O estado do Paraná recentemente conquistou o primeiro lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento da Tecnologia da Informação (DTI Brasil). Mas, após as comemorações e aplausos, surge a pergunta inevitável: o que essa posição de destino turístico inteligente realmente significa para o nosso estado?

Compreender isso envolve ir além da simples análise de dados, é necessário decifrar como o progresso tecnológico pode beneficiar os paranaenses, desde o empresário de uma grande corporação até o agricultor que necessita de tecnologias para otimizar sua produção. Ou seja, o questionamento não se restringe apenas à conquista do título, mas sim à real transformação que o avanço da tecnologia pode acarretar na vida de todos.

Portanto, ao celebrarmos o sucesso do Paraná no DTI Brasil, também devemos buscar compreender o significado mais profundo desta conquista. Para ajudar nossos leitores a entender melhor, separamos as perguntas mais frequentes para responder.

Afinal, o que é um destino turístico inteligente?

É um destino turístico que gerencia seus processos e seu território, de forma inovadora e sustentável, comprometido com pilares que impactam positivamente a qualidade de vida dos moradores e a experiência dos turistas.

Como surgiu?

O conceito de Destinos Turísticos Inteligentes foi introduzido pela SEGITTUR (Sociedade Mercantil Estatal para a Gestão da Inovação e das Tecnologias Turísticas, S.A.M.P.), em 2012. O objetivo dessa estratégia é catalisar a transformação digital no setor de turismo, aprimorar a experiência dos turistas e aumentar a competitividade dos destinos turísticos.

A transformação de destinos em Destinos Turísticos Inteligentes (DTI) gera um benefício substancial para a qualidade de vida de seus residentes.

Isso ocorre porque promove o desenvolvimento sustentável do turismo e garante a satisfação dos visitantes, além de proporcionar benefícios diretos para aqueles que vivem nesses locais.

Alguns exemplos de melhorias potenciais proporcionadas pela transformação em DTIs incluem: promover a acessibilidade nos pontos turísticos, facilitar o acesso à internet gratuita nos locais visitados e melhorar a gestão do turismo, entre outros benefícios.

Quais as vantagens de ser um Destino Turístico Inteligente?

Ser um Destino Turístico Inteligente (DTI) oferece uma variedade de vantagens significativas que impulsionam a competitividade e a sustentabilidade do destino.

Em primeiro lugar, ser um DTI permite o melhor uso dos recursos turísticos disponíveis. Com o uso da tecnologia e das análises de dados, os DTIs podem identificar com precisão as áreas de interesse, permitindo a criação de novos produtos turísticos que atraem diferentes segmentos de visitantes. Isso aumenta a competitividade do destino, uma vez que utiliza os seus recursos de forma mais eficaz e inovadora.

Em segundo lugar, um DTI também melhora a eficiência dos processos de produção e comercialização de produtos turísticos. Isso se traduz em operações mais suaves, redução de custos, melhoria na qualidade dos serviços oferecidos e, finalmente, a satisfação do turista.

Terceiro, um DTI promove o desenvolvimento sustentável do destino em todos os seus três aspectos: ambiental, econômico e sociocultural. Eles empregam práticas sustentáveis que protegem o meio ambiente, ao mesmo tempo em que impulsionam o crescimento econômico local e preservam a cultura e as tradições locais. Isso não apenas beneficia os turistas que desejam uma experiência autêntica, mas também os residentes que veem seu modo de vida e patrimônio cultural valorizados e protegidos.

Em quarto lugar, ser um DTI melhora a qualidade da estada dos visitantes e a vida dos residentes. Os visitantes têm uma experiência de viagem aprimorada, enquanto os residentes veem melhorias em suas infraestruturas locais, serviços e qualidade de vida.

Por fim, a estratégia de um DTI serve como base para a dinamização econômica do território, garantindo efeitos positivos a longo prazo. Ela incentiva o crescimento econômico, cria empregos e oportunidades de negócios, e ajuda a garantir que o turismo beneficie a economia local por muitos anos. Em suma, ser um Destino Turístico Inteligente oferece uma abordagem mais inovadora, eficiente e sustentável para o desenvolvimento do turismo.

O que é necessário para se tornar um DTI?

Ser um Destino Turístico Inteligente (DTI) envolve a implementação de uma metodologia específica que se baseia em diferentes eixos ou pilares. Esses eixos representam áreas de avaliação, atuação e requisitos a serem cumpridos. A Sociedade Espanhola SEGITTUR, criadora original do conceito e da metodologia, classificou oito eixos centrais, que detalharemos a seguir:

Governança: O governo local deve ser capaz de gerar confiança, administrar os bens públicos com legitimidade e governar com a participação efetiva de atores estratégicos. Isso significa que a implementação de um DTI deve ser uma ação coletiva, onde todos os stakeholders possuam voz e contribuam para a sua criação e manutenção.

Inovação: A adoção de novos serviços, processos, métodos de comercialização ou de organização é crucial para melhorar os benefícios e a competitividade do destino. Os DTIs são dinâmicos e se adaptam às mudanças do mercado, sendo pioneiros em tecnologias e práticas inovadoras.

Tecnologia: A utilização da tecnologia, de forma transversal, permite a capacitação e análise de informações em tempo real. Ela contribui para a sustentabilidade, melhora a acessibilidade e otimiza a gestão do turismo.

Sustentabilidade: A proteção da atividade econômica do turismo, o respeito ambiental, a preservação e valorização do aspecto sociocultural, e a garantia na qualidade de vida das gerações atuais e futuras são aspectos fundamentais de um DTI.

Segurança: Envolve a identificação e promoção de medidas de controle e mitigação de riscos, além de disponibilização de informações aos turistas acerca das medidas de segurança preventivas e de autocuidado para uma visita segura.

Promoção e Marketing: A estratégia de um DTI deve se concentrar em melhorar o relacionamento entre o destino e o turista, oferecendo experiências de valor e promovendo o destino de forma eficaz para o seu público.

Mobilidade e Transporte: Um DTI deve trabalhar na melhoria da mobilidade e da conectividade aérea e de estradas para o destino, identificando a disponibilidade de infraestrutura e de meios de transporte existentes.

Criatividade: O compromisso com a incorporação da criatividade no desenvolvimento de políticas públicas é fundamental para fortalecer os ecossistemas criativos e promover o desenvolvimento da cultura e do turismo por meio da economia criativa.

No entanto, é importante ressaltar que cada país possui suas especificidades e, quando a metodologia é aplicada por diferentes instituições, estes pilares podem não representar sua totalidade. Portanto, ao se implementar um DTI no Brasil, é essencial que se levem em conta as particularidades do país, integrando-as aos eixos metodológicos da estrutura original espanhola.