas outras espécies exuberantes como o flambayon, cedro, árvores frutíferas (abacate, goiaba, manga, amora, acerola e pitaya), espinheira santa, hibisco, enfim. Além disso, é um local de lazer para os moradores, onde as pessoas vem até a praça para fazer piquenique, tomar tererê, trazer as crianças para brincarem, ler um livro, um espaço natural agradável para o lazer em família. Acontece que esse local está ameaçado, pois a prefeitura deseja construir uma escola. No entanto, todos os documentos demostram e comprovam que quando o loteamento foi aprovado em 1974, esta área foi doada pela senhora Irene Kozievitch com a finalidade de PRAÇA, não cabendo a prefeitura utilizar desse espaço para outro fim”, descreve a moradora.

Segundo Alessandra, o processo para a construção da escola vem correndo desde 2019 quando chegou a notícia de que a PMFI teria um projeto para construção. Ela explica que na época os moradores chegaram a fazer um abaixo-assinado com 1265 assinaturas solicitando atenção e uma conversa com o prefeito (protocolado), o qual nunca foi atendido. Após isso, eles solicitaram uma atenção do Ministério Público, quando a Prefeitura se comprometeu a encontrar outra área. Porém no decorrer do processo retomou a ideia inicial de realizar o projeto da escola na praça.
“Segundo o memorial descrito, do documento de doação da senhora Irene, esse local foi doado com o intuito de ser uma praça, algo que tanto o decreto da época como o registro público mostram no processo. Mas a prefeitura não reconhece estes documentos”, reforça.
Escola Lucia Marlene
De acordo com a prefeitura, a nova Escola Municipal Professora Lucia Marlene Pena Nieradka, terá sua construção iniciada já neste mês de fevereiro.
Segundo a assessoria, a prefeitura alega que desde 2002 a escola funciona embaixo da arquibancada do Estádio Pedro Basso (Flamenguinho), e ganhará sede própria em uma área técnica do município localizada no Jardim Eldorado – região da Vila Yolanda, ou seja, na Praça das Aroeiras.
“O terreno possui 4.698 m², e a área construída vai ocupar 1.730m², preservando a área verde do local. Ou seja, os moradores não vão perder a praça, mas poderão ocupá-la de forma compartilhada com os alunos”, destaca a nota oficial enviada pela PMFI.
Perguntado sobre se é possível utilizar um espaço doado com o fim de praça para ser usado na construção de outro projeto, a prefeitura destacou que “é um terreno do município, não é uma área de preservação, portanto pode sim”.
Com relação há quantas árvores precisarão ser derrubadas para a execução do projeto, a assessoria informou não saber o quantitativo de árvores a serem retiradas, mas que será mantida a área verde.
A Secretaria da Educação esclarece que não há nenhum outro terreno nesta região que se enquadre para a construção da escola. Além disso, é preciso que a distância seja de no máximo 2 km da atual sede, (localizada na Rua Major Acylino de Castro), para facilitar o acesso dos alunos.

No entanto, a moradora alega que há outras áreas disponíveis nesse raio. “No processo nós apontamos oito áreas de reserva técnica em um raio de 1 km que a PMFI tem e que poderia construir a escola, não destruindo a praça que é praça conforme sua doação no loteamento. O destino daqui é praça, então porque não utilizar algum outro terreno de reserva técnica que estão abandonados e criando mato?”
Além disso, a comunidade buscou junto ao Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz um pedido de tombamento (dia 03/02/23), mas já tiveram a confirmação que a Secretaria de Meio Ambiente não irá apreciar o pedido e dará continuidade ao projeto.
“Estaremos realizando nesta sexta (10) às 18h30 aqui na praça juntamente com eles uma reunião para ver o que é possível ainda fazer. Não somos contra a construção da escola, que tem sua necessidade e sua importância também. Mas se existem outros locais disponíveis na região porque destruir e acabar com a praça, acabar com um espaço que qualquer cidadão pode vir aproveitar?! Não é somente a comunidade do bairro que perde, e sim todos os munícipes de Foz. Perde-se um espaço de lazer, de vida em abundância, de um meio ambiente repleto de cor, de som. Isso não se tem em outro espaço aqui em Foz, é lamentável!”, finaliza Alessandra.

Em 2021 a 100Fronteiras fez uma reportagem sobre as Praças de Foz , e não foi falado sobre a “Praça das Aroeiras”(porque ela não existe! ), foi batizada pelos moradores do entorno do terreno em 2022, e que dese 2019 fazem de tudo para impedir a construção da Escola no local , que é um terreno de Reserva Técnica da PMFI.
Não existe outra escola municipal neste bairro , por isso a necessidade da construção da Escola Lúcia Marlene, que está ha 20 anos provisória na arquibancada do Flamenguinho, neste terreno indicado pela prefeitura .
Tanto a PMFI quanto SEC.MUNIC DE EDUCAÇÃO em todas as reportagens afirmam que o único terreno adequado para construção da nova sede da Escola é este, e que comporta escola e área verde juntas por ter 4680m2 e o projeto da Escola ter 1800m2 , e o que nós pais de alunos queremos é exatamente isso, integração e harmonia entre escola e meio ambiente.
Precisamos preservar a praça das aroeiras. 100 fronteiras contamos com vocês da imprensa. Área doada para praça tem que ser preservada. A prefeitura não pode fazer o que quer. A área é do povo.
Obrigada por seu comentário Silvana, o que pudermos fazer com relação ao nosso trabalho de jornalismo local, estamos a disposição.
Boa tarde. Recebi informação da prefeitura acerca do trânsito em julgado de decisão favorável à construção da escola.
Alguém poderia confirmar ou informar o número do processo?
Olá, o numero do processo é o seguinte: 0004881 – 40.2022.8.16.0030