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A Petrobras recentemente anunciou uma mudança na forma como os combustíveis são precificados, encerrando a política de Paridade de Preço de Importação (PPI). Essa alteração veio acompanhada de um anúncio de desconto no preço da gasolina tipo A, que seria repassado às distribuidoras e, consequentemente, aos postos de combustível. No entanto, os consumidores não estão sentindo esse alívio na hora de abastecer seus veículos.
Ainda assim, os preços da gasolina na região central de Foz do Iguaçu, continuam variando significativamente, sem refletir o desconto anunciado pela Petrobras. Embora a estatal tenha divulgado uma redução de R$ 0,40 por litro, os valores observados nos postos de combustível da região não chegam a alcançar essa queda.
Durante uma pesquisa realizada, constatou-se que o preço mais baixo encontrado para a gasolina foi de R$ 5,07, enquanto o valor mais alto chegou a R$ 5,52 por litro. Esses números estão longe de alcançar o desconto anunciado, que deveria levar o preço da gasolina de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro.
Estado
Preço médio antes da redução (entre 07/05 e 13/05)
Preço médio atual (entre 14/05 e 20/05)
Diferença de preço
Paraná
R$ 5,64
R$ 5,54
– R$ 0,10
Dados: Autoesporte
Essa situação levanta questionamentos sobre os motivos pelos quais os descontos anunciados não estão sendo repassados integralmente aos consumidores. O caso de Foz do Iguaçu não é isolado, pois relatos semelhantes têm sido observados em outras regiões do país. A maioria dos postos de combustível no Brasil reduziu menos de R$ 0,05 no preço do litro da gasolina. Diante disso, surge a pergunta: por que isso está acontecendo?
Segundo Rodrigo Zingales, presidente da Abrilivre, associação que representa os revendedores de combustíveis independentes, existem dois motivos principais que explicam a falta de repasse do desconto aos postos de combustível. O primeiro motivo está relacionado à composição dos combustíveis.
O desconto anunciado pela Petrobras é aplicado na gasolina tipo A, que é o produto “puro”, sem a adição de etanol anidro. No entanto, a gasolina vendida nos postos de combustível contém 27% de etanol anidro em sua composição. Isso significa que o desconto de R$ 0,40 na gasolina tipo A é diluído no produto final, que é misturado com etanol. Em outras palavras, o valor do desconto é reduzido proporcionalmente devido à adição do etanol anidro.
Na teoria, para calcular corretamente o desconto, é necessário multiplicar os R$ 0,40 por 0,73, que representa a quantidade de gasolina tipo A na formulação da gasolina tipo C. O resultado desse cálculo é de R$ 0,29, exatamente o impacto real no bolso dos motoristas informado pela Petrobras.
O segundo motivo apontado pelas associações de revendedores é a falta de transparência no preço estabelecido pelas distribuidoras. Segundo Zingales e José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro, as distribuidoras não estão repassando integralmente o desconto aos postos de combustível.
Alguns postos recebem pouca margem de desconto, enquanto outros conseguem uma redução maior no preço. Essa falta de transparência e a disparidade nos descontos têm sido motivo de reclamação por parte dos revendedores.
Além disso, as associações alegam que o anúncio de uma redução de preço tão significativa sem uma coordenação efetiva entre os agentes do setor pode resultar em dificuldades na efetivação do desconto. A comunicação entre as distribuidoras, os postos e os lojistas precisa ser aprimorada para que o desconto chegue integralmente ao consumidor final.
