No mês de setembro se realiza a campanha Setembro Amarelo, que é um mês que se volta exclusivamente para campanha que previne o suicídio. Infelizmente ainda é difícil identificar os sinais e oferecer ajuda a tempo, justamente pelo fato do tema ser rodeado de preconceitos e falta de informação para maioria da sociedade.
Por isso conversamos com o psicólogo Bruno Bizzotto que esclareceu algumas dúvidas relevantes sobre esse tema importantíssimo que deve ser sempre falado, discutido e informado.
*contém gatilho
100fronteiras – O Setembro amarelo, é uma campanha com qual objetivo?
Bruno Bizzotto: O principal objetivo da campanha Setembro Amarelo é conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção do suicídio, utilizando, para isso, o diálogo e a reflexão.
100f. – Quando foi criado essa campanha?
Bizzotto: O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio que se iniciou em 2015, com a união das organizações Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Este mês foi escolhido, pois, o dia 10 de setembro representa, desde 2003, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
100f. – Porque a cor amarela?
Bizzotto: Em 1994, um jovem americano de 17 anos chamado Mike Emme, tirou sua própria vida em seu Mustang 68. O Mustang da cor amarela foi pintado por ele mesmo. Em seu funeral, amigos e familiares distribuíram cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que pudessem estar passando pela mesma situação. Esse movimento se espalhou e ganhou muita repercussão sobre o tema.
100f. – Qual a taxa de suicídio no Brasil?
Bizzotto: De acordo com a campanha Setembro Amarelo, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
100f. – Caso saiba de alguém que está passando por depressão, como posso agir?
Bizzotto: Por conta do humor deprimido e da desmotivação, lidar com pessoas depressivas exige paciência. É importante escutar e respeitar a história e o momento da pessoa, oferecer apoio emocional e orientá-la a buscar ajuda profissional. Uma possibilidade de ajuda on-line é o CVV – Centro de Valorização da Vida, que realiza, gratuita e diariamente, atendimentos para pessoas que estejam necessitando de apoio emocional. As informações sobre os atendimentos são sigilosas e podem ser feitas pelo número 188, ou pelo site oficial.
100f. – Todas as pessoas que têm depressão podem vir a ter pensamento suicidas?
Bizzotto: Não necessariamente, pois isso depende do estágio da depressão em que a pessoa se encontra. É provável que em um grau mais severo de depressão, esses pensamentos sejam mais recorrentes, em consequência da condição emocional predominante, envolvendo tristeza, desesperança, desilusão etc.
100f. – Qual a importância de ajuda profissional psicológica?
Bizzotto: A psicoterapia possibilitará que a pessoa identifique a origem de suas perturbações, assim como provocará uma nova maneira de enxergar a si própria, as pessoas e as situações, fazendo-a encontrar novos sentidos em sua vida. Em casos mais agravantes, deve-se unir a atuação de psicólogo e psiquiatra. A psicologia trabalhará a nível psicológico, enquanto o medicamento a nível neuroquímico.
100f. – Quando devo procurar ajuda?
Bizzotto: Deve-se procurar ajuda quando os efeitos da depressão começarem a causar prejuízos na vida da pessoa de alguma forma, seja no trabalho, nas relações, na saúde física etc. Quanto mais cedo se buscar ajuda, melhor.
100f. – É importante a família conversar sobre esse assunto em casa?
Bizzotto: Sim, pois a pessoa pode não verbalizar o sofrimento. O diálogo e o esclarecimento dão abertura para a comunicação, facilitando a expressividade entre os membros da família, caso surja algum incômodo. O apoio familiar é um alicerce fundamental no tratamento da depressão.
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