Milton Zanelatto é o presidente na atual gestão do CAU Paraná, ele esteve da redação da 100fronteiras junto com a vice-presidente Thais Marzurkiewicz para contar um pouco sobre como está sendo essa nova fase e quais são as expectativas para a gestão.

A nova gestão teve início no começo do ano, é um cargo assumido recentemente – e em época pandêmica. Mas Milton já adianta:

“Queremos construir um conselho mais próximo da sociedade.”

diz milton Zanelatto.
Milton Carlos Zanelatto presidente do CAU/PR
Milton Zanelatto presidente do CAU/PR.

O Conselho de Arquitetura é novo quando comparado a conselhos de outras áreas. O CAU tem 10 anos de “vida” e, durante esse tempo, cada gestão aprendeu e o moldou de maneira correta e justa.

A partir da análise desses anos, a nova gestão chega no CAU/PR, se colocaram dispostos a aprimorar o conselho e o primeiro desafio de Milton e Thais começa.

“Nós percebemos a necessidade de estar mais presente nas demais cidades do Paraná, o CAU estava muito centrado em Curitiba.”

Comenta o presidente do CAU.

Então, a primeira iniciativa é aproximar o Conselho das cidades, entender e reconhecer suas demandas particulares. O CAU tem sede em 5 regionais – Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Pato Branco e Guarapuava.

CAU/PR em Foz do Iguaçu?

Existem projetos para uma possível sede em Foz do Iguaçu, mas com o início da pandemia, várias iniciativas tiveram de esperar.

“Nós sabemos da importância de Foz do Iguaçu pela sua diversidade e sua Tríplice Fronteira. Nós sabemos que o arquiteto que trabalha aqui ele é influenciado pelos dois países vizinhos e o mesmo tempo nós influenciamos os dois países vizinhos”.

Explica MIlton.

Ele frisa que Foz do Iguaçu merece um carinho particular e menciona a vice-presidente Thais, que mora em Foz do Iguaçu e pode acompanhar a demanda regional, que não acontece da mesma maneira em outras cidades.

Outra iniciativa da gestão é a criação da Comissão Temporária do Interior, que tem como objetivo unir as demandas de todos os municípios em relação ao poder público, como as dificuldades nas obras e mercados e, assim, o Conselho poderá atender e apoiar.

O CAU/PR auxilia os arquitetos através de fóruns, palestras e também trabalha em parceria com as universidades, e fórum de coordenadores.

Thais comenta um pouco sobre a importância da inclusão das universidades no Conselho.

“O profissional termina a faculdade com o conhecimento básico, mas o código de ética é pouco difundido, questão de atribuição profissional, o que é a atribuição do arquiteto e o que não é…. Então o trabalho com as universidades tem o objetivo de preparar o profissional para ele saber que não vai simplesmente entrar no mercado, ele tem um Conselho a quem ele pode recorrer e o CAU vêm para defender o profissional e a sociedade do exercício ilegal da profissão.”.

Explica a vice-presidente.
Thais Marzurkiewicz vice-presidente CAU/PR
Thais Marzurkiewicz vice-presidente CAU/PR.

A função primordial do conselho é a fiscalização profissional, como uma “polícia técnica” que está atuando para defender a sociedade. Proteger a sociedade dos “más profissionais” da área.

A vice-presidente comenta que existe muitos casos de estudantes que fazem perfis de trabalho na internet, mas ela explica que é algo ilegal.

“Enquanto não é formado e registrado no Conselho isso é exercício ilegal da profissão, e isso também cabe ao Conselho fiscalizar. Os profissionais que estudaram por todo um período e fizeram especialização, ele tem um custo diferenciado. Mas existem situações que alunos com 10% do conhecimento necessário para exercer a profissão se intitulam como arquiteto e leiloam projetos na Internet, então também temos atuado nesse serviço.”

Explica.

Sobre o CAU/PR

Existe um grupo com 20 conselheiros estaduais que fazem um debate coletivo de todas as transações do conselho. Milton e Thais são os representantes desse conselho. Existem outros CAUS Estaduais também, como no Rio Grande, Santa Catarina e vários outros.

Cada estado tem um conselheiro federal e, além disso, existe também o CAU-BR que seria o órgão a nível nacional e que comanda as questões de políticas públicas no país.

“O legado que quero deixar na minha gestão é eficiência, trabalho, diálogo com a sociedade, participação da academia, abertura com o poder público. O legado é uma consequência, é preciso trabalhar, ser reconhecido, e se perguntar, o que eu quero?”

Finaliza Milton Zanelatto.

A gestão também está alinhada com a equidade racial, gênero, econômica e social, pois ainda podem ter uma visão da arquitetura como algo elitizado, mas muitos arquitetos são de origem humilde e que, muitas vezes, não tiveram a mesma oportunidade de outros profissionais.

Atualmente, segundo o Sistema de Inteligência Geográfica do CAU (IGEO), 7.505 arquitetos e urbanistas registrados no CAU/PR são do interior, o que equivale a 59% dos profissionais paranaenses. Só em 2020, 58.794 Registros de Responsabilidade Técnica foram anotados por arquitetos e urbanistas de fora da capital e da região metropolitana, número que corresponde a 77,61% dos RRT’s do estado.