Uma das obras de infraestrutura mais promissoras e esperadas na fronteira brasileira, a Perimetral Leste, um contorno viário que promete desviar o tráfego pesado da Ponte da Amizade e do centro de Foz do Iguaçu, está longe de se concretizar em sua totalidade.
Iniciada em 2021, a obra tem como objetivo facilitar a passagem de caminhões que vêm da Argentina, uma vez que a rota atual passa pelo centro urbano da cidade.
Contudo, o progresso da obra vem ocorrendo de forma extremamente lenta, levantando questionamentos e preocupações. Em dois anos, apenas 20% do projeto foi concluído, de acordo com o Departamento de Estradas (DER).
Alguns até especulam que as obras estejam paralisadas, dada a lentidão do progresso. Essa percepção é reforçada pela nova ponte, quase pronta, que ainda não tem uma estrada de acesso do lado brasileiro, tornando a Perimetral Leste um canteiro de obras em andamento na fronteira.
Previsto para conectar a nova ponte à BR-277 através de uma rodovia de 15 km, o projeto também inclui duas novas aduanas com Paraguai e Argentina. Originalmente, a previsão era concluir a obra até o final de 2022.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) acompanha o andamento da obra e alega que mudanças no projeto causaram os atrasos. Segundo Geraldo Caci, gerente regional do CREA-PR, o consórcio vencedor da licitação tem a responsabilidade de elaborar os projetos executivos da obra, aprovação destes, além do licenciamento ambiental e a execução da obra.
Os dados recentes, no entanto, pintam um quadro preocupante. Em março de 2022, um balanço da obra revelou que apenas 6% do projeto havia sido executado em um ano. No fim de 2022, o progresso estava em 17%. Nesse momento, o consórcio responsável divulgou uma nova data para a conclusão do projeto: maio de 2025.
Apesar da lenta execução do projeto, espera-se que o trecho entre a nova ponte e a aduana atual da Argentina seja liberado para tráfego de caminhões vazios em abril de 2023.
O DER atribui os atrasos às chuvas intensas e ao processo de desapropriação diária ao longo da rota da rodovia. Durante a última semana, as máquinas estavam paradas e apenas seis trabalhadores estavam envolvidos na tarefa de conectar a rodovia à primeira trincheira após a ponte.
Por outro lado, perto da aduana na Argentina, cinco máquinas trabalhavam no preparo do terreno. No entroncamento com a Avenida das Cataratas, mais duas máquinas estavam em operação, trabalhando na área que receberá um viaduto. No cruzamento com a BR277, funcionários estão construindo as bases para outro viaduto.
Apesar do progresso em algumas áreas, em outras, a falta de trabalhadores é evidente. Em grande parte do trajeto, a rodovia já ganhou forma, mas há trechos em que as máquinas estão apenas começando, e outros que permanecem cobertos pela vegetação, mesmo após dois anos de trabalho. Segundo o DER, até maio de 2023, apenas 20% do projeto foi executado.
Restando mais de dois anos até a data de conclusão proposta em maio de 2025, resta a pergunta: será possível concluir os 80% restantes do projeto nesse prazo?