Em celebrações importantes, reflexões costumam vir à tona. Este momento não é exceção. Foz do Iguaçu celebra seu 109º aniversário neste mês, levantando reflexões pertinentes sobre seu futuro enquanto um destino de turismo natural.
A cidade é conhecida pela exuberância de sua natureza, com destaque para o Parque Nacional do Iguaçu, o tesouro verde da região. No entanto, inúmeras interrogações surgem no que diz respeito ao futuro sustentável da cidade.
Essas e outras indagações estão muito presentes no dia-a-dia dos iguaçuenses, que enfrentam um fluxo constante de questões relacionadas ao meio ambiente e conservação. O Parque Nacional do Iguaçu é sem dúvida o símbolo mais reconhecido da cidade quando se fala em natureza, mas existem outros “tesouros verdes” que precisam de atenção, como os fragmentos de vegetação nas áreas rurais e urbanas.

O geógrafo Dantas Duarte discute a importância da preservação das áreas verdes, um aspecto crucial para as cidades que buscam sustentabilidade. Ele menciona vários locais notáveis de preservação na região central de Foz do Iguaçu, incluindo a área do 34º BIMec, a mata do Festugato e a mata da Itaipu na Vila A, onde está localizada a Trilha do Vietnã.
Francisco Amarilla, uma personalidade de Foz do Iguaçu, explorador e contador de histórias, afirma que acredita no potencial ambiental da cidade. “A nossa Mata Atlântica é um verdadeiro laboratório natural, onde podemos encontrar muitas espécies de borboletas, flores e insetos. Foz do Iguaçu também é rico em área de água, muitas nascentes e muitos rios, e esse ter muito, gera uma obrigação à população e ao município de cuidar. Se temos e é bom, é preciso cuidar hoje para termos amanhã.”
Entretanto, a situação atual da cidade revela alguns desafios. Entre eles, destaca-se o problema do lixo, com rios em condições precárias e áreas urbanas em estado de sujeira.
“É inexplicável a situação dos rios Boicy e Monjolo! No fim do rio Monjolo tem uma cachoeira, localizado bem no centro da cidade, mas poucos conhecem pelo difícil acesso, ela está totalmente poluída, sem segurança ou estrutura. Assim como a cachoeira do saltinho do Carimã, que caiu no gosto do povo, e que ao final daquele banho gostoso acaba deixando o local sujo e cheio de lixo! Seu acesso não é tão difícil, mas também carece de estrutura para o uso público” explica Dantas.

A limpeza urbana é outra questão para levar em conta, em 2021, a taxa de coleta de lixo foi reajustada por votação na Câmara Municipal, uma decisão que seria justificada com a melhoria do serviço, o que não foi o caso.
“Não surte efeito e parece não contribuir para a melhora da limpeza urbana. Façamos uma análise apenas da região central, onde moro, e onde estão localizados muitos hotéis que recebem os turistas pelos quais tanto prezamos. Apesar de a coleta ocorrer todos os dias, ao entardecer, amontoados de lixo de diversas naturezas surgem a cada esquina sem acondicionamento adequado. As sacolas expostas geralmente rasgam e após a coleta, ainda resta lixo espalhado pelas principais ruas, até mesmo a Avenida Brasil. Fica claro que o manuseio do lixo é descuidado e o sistema de coleta está tecnologicamente defasado. Esse serviço faz parte do conjunto do saneamento básico, com o abastecimento de água potável e o tratamento de esgoto” destaca Dantas Duarte.
Duarte sugere a educação ambiental como uma possível solução, por meio da qual é possível promover ações que integrem boas práticas de conservação na rotina dos cidadãos.

Entramos em contato com a Secretaria do Meio Ambiente de Foz do Iguaçu que compartilhou algumas ações realizadas em resposta a esses desafios, como limpezas preventivas, campanhas de educação ambiental e plantio de árvores. No entanto, Duarte enfatiza a necessidade de maior divulgação dessas iniciativas e de uma presença mais ativa do órgão público no cotidiano.
Dentre as ações pontuadas pela Secretaria estão:
• Limpezas preventivas, em parceria com demais secretarias, sob a coordenação da Defesa Civil
• Realização da campanha integrada de educação ambiental: Um Rio Passa Aqui – 72 intervenções artísticas em bocas de lobo com o objetivo de envolver e sensibilizar o público escolar e comunidade da importância dos cuidados com os cursos d’água e destinação correta dos resíduos
• Promoção de educação ambiental com o público envolvido no plantio de árvores para recomposição de mata ciliares, que têm influência direta na preservação dos rios
• Realização de oficinas de educação ambiental com famílias realocadas de áreas de preservação permanente – APP (Córrego Brasília) para novas moradias