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Historiadores da UNILA destacam a recente descoberta da “Pedra Escrita do Iguaçu”, um achado arqueológico que estabelece uma conexão intrigante entre a Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) e a Guerra da Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai contra o Paraguai).
O historiador Pedro Louvain relata que, após relatos de populares e pescadores sobre uma pedra com inscrições históricas na região, uma equipe foi enviada ao local, confirmando ser um afloramento de rocha basáltica na vegetação nativa, poucos quilômetros da fronteira visual do Parque Nacional do Iguaçu.
Segundo publicou o site da UNILA, embora a datação absoluta do achado seja desafiadora devido à natureza do material lítico com inscrições não orgânicas, Louvain explica que é possível realizar uma datação relativa por meio do levantamento de documentação histórica. “Teve um Vapor Greenhalgh que lutou na Guerra do Paraguai e passou por aquela região nessa época”, relata ele, indicando que a prática de deixar inscrições em rochas era comum quando as embarcações desembarcavam tropas.
O historiador e professor Micael Alvino da Silva, que apresentou um parecer histórico sobre a Pedra Escrita do Iguaçu, destaca que canhoneiras como a Greenhalgh eram pequenos barcos equipados com canhões, pertencendo à Armada Imperial do Brasil (atual Marinha do Brasil). Seu parecer conclui a autenticidade da inscrição na pedra, ressaltando que a Guerra do Paraguai, em setembro de 1869, já dava sinais de esgotamento, permitindo a visita da canhoneira à Tríplice Fronteira.
A Marinha confirma a existência da canhoneira Greenhalgh no período da guerra, destacando suas atividades no Rio da Prata entre 1866 e 1869, mas a missão específica que a levou ao Rio Iguaçu e ao registro na Pedra Escrita ainda é desconhecida.
Embora celebrando o achado arqueológico, os pesquisadores concordam que a remoção da pedra para conservação e futura exibição ao público pode ser uma ação crucial para a preservação desse patrimônio histórico nacional e internacional da América do Sul.
Micael Alvino da Silva destaca que, para o Paraguai, a Guerra da Tríplice Aliança é uma parte central da memória histórica, sendo uma temática presente e conhecida por todos os cidadãos paraguaios. O conflito, conhecido como a Grande Guerra, deixou marcas profundas na sociedade paraguaia, sublinhando a importância de abordagens diferenciadas na compreensão desse evento histórico.